A Escolas de Samba lança sua sinopse

Mais uma agremiação lançou seu enredo para o Carnaval Virtual 2017. A irreverente agremiação verde e branca trará para a avenida o enredo “Bem-Vindos à Estrada Real” de autoria de Charlton Júnior e Alexandre Caitano. Confira a arte do enredo e sinopse abaixo:

15750290_1489878607708115_188891055_n

ENREDO:

Bem-vindos à Estrada Real!

Os diamantes, sempre foram sinônimos de riqueza, poder, sonho e paixão para homens e mulheres de todas as épocas. Na busca dessas raras peças, foi escrito um capítulo da nossa história, na procura por este fabuloso tesouro – abarcado nas montanhas e nos rios – surge, durante a febre do garimpo, a bela Minas Gerais.

Bem-vindos à Estrada Real!

A Coroa Portuguesa, querendo garantir que o ouro e as pedras extraídas do interior do Brasil não fossem roubados ou desviados, viu na Estrada Real um caminho seguro. Aberta no Século XVII por escravos, bandeirantes e tropeiros, seguindo o trajeto de antigas trilhas indígenas, eram por lá que as pedras preciosas e outras mercadorias saíam das Minas Gerais e chegavam ao litoral do Rio de Janeiro, de lá, embarcavam em caravelas, que conduziam a riqueza brasileira em direção a Portugal.

No século XVIII, atinou-se a necessidade de um caminho mais seguro e rápido até o porto, tal necessidade fez com que a Coroa ordenasse a construção de uma nova rota, esta ficou conhecida como “caminho novo”, para a antiga estrada restou o nome de “caminho velho”. Feito por Garcia Rodrigues Paes, filho do famoso bandeirante Fernão Dias Paes, o caminho novo levou sete anos para ser terminado. Vinte anos depois, Bernardo Soares de Proença termina uma trilha paralela ao, agora conhecido, “Caminho do Ouro”, pois era por aquela estrada que o metal era escoado para Portugal.

Por longos anos o garimpo destruiu as matas, secou os rios, e as mineradoras sequer se importaram com a imposição de leis que futuramente vieram a proibir a exploração para benefícios e interesses próprios. Engana-se, porém, quem acredita que a marca da Estrada Real foi somente devastação, pelo contrário, as cidades em torno da Estrada Real guardam características encantadoras, seja em sua gastronomia como, os vinhos de jabuticaba da Serra da Caraça, o tradicional queijo da Região do Serro, ou em sua arquitetura, com a singular e barroca Ouro Preto e a cidade de Congonhas – declarada Patrimônio Cultural da Humanidade, pela UNESCO – que guarda um dos maiores acervos artísticos do Brasil, as obras do Mestre Aleijadinho.

A Estrada Real é rica em história, mas há longos trechos de terra desérticos, facilitando a ação de bandidos, sendo estes o maior temor dos comerciantes. Muitos deles já deixavam os seus testamentos prontos antes de cada viagem. Cruzar a rota do ouro e do diamante era uma verdadeira aventura: homicídios, roubos e contrabandos eram frequentes. O palco da violência não se limitava às estradas, também alcançava os sertões, as serras e, em menor escala, as vilas. Uma maneira utilizada pelos senhores para se protegerem era ter a homens negros como escolta, armados e acompanhados por cães. A maior parte dos ataques ocorriam na calada da noite. Fosse mulher, criança ou idoso… Ninguém era poupado! Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes) assumiu o patrulhamento da Serra da Mantiqueira, e a partir dos seus estudos foi possível criar estratégias para colocar rondas e patrulhas em locais eficientes, e assim tentar controlar a ação das quadrilhas. Na época, as principais corjas eram: Mantiqueira, Mão de Luva, Vira Saia e Sete Orelhas.

Passa o tempo, e ainda no século XVIII averba-se uma forte descida da produtividade de minérios no distrito mineiro, desse modo, acentua-se uma forte política fiscal. Ouve-se o grito da independência! Com isto, ainda nas primícias do século XIX, estes históricos caminhos são libertos e assim, passam a integrar-se com os bens propiciados pelo café, como importantes alicerces ao processo de urbanização da região sudeste do país.
Com o objetivo de estimular o turismo, preservar o entorno das antigas Estradas Reais, além de despertar a população ao potencial histórico daquelas vias, em 2001 cria-se o projeto Estrada Real.

A Sociedade Virtual Escolas de Samba, convida-lhe a, conosco, viajar por estas estradas. Juntos admiraremos os diamantes das Minas Gerais, saudarmos a Coroa Portuguesa, enfrentaremos os desafios impostos pela ação dos bandidos, ouvirmos o grito da independência e celebraremos a preservação deste nosso rico manancial histórico. Bem-vindos à Estrada Real!

Texto principal: Charlton Júnior
Adaptação: Alexandre Caitano

Comentários do Facebook

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: