Em seu retorno à LIESV a Mocidade Paulista trará o enredo que não foi para a avenida em 2012, seu último no Carnaval Virtual. Numa importante e fundamental homenagem às negras que fizeram história no Brasil, a alvinegra de São Paulo montou uma equipe experiente em parceria com a Imperatriz Ludovicense. O presidente da escola, Matheus Bianck ressaltou a torcida para que seja o maior Carnaval Virtual já visto e que a escola virá forte na disputa do Grupo de Acesso em 2021.
Confira a entrevista cedida pelo presidente da escola, Matheus Bianck:
1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?
Conheci a Liesv em 2010, através do Orkut, participei da Mocidade Paulista que na época não era presidida por mim, como interprete, ao lado do meu irmão Marcelo Jakare (amizade que dura até hoje, com direito a apadrinhamento de casamento). Juntos também criamos a parceria dos formigas e disputamos muitas eliminatórias de samba… em 2012 me afastei e este ano estou retornando.
2- Qual a história da sua escola, como foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolos nome?
A Mocidade Paulista foi fundada em 2010 para o Carnaval de 2011, eu assumi a presidência após esse carnaval, que participei como interprete. Montamos a equipe, porém por problemas com o material visual, não chegamos a desfilar. As cores da escola são o preto e branco e o símbolo a estrela.
3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?
O título do nosso enredo é “rosas negras” onde nele exaltaremos as negras que fizeram história no nosso Brasil. Vamos tirar do papel o Carnaval que acabou não indo pra avenida em 2012, em uma espécie de reedição. A escola virá com 24 alas + velha guarda e 3 alegorias
4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?
Eu sou o presidente e com a ideia de retornar fui convidar nosso diretor Marcelo Jakare que também já participou da escola no passado para ajudar nessa missão de montar a equipe. Para desenvolver o Carnaval, fechamos com o Lucas e o Henrique que fizeram a Imperatriz Ludovicense ano passado, dupla inclusive que acreditamos muito no potencial, estamos muito felizes com o andar dos trabalhos e otimistas com o resultado final que com certeza colocaremos na avenida.
5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc?
Como nosso samba será reeditado do Carnaval que não foi pra avenida, não teremos eliminatórias. Temos um ótimo samba nas mãos. Só estamos decidindo ainda se manteremos a gravação, ou daremos outra cara ao samba, com interprete novo.
6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2021, tanto de vocês quanto das coirmãs?
Esperamos um excelente Carnaval, estamos em conjunto trabalhando muito para levar o melhor desfile para a avenida. Torcemos muito para que todas as co-irmãs também façam o melhor de sí, para que o Carnaval virtual de 2021 seja o melhor já visto, sabemos que o grupo de acesso vai ser muito disputado, com escolas capacitadas e por isso daremos o melhor da Mocidade Paulista.
Obrigado e boa sorte a todas as escolas.
Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Mocidade Paulista para o Carnaval Virtual 2021:
“Rosas Negras“
Introdução & Sinopse
Mocidade Paulista 2021
Enredo: Rosas Negras
Há vários tipos de Rosas. Mas na ocasião vamos falar das Rosas Negras. Das mulheres pretas de coragem.
Para o carnaval 2021 a Mocidade Paulista vem perfumar a avenida com o cheiro da garra dessas rosas maravilhosas.
Mulheres de luta, resistência, que não abaixaram a cabeça.
Bem vindos, vamos mergulhar juntos nesse desfile, reverenciar essas mulatas através do samba, no rufar dos tambores.
É hora de exaltar nomes que deixaram o seu legado.
Sinopse
1 – Do seio da Mãe África para o mundo. O navio do sofrimento navega pelo mar com marcas de sangue.
É hora das negras acordarem, com a sua coragem e começarem a refletir uma forma de agir.
Surge um imenso silêncio na África.
Tem invasor na área. Os portugueses opressores chegaram para transformarem milhares de negros e negras em mercadoria.
Começa ali a perseguição e a opressão, no século XV. Negreiro ou Tumbeiro, o navio do sofrimento navega pelo mar com vários
seres humanos acorrentados e amontoados de forma desumana nos porões do navio, sendo levados para venda.
Violência, feridas amostras e morte. Assim foi a trajetória até a chegada ao Brasil. As marcas de sangue são o retrato da crueldade.
Tempos difíceis, de duro sofrimento e dor. Muitas vidas negras se foram. Muitos assistiram seus amigos e
amigas serem mortos. Foi um verdadeiro genocídio!
Negro tinha que ter fé, pois até seu batuque era perseguido e acabou por hora aprisionado nessa opressão.
Restava ter fé, pedir proteção a Zambi. Clamar ao Rei de Oyó, pai Xangô, por justiça, e
força para resistir.
2 – Negras Ousadas, guerreiras e determinadas, em busca de um ideal. A liberdade! Antes mesmo de uma assinatura.
Mulheres de garra, exemplares. Mulheres que devem sempre ter o seu nome lembrado e exaltado.
Guarde esses nomes: Chica da Silva, Filomena de Araxá, Mãe Menininha do Gantois, Anástacia, Carolina de Jesus e etc.
Tem outros nomes que talvez você nem sequer conheça, ou pouquíssimas vezes tenha ouvido falar.
Pesquise a história de cada uma dessas mulheres que tem que ser citadas na história. São pessoas que jamais podem ser excluídas.
Mulheres que lutaram para que a voz do negro prevalece-se, pela liberdade religiosa, que são o retrato da mulher preta da favela.
Toda homenagem é justa e merecida!
Antes de uma assinatura tão falada, já existia toda uma luta por trás disso. As negras foram de suma-importância para a liberdade.
Elas resistiram, persistiram. Não deixaram que nenhum senhor da opressão as dominassem e deixaram seu legado.
No meio destas mulheres a Princesa Isabel é uma mera coadjuvante!
A senhora branca chegou depois de muito tempo e olhe lá..
3 – Fé e Devoção.
”Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá”
Oração a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.
Oração e canto a pai Oxalá.
E nessa reverencia a mulheres, Maria Conga, uma entidade da Umbanda na linha dos (as) pretos (as) velhos (as) jamais pode ser esquecida.
Em nosso mundo a vovó Maria Conga, fundou um quilombo em Magé que servia de abrigo e proteção aos escravos. Agora ela ganha
destaque na avenida para benzer a nossa escola e a todos nós.
Nessa luta a fé foi fundamental, um grande alicerce. Que a luz divina da espiritualidade esteja conosco.
O batuque está liberado, o som do tambor vai ecoar.
Boêmios da Mocidade Paulista, pedem licença as divindades, caem no samba, cantam e exaltam a cor do Brasil.
Autor do enredo: Rodrigo Dias e Henrique Santos