Retornando à LIESV, Lagarto Feroz cantará “Uma História de Ifá” no Carnaval Virtual 2022

Depois de um ano sabático, afastada do Carnaval Virtual, o G.R.E.S.V. Lagarto Feroz, presidida por Erick Silva, retorna à sua casa com o enredo “Uma História de Ifá”. O enredo será sobre a música Elegibô, do grupo Ara Ketu e imortalizada por Margareth Menezes. Com a prata da casa Ewerton Fintelman no microfone oficial, a tricolor carioca trouxe Matías Bentin como carnavalesco para desenvolver os desenhos do desfile de 2022.

Confira a entrevista cedida pelo presidente, Erick Silva:

1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?

R: Conheci a LIESV por acaso em 2012, ao procurar vídeos da Gaviões da Fiel 2008 e apareceu um vídeo de uma escola chamada “Imperatriz Paulista” com um desfile de 2008. Fiquei curioso, vi o vídeo, logo após vi os desfiles da USB, Imperiais do Samba, Cruzeiro do Sul, Princesa da Zona Norte e Rainha Negra do mesmo ano, entrei no site da LIESV e gostei do que vi. Fiquei acompanhando como espectador até criar coragem e produzir minha própria escola, em 2017. Escolhi a LIESV devido a sua longa história e estabilidade, apesar dos diversos problemas e rachas que a afetaram ao longo dos anos, e pelo carinho da massa liesviana, que se mantém unida e forte como uma rocha.

2- Qual a história da sua escola, como foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolos nome?

R: Resolvi entrar no grupo de Facebook da liga em 2017 pra procurar uma equipe pra criar uma escola nova, e fundei no dia 3 de março de 2017, junto com William da Silva, que conheci no mesmo grupo, para finalmente ter um legado pra chamar de meu. O Lagarto Feroz tem esse nome porque não conheço nenhuma escola cujo símbolo é o Lagarto, então resolvi colocá-lo para as pessoas automaticamente associarem o símbolo a escola. As cores eram vermelho e branco, o preto surgiu através do Caio Souza, que fez um belíssimo trabalho no pavilhão da escola.

3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?

R: O enredo será sobre a música Elegibô, do grupo Ara Ketu e imortalizada por Margareth Menezes. O enredo será contado em 5 setores, e o que vocês verão na tela será um cortejo sobre uma história de amizade, vingança e perdão.

4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?

R: O carnavalesco recém contratado é Matías Bentin, no carro som o velho amigo Ewerton Fintelman, na direção de carnaval o meu xará Erick Araújo, e demais integrantes em outras funções: um casal de mestre-sala e porta-bandeira (Wendel Machado e Jessica Ramos), a rainha de bateria Iza Assis e o rei de bateria Henry Bernardo (os dois últimos indicação do Wendel).

5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc

Mantendo a tradição, resisti a tentação da encomenda e teremos concurso para 2022. As regras são simples: O compositor pode enviar quantos sambas quiser, seja em solo ou parceria; os sambas (letra e áudio) podem ser enviados através de dois locais: via e-mail (lagartoferoz2017@gmail.com), ou via Whatsapp (2198053-5580). Não é necessário enviar duas passadas do samba. O concurso se encerrará no dia 29/05, às 23:59.
Sobre a divulgação: os concorrentes serão disponibilizados ao público em ordem de chegada através do nosso Instagram (@lagartoferoz) e no canal do YouTube “Erick Silva” (https://youtube.com/channel/UCig9PLzzRMecgRJ_RZG9TpQ). A final será realizada no dia 05/06, em live no nosso Instagram.
O que eu peço é que os compositores sejam criativos compondo e divirtam-se.

6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2022, tanto de vocês quanto das coirmãs?

R: Uma possibilidade de redenção. Sei que cometi erros, decepcionei pessoas, falhei com aqueles que mais levam a escola pra cima: a nação feroz que sempre esteve ao meu lado. Garanto que a tempestade passou, o Lagarto Feroz está mais forte do que nunca, pois se uma pessoa ainda chora ao ver o pavilhão tricolor passar, significa que o trabalho foi bem-sucedido. Podem acreditar: a Lagarto Feroz tão amada e querida está de volta, e pra ficar. Um salve a todas as coirmãs e que possamos trazer alegria e conhecimento para essa massa tão acolhedora.

Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Lagarto Feroz para o Carnaval Virtual 2022:

“Uma História de Ifá”

KETU era uma terra rica e próspera, onde muitos reis e rainhas eram líderes de cidades-estado. EGIBÔ era uma dessas cidades, guardada por seu líder, o grande Rei, conhecido por todo o continente como ELEGIBÔ. Homem de grande poder, estrategista e conquistador de terras, vivia para guerrear e aumentar seus domínios por todo SAPHÉ, região fronteiriça entre os estados de OYÓ E OSUN.

Egibô, cidade encantada
Elegibô, sua majestade real

O Rei de Egibô conquistou a cidade com sua força e inteligência, apoiado nos poderes do babalawo AWOLEDIGÊ, grande adivinho e mestre de IFÁ, o oráculo mais antigo. Antes de ser um grande reino, Egibô era uma pequena vila, que prosperou graças ao Rei e ao Adivinho. Os amigos eram a representação do equilíbrio, que fez Egibô avançar para o progresso, onde seus moradores eram felizes e gratos pelo comando e proteção do Rei.

Uma das tradições mais respeitadas pelos seus habitantes, era agradar ALAMÚ, o senhor que reinava entre os seres de sangue frio no chão quente. Era ele que mostrava a hora certa para o início do plantio e da colheita. Sem Alamú, os homens ficam perdidos e as cidades desabastecidas.

Certo momento, Awoledigê, seguiu sua intuição de sair pelo mundo fazendo o bem e ensinando os segredos de Ifá a outros sacerdotes. Foram 25 anos perambulando até decidir volta e rever sua cidade e seu grande amigo. Sem saber da mudança de comportamento do Rei, o adivinho ao chegar à Egibô, é confundido com um ladrão. Sem julgamento, lança maldição à cidade, para se vingar da injustiça.

Ferido vingou-se o homem
Utilizando seus poderes
Passaram-se anos difíceis
Sofreram muitos seres

Todos na cidade passaram a sofrer por causa da tremenda injustiça. Os caçadores e os agricultores foram os primeiros a sentir o infortúnio. O redor da cidade perdeu vida e as florestas imensas que cercavam Egibô viraram imensos cemitérios. O comércio, antes primordial, passa a não conseguir mais negociar nenhum produto feito na cidade. Crianças não nasciam mais e as doenças se multiplicavam!

Os vassalos ficaram sem pasto
A fauna e a flora não brotavam mais
Suas mulheres ficaram estéreis
A flor do seu sexo não se abrirá jamais

Oito anos se passaram, até que Elegibô, no alto do seu desespero, lembra-se do velho amigo e passa semanas a sua procura, por todo território ARAKETU, do povo Ketu. Das águas dos rios caudalosos, aos reinos mais justos das proximidades, passando pelas campinas do Baixo Saphé.

Avisado por seus guardas sobre a presença de um único homem na prisão de Egibô, o Rei procura saber quem é. Ao ver seu velho amigo em trajes humildes e abatido, Elegibô quebra as grades da prisão com as próprias mãos! Ao saber do ocorrido, suplica o perdão ao grande adivinho, que pede apenas uma contrapartida: que seja enfrentada a morte todos os anos, com ferramentas usadas por TANAN, senhora que comanda a viagem dos mortos com o ATORI. Os atoris virariam armas de guerra na mão dos guardas de Egibô.

Os guerreiros lutaram entre si
Com golpes de vira, era um ritual
Durante várias horas
Travou-se a batalha entre o bem e o mal

Ao fim do ritual, um banquete deveria ser servido à todos os habitantes de Egibô, para lembra-los sempre para evitarem injustiças e pré-julgamentos, que um dia deixaram a cidade em ruínas. Desde então, o inhame purifica e renova todos os sentimentos e pensamentos ruins. Elegibô, o grande rei de Egibô, passou a ser conhecido como OXAGUIAN. E sua comida servida à todos, sem distinção.

Depois retornaram com o Rei
Para a floresta sagrada
Onde comeram a massa
De inhame bem passada
Onde será comida por todos os seus
Negros homens

Egibô voltou a ser florescente! Elegibô voltou a reinar reluzente!

ELE, ELE, ELEGIBÔ!

Autores do enredo: Erick Silva e Fulano do Sol

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