Com o enredo ”Eparrey!”, GRESV Mocidade Independente fará em 2022 sua estreia no Carnaval Virtual da LIESV

Estreando no Carnaval Virtual, a GRESVirtual Mocidade Independente trará uma homenagem a orixá Iansã/Oyá, com o enredo: “Eparrey!”. Presidida por Giovani Leal que também assinará o desfile como carnavalesco, a verde e branco do Rio de Janeiro conta também com André Dubóois de vice-presidente e enredista, Pablo Mendonça de diretor artístico, Marcelo Costa de presidente de honra e Tinguinha de intérprete.

Confira a entrevista cedida pelo presidente, Giovani Leal:

1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?

Conhecemos a Liesv a muitos anos, o nosso primeiro contato com carnaval virtual vou vendo os desfiles da liga a muitos anos atrás.

2- Qual a história da sua escola, como foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolos nome?

Nossa escola tem 5 anos, fundada no Rio por amigos daqui da cidade e tb de outros lugares. O nome, as cores e símbolos é obviamente em homenagem a nossa amada Mocidade Independente de Padre Miguel.

3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?

Nosso enredo será uma homenagem a orixá Iansã/Oyá , com o enredo: Eparrey!

4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?

Nossa escola faz parte de amigos e familiares q ajudam a manter o próximo firme em meio às dificuldades q surgem. Vamos citar alguns nomes q fazem parte da administração da escola: Giovani Leal ( Presidente e Carnavalesco ) , André Dubóois ( Vice Presidente e Enredista ) , Pablo Mendonça ( Diretor Artístico ), Marcelo Costa ( Presidente de Honra ).

5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc

Historicamente amamos fazer concurso e aproveitar o máximo possível as possibilidades q o concurso trás, porém neste ano por questão de logística decidimos encomendar o samba e se tudo der certo voltar com o concurso nos próximos anos.

6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2022, tanto de vocês quanto das coirmãs?

Primeiro de tudo buscamos ajudar e agregar ao projeto da Liesv nesse nosso primeiro ano na liga. Buscamos fazer um trabalho digno pra passar na passarela virtual e principalmente a altura da nossa grande orixá homenageada. Que seja uma grande festa é um grande espetáculo de todas as escolas com todas contribuindo para uma grande festa e celebração a arte e ao carnaval.

Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Mocidade Independente para o Carnaval Virtual 2022:

“Eparrey!”

Não caçoe do vento, se você não sabe lidar com a tempestade! Sou uma guerreira. Sou a divindade dos ventos e tempestades, sou quem cuida das almas dos mortos. Sou impulsiva e cheia de paixões, entre o trabalho doméstico e a guerra, eu prefiro à segunda. Meu grande amor é Xangô. Nenhuma força da natureza é capaz de me controlar, de me sequestrar, pois sou voluntariosa. No Brasil me chamam de Iansã. Quem me deu esse nome foi Xangô.“Iansã”, significa “Senhora do Entardecer”. O céu rosado do crepúsculo é o meu momento preferido. Me manifesto entre o fim do dia e o início da noite. Sou dia e noite, vida e morte. Sou a dona dos raios e aprendi a manusear o fogo com o grande amor da minha vida, Xangô. Eu sou o raio, Ele o trovão! Em África sou chamada de Oya, ou Oiá. Meu nome católico é Bárbara e meu aniversário é celebrado todo dia 04 de dezembro. Meu signo, sagitário!
Antes de viver com o amor de minha vida, Xangô, vivi com Ogum. Não tivemos um relacionamento muito amistoso, pois como diz o dito popular , “dois bicudos não se beijam”. Vocês devem estar curiosos em como Ogum me encontrou, né? Ogum estava passeando na floresta. Eu, como guerreira, tenho como uma das minhas peles, a feição de um búfalo.Na verdade Ogum me encontrou assim. Eu estava transmutada de búfalo. Ele ia me matar, até que, sem percebê-lo, tirei minha pele ,a escondi num formigueiro e fui rumo ao mercado. Ogum roubou meu traje. Ele me encontrou no mercado e me fez uma proposta de casamento, mas eu o recusei de primeira. Quando voltei à floresta não achei meus trajes de búfalo e fiquei muito triste com o roubo.Ogum insistiu em flertes e galanteios a mim. Como não possuía mais minha força de búfalo, acabei aceitando me casar com ele. Tivemos 9 filhos e isso causou ódio nas suas primeiras mulheres. Elas descobriam que Ogum escondia minha pele de animal e caçoavam de mim, lembrando-me de minha natureza animalesca- “Máa jê,máa mu, àwò re nbe,ninú àkà”(“você pode se parecer com uma mulher, mas na verdade é um animal hotrrendo”). Encontrei minha pele, me vesti de búfalo e matei as esposas ciumentas de meu primeiro marido. Deixei meus chifres com meus filhos, dizendo-lhes: “Em caso de necessidade, batam um contra o outro, e eu virei imediatamente em vosso socorro”.
Eu não resisti à elegância, ao garbo e ao brilho do deus do trovão. Eu e Xangô temos essências parecidas e ele me ensinou a dominar os raios, em meio as minhas tempestades. Fugi com Xangô, o que causou a ira de Ogum. Meu primeiro esposo, deus do ferro e dos ferreiros, me achou e entramos em guerra. Trocamos golpes de varas mágicas que me dividiram em 9 partes. Cada uma dessas nove partes estão enterradas nos nove braços do delta do rio Níger. Sou a Senhora desse rio e de todos os povoados que banhamos.
Não sou tão vaidosa quanto Oxum, mas gostei da descrição que o historiador José Beniste fez de mim: “Oya era muito linda, alta e tinha um corpo bem proporcionado, além de uma pele que brilhava intensamente no calor do sol”. Zé fala da minha existência humana, sim eu já fui uma humana, como você leitor de corpo e alma! Hoje sou uma orixá! E continuo com pele morena de minhas andanças pelo Brasil, especialmente pela Bahia. Quem melhor me representou por essas sagradas terras, foi o “Amado” Jorge em “O sumiço da santa”. Pasmem, a santa em questão sou eu! Mas de santa não tenho nadica de nada e Jorge, Amado Jorge, sabia bem disso. E a elite da Bahia achou que fui seqüestrada! Como se alguém pudesse raptar o vento! Eu, cansada de ficar num altar em Santo Amaro da Purificação, resolvi perambular 48 horas em São Salvador. Foram dois dias de encontro com o meu povo pobre, preto, alegre, festivo e sofrido. Só eles, minhas filhas e filhos, conseguiam me ver, altiva, convicta e alegre pelas ruas e terreiros da capital da Bahia. Só o vento pode sentir a tempestade.

Minhas filhas e filhos têm minhas características. Eles costumam dizer: “Não mexa comigo porque sou filha(o) de Oyá”. Projeto mesmo, as minhas filhas(os)! Assim como eu são audaciosos, poderosos e, quando necessário, autoritários. Somos leais, mas quando algo fere nossas convicções, podemos manifestar cólera. Raios, trovões e tempestades deixarão claras nossas posições contra a injustiça! Somos sensuais e voluptuosos. É bom lembrar que não se pode apreender o “ar”. Somos livres! Sou dona e autora do meu destino. Homens não são meus donos. Desafie Ogum, só obedeço meu amor Xangô depois de muitas explicações e convencimentos. Mas estou com ele em todas as batalhas, inclusive, assim como Romeu e Julieta, quando Xangô recolheu-se para baixo da terra, fiz o mesmo. Algumas de minhas famosas filhas: Maria Bethânia, baiana arretada, Maria Helena, porta bandeira da Imperatriz Leopoldinense, tempestade da passarela e Elza, Deusa, Soares e a mártir política Marielle Franco.

Sou a cicerone da morte! Nada transita entre o Àyié- a terra- e o Òrun- Plano sobrenatural-, sem o meu conhecimento. Eu batalhei contra o deus da morte, Ìkú. Sou a dona do cemitério. Na minha feição de Yànsan Igbalè, uso branco-cor que me liga a Oxalá e Nanã-, e realizo o culto aos mortos. Eu expulso as almas errantes , através da dança dos Egúngún. Um dos meus atributos,em minha pura essência, é ser o “Espírito do Vento”, neste caminho sou denominada de “O Vento da Morte, A Regente do Vento Invisível dos Egúngun” , sou Oya Ìgbàlè, a divindade que meu Pai Maior Olódúmarè outorgou o direito de controlar os espíritos dança dos Egúngún dos seres humanos quando desencarnados. Tenho que assegurar que nosso espírito, de uma forma ou de outra, não seja prejudicado nesta “transição” tão delicada. Esta transição esta sub-dividida em 9 etapas: leito de morte, velório, caminho do cemitério, porta do cemitério, caminho da sepultura, sepultura, ritos fúnebres, despacho do carrego e o caminho para o além; e caso este espírito tenha que regressar ao mundo dos vivos, para solucionarmos alguma pendência, novamente deverá ser acompanhado por mim, Oya Ìgbàlè.
Eu amo velas e flores amarelas. Há flores em meu nome, Flores de Iansã (como as de São Jorge, mas com bordas amarelas). Gosto de bebidas doces, frutas (em especial melão) e acarajé. Oferendas a mim são entregues em pedreiras e bambuzais. Meu dia da semana é a quarta-feira, dia que divido com o meu amor Xangô.
Sou transformação.Sou metamorfose. Sou a força do búfalo e a delicadeza da borboleta. Sou movimento e ventania o tempo todo. Certa vez Xangô ficou uma semana de muito mau humor.Aquele estado de espírito do meu amor, me irritou bastante. E lá estava ele,como um leão, observador. Eu não poderia me transmutar em búfalo, pois seria muito óbvio para ele. Ele, transmutando-se em leão, me capturaria rapidamente. Fui para a floresta, me ajoelhei e roguei a Olórun, para me sugerisse uma saída. Todas as vezes que estava introspectiva, borboletas acompanhavam meu corpo de bravo búfalo. Olórun me sugeriu que me transformasse em borboleta. Xangô não me perceberia nessa forma. Todas as vezes que o leão estivesse bravo, eu me transmutava em borboleta e ficava a acariciar sua face.
Para mim a morte é transformação. Ela não é o fim e sim o recomeço do vento. Vento é tempo. Tempo é vento. Quando Xangô recolheu-se para baixo da terra, em Kossô, eu fiz o mesmo em Irá. Os orikì dirigidos à mim, na Bahia, resumem minha história de continuidade:
“ Oyá, mulher corajosa que ao acordar, empunhou um sabre.
Oyá, mulher de Xangô.
Oyá, cujo marido é vermelho.
Oyá, que embeleza seus pés com pó vermelho.
Oyá, que morre corajosamente com seu marido.
Oyá, vento da morte.
Oyá, ventania que balança as folhas das árvores por toda parte.
Oyá, a única que pode segurar os chifres de um búfalo. ”

Autor do enredo: André Dubóois

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