Foliões de Rondônia lançou seu enredo para o Grupo de Acesso A em 2017. A escola aposta no enredo “Eu sou a Graça” de Wellington Aquino. Confira a sinopse abaixo.
Eu sou a Graça!
Introdução
Maria, mãe de Deus e nossa, eu, teu humilde filho e servo, unido com todo o Brasil que também é teu, entregamos-te três rosas, em homenagem a Santíssima Trindade, da qual sois filha, mãe e esposa ao mesmo tempo. Glória a Deus em ti, Arca da Aliança.
A Foliões de Rondônia vem nesse desfile, homenagear aquela que gerou o Criador do mundo, o Verbo encarnado. Trezentos anos atrás, três pobres pescadores acharam tua imagenzinha quando estavam em grande apuro, e logo ele passou, ficando apenas a fartura e o amor por vós, Senhora Aparecida. Desde então, teu povo faz enormes romarias até seu Santuário, para te louvar pelas grandes graças que teu amado Filho derrama sobre esta terra por intermédio de suas mãos puríssimas.
Mais duzentos anos se passaram, e na terra que introduziu o amor por vós em nosso país, aparecesses novamente para alertar teus filhos, como sempre fazes, oh Fátima! Tu nos mostrastes o inferno, ó Terror de Satanás, e nos alertastes que muitos iriam padecer naquele lugar por falta de quem peça por eles, pobres pecadores. Mostrastes também o purgatório, lugar de purificação para o encontro com Deus, no paraíso, que também nos fizestes conhecer. Por fim, para que todos acreditassem, fizestes o Sol dançar! Ó minha rainha, nem mesmo o astro rei resiste a teus encantos! E aguardamos o cumprimento da tua promessa, o triunfo do teu Imaculado Coração, que só soube amar a Deus.
Duas devoções que uniram duas nações rivais, colono e colonizado unidos no amor por vós! Esse é teu grande poder: levar nossa gente para o caminho, que é Jesus. E como diria São Bernardo de Claraval, doutor da Igreja, lembrai- vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que tenham recorrido à vossa proteção, implorado o vosso socorro, fosse por vós desamparado. Por isso, nossa escola vem com amor filial aos teus pés, implorar que nesses minutos de desfile, a mensagem de Teu filho chegue aos corações dos homens!
Virgem Aparecida, Senhora de Fátima, Rainha do Brasil, rogai por nós!
Sinopse
Tudo começou em um belo dia, em que um formoso jovem adentrou meu quarto e me deu a notícia mais inesperada de minha vida: disse-me que seria a mãe do Salvador do mundo, e eu, pobre jovem, aceitei o plano de Deus e pedi que se fizesse em mim o que fosse de Sua vontade. Nesse momento, Deus, o Espírito Santo, se fez meu Divino Esposo, e gerou em mim o Verbo, que também é Deus. Assim, me tornei esposa de Deus e mãe de Deus! Grande notícia tive quando me disseram que minha parenta também estava grávida, e ao chegar para servir a ela em suas necessidades, seu filho, um feto, reconheceu que Deus estava em meu ventre, e estremeceu de alegria por tão ilustre visita. Eu, humilde serva do Senhor, só pude cantar os Seus louvores, porque Ele olhou para a humildade de sua serva, realizou grandes obras em meu favor, e por isso, todas as gerações me chamarão de bendita! Louvado seja o Senhor Deus para sempre!
Enfim, meu filho nasceu! E infelizmente, em um lugar imundo! Ó, quanta dor abateu meu coração por não poder dar um lugar digno para o Filho de Deus nascer! Mas essa dor logo desapareceu, quando Ele me deu seu primeiro sorriso. Meu corpo inteiro ficou cheio de alegria plena, aquela que só vem de Deus. Ao apresentá-lo no Templo, fui informada da grande dor que sentiria por causa desse Menino, mas que seja feita sempre a vontade do Senhor. Algum tempo depois, chegaram três homens entregando presentes para Ele. Tempo depois entendi o que significavam: ouro, porque meu Filho é o Rei dos reis; incenso, porque é Deus; e mirra, por que sua morte dolorosa salvaria a humanidade. E então, a espada de dor anunciada pelo profeta começou a ferir meu Imaculado Coração, pois se iniciou uma árdua perseguição contra meu Pequenino, e eu tive que fugir junto com meu esposo deste mundo, o bom José, para salvar a vida Dele.
Quando o rei morreu, pudemos enfim voltar para nossa terra natal, e lá criamos meu Filho. Quando fomos visitar o Templo, Ele sumiu, e eu e meu esposo passamos três dias a sua procura! Ó, o que diria a Deus? Que perdi o Salvador do mundo? A angústia nos atingiu até que o achamos, no Templo, a pregar junto aos sacerdotes e doutores da lei. Estava só cuidando das coisas de seu Pai celeste! Grande dor veio a me afligir quando meu esposo, o bom José, veio a falecer. Mas sei que teve uma boa morte, afinal, morreu assistido pelo próprio Deus feito carne!
Meu filho foi crescendo em sabedoria, idade e graça, e todos se admiravam ao vê-lo e ouvi-lo, pois de fato, o que havia nele era um dom que não vem desse mundo. Enfim, meu menino tornou-se um homem, e foi cumprir sua missão de levar a salvação de Deus ao mundo. Foi batizado pelo seu primo, escolheu doze homens para o seguir, e começou a profetizar. Lembro-me como se fosse hoje do dia em que fomos a um casamento e faltou vinho. A dor dos anfitriões doeu em meu coração, e sabendo quem era Aquele que nasceu de meu ventre, pedi que Ele aliviasse sua dor, e assim o fez. Revelou a todos quem era por meio desse milagre, o primeiro de muitos outros.
E o tempo foi passando… E chegou o dia da grande dor! Ele sabia que a hora do sacrifício de expiação pelos pecados do mundo estava chegando, e então, fez-se pão e vinho, como outrora tinha feito-se carne, e deu de comer e beber a seus amigos, para que soubessem que nunca estariam sozinhos, e que mesmo em forma de alimento, estaria com eles para sempre. Retirou-se para orar e sentiu a dor chegar. Naquela noite, foi preso, julgado injustamente, e pela manhã, sentiu em sua Divina Carne as chagas do pecado da humanidade quando foi açoitado até que parecesse morto. Ó, meus filhinhos, foi por vocês, pelo grande amor de Deus por vocês, que eu vi meu Filho quase morto, desfigurado, e seu precioso sangue banhando todo o local do castigo! Mais dor senti quando o trocaram por um bandido, e assim, o vi carregando seu em Seus ombros a paga de tanto amor: uma cruz. Quando o encontrei em sua jornada ao Calvário, li em Seus olhos que fazia tudo por amor, e assim, pude compreender o motivo de tudo isso. Não me desesperei, uni minha dor à dor Dele, e fui caminhando ao Seu lado, como tinha feito durante toda a Sua vida.
Chegando àquele monte, vi Seus pés e mãos serem transpassados! Pés que levaram consolo aos necessitados, mãos que foram estendidas aos caídos. Ali estava meu Filhinho, pregado em uma cruz, nu, sem dignidade nenhuma, sendo zombado por todos, humilhado ao extremo. Não tinha mais nada, só o pouco de vida que ainda restava, e uma mãe. Mas isso ainda foi muito. Ele me entregou para Seu discípulo amado, que na verdade é cada um dos Seus seguidores, e me fez mãe deles. Assim, até mesmo o amor de mãe que tinha, ele quis doar a Seus amigos. Isso é doação! Ao fim de Sua vida, entregou ao Pai Seu Espírito, e partiu. Mais do que nunca, uma grande dor me envolveu. Aquele a quem eu tanto amei, partiu! Ó, quanta dor da mãe ao ver seu filho morrer!
Mas aprendi uma coisa com Ele: tenha esperança! A dor me atingiu, mas a esperança me consolou. No terceiro dia de Sua morte, eu e mais duas outras seguidoras Dele, fomos ao Seu túmulo, e ouvimos a grande frase: “Por que procurais entre os mortos Aquele que vive?”. Então, saímos correndo com grande alegria para anunciar a todos esta boa notícia: a morte não tem mais a última palavra, Ele ressuscitou! Quando o vi novamente, caiu sobre mim uma felicidade enorme, maior que o mundo! Ele apareceu outras vezes para deixar mais alguns ensinamentos, e partiu, desta vez envolto em glória e poder. Eu e seus discípulos, ficamos por nove dias em oração, e recebemos o Espírito Santo, que enviou todos a anunciar ao mundo essa notícia. E foram. Quando Tiago partiu, a quem vocês agora chamam de São Tiago Maior, para a Espanha, eu pedi que ele construísse uma capelinha em minha homenagem na cidade onde mais corações tivesse conquistado. Então, quando ele estava em Saragoça, apareci sentada sobre um pilar de mármore, que pedi que fosse colocado nessa capelinha. Essa foi a primeira vez que me desloquei para atender as necessidades dos meus filhos, quando ainda tinha terra por debaixo de meus pés.
Eu fiquei com aquele a quem Jesus tinha mandado cuidar de mim. Chegado o dia da minha partida, todos os apóstolos de meu Filho vieram ver-me, exceto Tomé, que chegou após minha Assunção. Quando ele chegou, novamente duvidou do ocorrido, e para tanto, aconteceu minha primeira aparição: desci dos Céus para entregar-lhe um presente: meu cinto, para que assim, também ele acreditasse no que aconteceu.
Desde então, não paro de rogar por vocês, meus filhinhos, junto a Jesus.
Ouço cada prece que me fazem e rogo a Deus por todos vocês. Vi os seguidores de meu Filho serem mortos por causa Dele, e estive com eles nesse momento. Grande alegria eu tinha de recebê-los aqui, no Paraíso. Vi a Igreja de meu Filho sofrer grandes perseguições e sempre permanecer firme na fé.
Aconteceu que um filho muito devoto meu vinha enfrentando grandes problemas para combater os hereges. Era Domingos o nome dele. Desci dos céus para lhe dizer que quando rezasse o meu rosário pela conversão destes pecadores, alcançaria grande êxito. E assim ocorreu. Ele lutou bravamente contra todas as mentiras, tendo sempre a mim como guarda-costas, e seus seguidores continuam perpetuando seus atos até hoje. Por eles, tenho especial carinho, vencemos juntos todas as heresias para trazer esses corações perdidos de volta para meu filho.
E algum tempo depois uma perseguição expulsou um grupo de servos de meu Filho do seu lugar querido: eles eram os carmelitas. Foram expulsos de seu monte pelos muçulmanos e começaram a vagar pela Europa, sem rumo. Sofreram preconceito e pediram minha intercessão. Eu os ouvi, e desci a Terra para socorrê-los, entregando o escapulário. Prometi que quem o usasse, não seria jogado ao fogo que nunca se apaga, e que eu mesma buscaria essa alma no purgatório no primeiro sábado a partir de sua morte, e a introduziria no Céu. Desde então, meus filhos carmelitas encontraram a paz e a prosperidade de Deus.
Passaram-se mais outros anos, e vi os seguidores de meu Filho se dividirem em um grande cisma. Em 1517, grande dor inundou meu coração. Tantos ensinamentos e eles ainda não entenderam que a divisão não vem de meu Senhor…
Pouco depois, alguns missionários estavam passando por dificuldades para catequizar os habitantes da nova terra. Recorreram a mim e fui em seu socorro. Deixei um manto, para que todos acreditassem em meu Filho, e deixei bem claro o ódio que tenho por outros deuses. Meu Senhor me enviou para esmagá-los e instaurar um novo tempo naquela região: um tempo onde o Amor governa. Meu manto ainda hoje está conservado, para que sempre lembrem que Deus me enviou àquele lugar para falar do Seu nome a todos, e conduzi-los à salvação.
Pior aconteceu quando os muçulmanos quiseram invadir a Europa e destruir a Igreja de meu filho. Os cristãos que combateram na ilha de Lepanto rezaram sem cessar o rosário, para que alcançassem a vitória, assim como todo o continente cristão e até mesmo o papa. Eles sabiam que não sou indiferente às orações daqueles que chamam por mim de coração sincero. Lutei na frente deles, e juntos vencemos aquela batalha impossível. Lutamos por Cristo, e para Cristo vencemos. Eu luto por aqueles que me imploram proteção!
Nunca tirei meus olhos de uma nação que me fez muito feliz: a França. Filha mais velha da Igreja, foi lugar de conversão para muitos. Porém, não era o que estava acontecendo no fim do século XVIII. Vi muitos daqueles que pregavam liberdade, igualdade e fraternidade matando os servos fiéis de meu Filho por se manterem firmes na fé. Uni minhas lágrimas e meus gritos de dor ao sangue deles e os juntei com o sangue divino de Jesus. Ouvi cada um dos seus lamentos, e hoje, estão todos comigo, porque resistiram à perseguição e entregaram a vida por amor. Grande valor eles têm aqui no Céu.
Na França também tinha uma jovem que desejava muito me ver. Pedia sempre essa graça e eu ouvi suas preces e fui ao seu encontro. Seu nome era Catarina Labouré, uma freirinha de Paris. A ela, pedi que cunhasse uma medalhinha, para que através dela, eu derramasse as grandes graças que Deus reservou para o mundo. E assim foi. E aquela freirinha que era tida como orgulhosa e desumilde, aceitou morrer no anonimato, enquanto a medalha que ela cunhou ganhou grande fama. Ninguém sabia que foi Catarina a responsável pela sua fabricação, contrariando o julgamento dos homens.
Os franceses mais uma vez precisaram de mim, e apareci chorando para alertá-los, pois grandes desgraças estavam para acontecer com aquele povo e também com os servos fiéis de meu filho, que muito iam sofrer. Apareci com a cruz de meu filho no peito, para dizer quão grande sofrimento os esperava. Uma grande fome atingiu esta terra e, infelizmente, minhas profecias foram se cumprindo e ainda agora estão para se cumprir! Filhos meus, amados filhinhos, se voltem para a montanha de La Salette e voltem para Deus antes que a dor e o sofrimento caiam sobre vós! Meus olhos choram a cada segundo as lágrimas de quem vê seus amados com grande insistência no erro, e sabe quais serão as consequências dele. Voltem! Voltem!
Mais tarde visitei a França novamente, dessa vez em Lourdes. Apresentei-me para uma menina tão pobre… Meu coração dói por lembrar dos sofrimentos dos meus filhos que ainda estão nesse mundo tão injusto! Para ela, eu disse que era a Imaculada, para que assim, todos acreditassem. Lá também fiz brotar uma fonte, de onde jorrava uma água milagrosa, que curava doenças. E não só do corpo, mas principalmente da alma, porque antes do meu filho ser o maior dos médicos, ele é o Salvador das almas. Naquela gruta, disse ao mundo o que a Igreja já havia dito: Eu sou a Imaculada Conceição, a saúde dos enfermos!
Mas 100 anos atrás estive num país que me ama muito, mas que sofria muito nas mãos dos revolucionários, que queriam apagar todo o sinal de Cristo e da Igreja dele daquele país tão bendito. Eles podem calar muitos, mas muitos nunca se calarão. E eu fui em nome desses mártires, pois também não me calo! Desci até Fátima, conversei com três crianças e deixei a elas muitas lições. Anunciei os terrores do socialismo, de uma guerra pior que viria logo em seguida daquela pela qual estavam atravessando. Mostrei-lhes o céu, o inferno e o purgatório. Pedi muita oração e penitência, especialmente a reza do terço, e novamente não fui ouvida. Meus filhos, não cometam esse erro novamente, me ouçam, pois muitas almas irão para o inferno por não haver quem reze por elas.
Daqui dos céus vejo muitos falsos devotos dessa minha aparição, que parecem ter tanta fé, mas na verdade, tapam seus ouvidos para meus alertas e mantém a mesma vida de pecado. Vocês são os motivos de minhas lágrimas, das dores que recebo em meu coração, pois sei bem os sofrimentos que esperam aqueles que não querem ouvir os alertas de conversão que faço. Juntem-se a mim, pois no fim meu Imaculado Coração triunfará, e junto com ele, todos aqueles que verdadeiramente me amam.
Bendita é a nação portuguesa, que ensinou a esse país tão bom o amor a meu filho! Brasil, a fé de vocês chega ao céu como oferta de amor das mais puras e agradáveis, mas ela se perde, pois este país se corrompe mais a cada dia!
Lembro-me de quando minha imagem quebrada e negra foi achada naquele rio… A providência de Deus fez com que isso ocorresse para que meus queridos filhos brasileiros soubessem o quanto os amo, e como sempre estou com eles. Do alto do belo nicho que construíram para mim, em uma cidade do interior, eu olho para todo esse país a mim dedicado, e de lá, derramo as bênçãos e graças que o Senhor me concedeu por todo ele. Mas também vejo pessoas que visitam minha casa e a mim, sem respeito por aquele que também mora lá, o próprio Jesus, na Eucaristia. Fico tão feliz, meus filhos, de ver a cada um de vocês naquela passarela, me fazendo uma visita. Mas fico tão triste quando saem de lá e vão fazer compras, como se estivessem visitando um mercado. Muitos me visitam pensando que sou o maior tesouro que habita naquela casa, mas comparada a meu filho Jesus, sou como a areia do deserto, tão sem valor e tão desinteressante. Por isso, me entristeço muito com todos aqueles que visitam a cidade onde moro e não se dedicam a oração, a adorar meu filho. Não compreenderam que o único motivo de ter aparecido é que essa nação adore meu filho.
Choro todos os dias por ver como vocês maltratam meu amado Jesus. Quando vierem me ver, vejam também a meu filho, ele espera por vocês a cada segundo, e ele sempre é esquecido. Rezem meus filhos, rezem, pois aquela enorme casa que vocês me deram não tem valor nenhum se não for uma casa de oração, onde todos vocês se sintam mais perto do meu doce Jesus. Olho por esse país há 300 anos, com os olhos de barro daquela imagem, e peço a Deus pelo Brasil a cada dia.
Eu amo a cada um de vocês e guardo cada um no meu manto anil. Mas, qual meu nome? Filhos, alguns de vocês me chamam de Aparecida, de Imaculada, de Virgem, de Nossa Senhora, de Mãe de Deus, de Assunção, de Guadalupe, de Carmo, de Fátima… Estão todos certos, atendo por todos esses nomes, mas meu nome é Maria, e bem, EU SOU A GRAÇA!
Wellington Aquino