Mais uma escola se inscreveu para participar do Carnaval Virtual 2017. O Grupo de Acesso B contará com a estréia da escola de samba Favela. A agremiação já divulgou a sua sinopse. Confira abaixo também a ficha técnica da Favela.
GRESV Favela
Presidente: Juquinha
Carnavalesco: Anderson Evaristo
Cores: Amarelo, Preto e Branco
Símbolo: Pandeiro
Enredo 2017: 120 anos providentes: Hoje a Favela conta à história do Morro da Providencia onde um povo excluído conquistou diversos mundos.
Este ano a Favela contará a História do surgimento do morro da Providência cujo agrupamento de casas presentes foi chamado de favela, quando se associou o nome da planta nordestina à ocupação dos soldados vindos da guerra dos Canudos que exigiam do Governo Republicano o dinheiro que a eles tinham sido prometido e até então não tinham recebido e ali se alojaram nos fins do século XIX esperando por providência. Também no morro existia uma ocupação feita por homens que trabalhavam na área portuária, pois no alto do morro conseguiriam melhor observar os navios de carga atracados que seriam facilmente identificados e seus respectivos produtos a serem desembarcados.
O surgimento da primeira favela está interligado a dois acontecimentos da cidade que permeiam o imaginário de nossa formação social: a destruição do cortiço Cabeça de Porco em 1894, que era o maior cortiço da cidade, localizado na área central da capital da república – que certamente influiu num crescimento demográfico imediato de habitações aonde seria à primeira favela; e a urbanização na gestão Pereira Passos (1902 a 1906) cujo o termo utilizado em sua gestão foi o “bota-abaixo” produziu grandes remoções (de habitações populares identificadas como insalubres na cidade legal) e a retaliação de resistência popular urbana, denominado “A Revolta da Vacina”.
A Revolta da Vacina de 1904 caracterizou a maior manifestação dos mais pobres na história da cidade capital – Distrito Federal até então. A revolta serviu de medição das forças populares contra o desleixo às massas de afrodescendentes e brancos proletários brasileiros, estrangeiros ou seus filhos e netos naquela ocasião. Os holofotes da disputa estavam voltados para a Região Portuária e o centro da cidade.
As duas motivações asseguradas no registro oficial da história da cidade do Rio de Janeiro sobre esse conflito foi à imposição governamental, a vacinação obrigatória da população e o uso abusivo da força na remoção que se faziam. Muitos desses homens pobres que ali participaram refugiaram-se no Morro da Providência promovendo, assim, um impactante aumento da população da primeira favela.
No Rio de Janeiro do início do século XX, respirava o delírio de um paraíso europeu, esquecendo-se das suas raízes que corriam nas veias do pobre trabalhador e do Negro guerreiro. Sem espaço nesse novo Rio de Janeiro elitizado o pobre e negro subiram e fez na favela seu novo mundo aonde não precisariam esconder suas cicatrizes e sua cultura.
Por todo século XX o então denominado favelado – passou a lutar pela honra e honestidade. Buscando serem aceitos como gente com dignidade, como pessoa. Mas os olhares para esses homens e mulheres eram de desconfiança vindo da cidade legal da elite que só os viam como marginais – e isso perdurou por décadas.
No Morro da Providência e nas demais Favelas existem famílias de tradição que prezam pela honestidade e o nome, mas se definindo, como pobres que querem ser reconhecidos em critério de igualdade com as famílias da Elite do Rio de Janeiro. Os mais moradores mais velhos da Providência e das Favelas diziam aos mais jovens : “o rico pode até roubar, que tem a benevolência da lei. O pobre nunca. Então ele tem que ser mais forte”.
A favela do século XXI está mais consciente de sua importância e mais integrada ao resto da cidade. A favela carioca e brasileira se configurou em geografias urbanas verticais, horizontais, em palafitas, embaixo de viadutos, em conjuntos habitacionais etc.
A tradição vertical de uma Providência, Estácio, Mangueira, Salgueiro, passou a conviver com a presença da nova configuração das favelas horizontalidades de Vigário Geral, Venda das Pedras, Caju e as inversões urbanas de conjuntos habitacionais que viraram grandes favelas rearticulando o formato de ser favela: a Cidade de Deus, Batan, Conjunto Amarelinho entre outras dentre nossas favelas temos a Rocinha, uma favela que se tornou maior que muitas cidades brasileiras importantes.
A Favela se transformou. A Providência para os jovens carinhosamente é chamada “Provi”. Os jovens da Providência falam de favela, não com o nome da origem do termo, refletida em suas cicatrizes herdadas pela exclusão dos mais pobres, seus antepassados. Porém infelizmente nem toda transformação foi boa a favela passou a ser identificada com o tráfico de drogas e bandidos violentos, virou habitat do resumo caótico da violência da cidade.
No Morro da Providência durante seu centenário em 1997 nasceu uma chama de esperança frente à desgraça da bandidagem que invadia a favela essa chama era o surgimento do Instituto Favelarte que trazia a exposição “O Olho da Favela Sobre a Cidade” com fotos do fotografo Mauricio Hora e texto de Luiz Torres, no CCJB (Centro Cultural José Bonifacio) em 1998, expandindo para fora da Favela, para o mundo às comemorações do seu centenário.
Uma década após surgiu a Casa Amarela. Fruto da fusão do trabalho do fotógrafo Mauricio Hora e o Fotógrafo multimídia, o francês JR. Na Casa Amarela juntos com a Favelarte se realiza muitas atividades pedagógicas e artísticas desde 2010. Ações sociais de atendimento prático, como passaram a coexistir no alto da favela, no Largo da Igreja. Poesia, teatro, música, encontros, filmes, exposições, amostras fotográficas e tantas coisas que acontecem no trabalho pela valorização do Morro da Providência.
O Morro da Providência ou Favela, criação dos mais pobres em resposta ao egoísmo do mundo capitalista das elites e de nosso histórico escravista de exclusão. No Morro da Providência surgiu um novo modo de viver do afrodescendente fora dos tormentos das senzalas e do nordestino longe dos estigmas da fome e seca da caatinga. O Morro da Favela se tornou símbolo da união pioneira de diferentes povos e raças na luta pela sobrevivência na Cidade do Rio de Janeiro o que tornou referência mundial de força cultural e coletiva. E agora no ano que comemoramos seus 120 anos de existência a Providência será símbolo e modelo para nossa escola de Samba no maior espetáculo da tela. Viva a Favela!
(Juquinha)
REGRAS DO CONCURSO DE SAMBA ENREDO:
– Data limite para entrega dos sambas: 18/03/2017.
– Poderá ser feito solo ou em parceria de compositores.
– É necessário envio do áudio com no mínimo duas passadas do samba, acompanhado ou não, de instrumentos.
– Favor enviar o áudio do samba concorrente acompanhado da letra do samba para o e-mail: ffavoli@gmail.com
– Cada compositor ou parceria poderá colocar em disputa quantos sambas quiser.
– Todos podem participar
– Boa sorte meus amigos compositores!
Presidente Juquinha