A Imperatriz Paulista divulga o seu enredo para o Carnaval Virtual 2017. A tricampeã do Grupo Especial trará pela primeira vez em sua história um enredo de temática afro. Confira abaixo a sinopse e a logo do enredo. O texto é de Luís Butti e André Rodrigues.
IMPERAFRO – UM IMPÉRIO PARA UMA IMPERATRIZ
Justificativa
Apesar da ancestralidade, nós, brasileiros, pouco sabemos sobre a cultura africana.
A partir de estudos arqueológicos, sabe-se hoje que diversos impérios existiram no continente e rivalizaram em poder e influência com os grandes impérios ocidentais. Mas quais são eles? Quais seus pontos de força? O que os diferenciava?
Poucos sabem.
Por isso, a Imperatriz Paulista trará um pouco desta história para o carnaval virtual. A partir da construção de um reino imaginário, resgataremos as grandes características dos impérios africanos, apresentando um passado que pode não estar nos livros escolares, mas está em nosso DNA.
Adotamos as nomenclaturas “Reino” e “Império” como sinônimos – entes políticos centrados no poder monárquico – assim como os termos são utilizados nas fontes de nossa pesquisa.
Os Impérios ou Reinos Africanos que serão abordados no desfile são os seguintes:
IORUBÁS
ZULUS
WAGADUS – IMPÉRIO DO GANA
IMPÉRIO DO BENIN
NOKS
IMPÉRIO DE AXUM
IMPÉRIO DO MALI – MANDINKA
REINO DE PUNT
REINO CUCHE
CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA
IMPÉRIO SONGAI
IMPÉRIO DO CONGO
CARTAGO
Os iorubás serão marcados pela fé; os zulus, pelo espírito guerreiro de Shaka Zulu; a riqueza é a força do Reino dos wagadus; a arte e a cultura dos impérios africanos será representadas pelo Império do Benin, pelos Noks, os rastafarianos (Império de Axum, na Etiópia) e pelo Império do Mali; a força das civilizações do Nilo será representada pelos reinos de Punt, Cuche e do Egito; o comércio pelos Songais e pelo Império do Congo; e Cartago, pela sua grandeza, que rivalizava com Roma.
Sinopse
Que a nossa Imperatriz veja a vastidão de seu grande Reino!
Um lugar de fé… como o Império Ioruba, que tem sua força no culto aos orixás, a fé no deus supremo Olorum e no poder de Orumilá.
Que nosso exército seja de grandes guerreiros, como os Zulus que, comandados por Shaka Zulu, derrotaram os mais ferozes exércitos do mundo. Shaka fazia seus guerreiros dançarem sobre espinhos para endurecerem as solas dos pés, tornando-os mais fortes e resistentes contra a adversidade. Que sejamos bravos em nossa luta como eles!
Que tenhamos a prosperidade dos wagadus, que habitavam a Costa do Ouro, em Gana. Eles tinham tanta riqueza que seus cães vestiam colares de ouro. Parte do império era destinado apenas para os mercadores mulçumanos, que viviam ali para fazer comércio com os wagadus.
Que a cultura banhe nossas terras. O domínio do Bronze do Império de Benin. A arte dos Noks, que habitaram parte da Nigéria e esculpiam figuras de terracota em tamanho real. Que tenhamos a dignidade dos Axums, os rastafarianos, que habitaram o território onde se encontra a atual Etiópia e criaram o Ge’ez, única escrita com fonemas dentre os antigos povos africanos. O Império de Axum, além disso, dominava os conceitos de navegação e o comércio no Mar Vermelho.
Que tenhamos o amor pelo estudo do Império de Mali, comandada pelo “Rei Leão” que teve Timbuktu, sua capital, considerada pela UNESCO a primeira universidade do Mundo.
Que tenhamos a força das civilizações do Nilo. Os Punts, que negociavam árvores com o Egito, como documentado pela expedição da rainha egípcia Hatshepsut, que também recebeu dos Punts uma valiosa mercadoria… anões! O reino de Cuche era semelhante ao Egito e mumificava seus mortos. Tinha veneração por seus arqueiros, que foram eternizados em diversas obras de arte resgatadas pelos arqueólogos. E temos também o Egito, de tão famosa história, com seus deuses, sua arte, seus faraós, as pirâmides e a esfinge!
E como não falar da prosperidade comercial do império Songai e do Reino do Congo? Os songais tinham um exército de mais de 200.000 homens e um território gigantesco, que durante 800 anos, ocupou grande parte da África Ocidental, e teve seu comércio unificado através de uma moeda – o búzio.
Já no Império do Congo, os rios foram importantíssimo para o comércio – o Cuango, a leste; o Ogooué, a norte; e o Kwanza, ao sul. Tinham como ponto alto as transações envolvendo produtos de origem têxtil e o marfim.
Que tenhamos a grandeza de Cartago. A civilização cartaginesa nasceu da mistura entre os fenícios e os povos do norte da África, principalmente os da região da atual Tunísia. Ferozes na guerra, desenvolveram diversas técnicas de enfrentamento, como a construção de muralhas fortificadas e tinham os melhores cavaleiros da África (os númidas, comandados por Aníbal). Foi uma das grandes rivais de Roma, sendo famosas as Guerra Púnicas, inicialmente uma guerra naval, entre cartagineses e romanos pela hegemonia no mar Mediterrâneo.
Grandes são os reinos africanos!
Que nosso reino seja um pouco de tudo que foi grandioso em todos estes impérios, grandeza esta que nenhum inimigo conseguiu destruir.
Que nossa Imperatriz ame seu reino como os homens amam tudo aquilo que espelha sua essência. É a essência africana está na raiz de nossa gente, na raiz do samba, na comunidade unida por uma mesma voz, um mesmo ideal e uma mesma bandeira.. uma bandeira preta e branca!
Autores: Luis Butti e André Rodrigues
GRESV Imperatriz Paulista 2017
Carnaval Virtual LIESV – Grupo Especial