Tem tricampeã de volta! A Cupincha de Campo Grande retorna à LIESV depois de passar por problemas particulares e ficar um ano de fora dos desfiles mesmo sendo a tricampeã a época, volta ao carnaval virtual, dessa vez no grupo de acesso, a escola promete manter o nível que a levou ao tricampeonato do especial. Vejam entrevista com o presidente da escola e logo em seguida a sinopse do enredo:
“A escola nunca fez uma enredo afro. Este ano optamos por uma história, até pelo pouco tempo para elaborar um enredo, desenvolver alas e fantasias. Assim, pegamos um trecho da história que é pouco contado e fugimos um pouco do tema que é sempre batido e que acaba puxando para o lado dos orixás, de Oyó, enfim, algo que todo ano é falado por várias escolas de samba. Por isso escolhemos um enredo que fala de África, fala de opressão, fala de libertação, união, mas como pano de fundo pegamos a história de Tsoedé, que unificaria os povos nupês no que hoje são a Nigéria e Benim.
O enredo vai ter 4 setores. O primeiro setor vai retratar as características das 12 tribos que viviam próximas ao rio Kaduna, seus costumes e a veneração por sua personificação. O segundo vai retratar a invasão das tribos por um reino mais organizado e poderoso chamado Igalah que, inclusive, levará Tsoedé, ainda criança, dos braços de sua mãe. O terceiro apresenta o martírio de Tsoedé, já adulto, e sua fuga numa canoa de bronze. O último setor mostra como o domínio do bronze faz Tsoedé montar um poderoso exército que derrota Igalah, liberta seu povo e unifica as 12 tribos nupês. Serão 4 alegorias, 17 alas e um tripé para contar o enredo.
Na nossa passagem pelo grupo de Acesso em 2013, antes de ascendermos ao grupo especial, conquistamos o vice-campeonato. E perdemos pontos preciosos no samba. Isso, por si só, já é motivo suficiente para nos motivarmos a reconquistar a nossa vaga no grupo de elite, onde já conquistamos 3 títulos.
A Cupincha que sempre proporcionou um belo espetáculo audiovisual aos amantes do carnaval virtual. Temos uma grande torcida e não podemos decepcioná-los. Além disso, após uma ano forma dos desfiles por problemas pessoais, precisamos resgatar o gosto por fazer carnaval.
Pelo pouco tempo que tivemos para mobilização da escola, para desfilar ainda este ano, e devido ao pouco tempo para escolher um samba, decidimos fazer uma encomenda ao Thiago Meiners, que inclusive foi o autor do samba do nosso primeiro título do Grupo Especial em 2016. Sabemos que o concurso de samba seria até uma atitude de respeito para quem gosta da escola, mas o pouco tempo foi fundamental para direcionarmos o esforço para que a escola tenha um samba forte e competitivo. Se tudo der certo, ano que vem reeditaremos o desfile que não aconteceu em 2019 sobre São Sebastião e realizaremos com bastante folga um concurso onde todos poderão participar.
Podem esperar uma escola competitiva, com fantasias e alegorias bem resolvidas e, principalmente, uma África um pouco diferente do habitual. Se tudo der certo, em 2021 estaremos novamente no Grupo Especial da LIESV.”
Sinopse do enredo :
NAS ÁGUAS DO KADUNA, A ESPERANÇA NUPÊ: TSOEDÉ E O CLAMOR DE LIBERDADE NAS MEMÓRIAS DA MÃE ÁFRICA
Introdução
Às margens do rio Kaduna, havia uma aldeia pobre e rudimentar. Era uma das doze tribos nupês e seus habitantes tiravam do rio o seu sustento. Embora as tribos irmãs não constituíssem um reino, nutriam uma amizade verdadeira entre si. Pagavam tributos ao reino de Igalah, muito superior militarmente.
A perda da liberdade
Com o tempo, a ganância foi ficando maior e os tributos impagáveis. O povo igalah passou a exigir escravos e todo ano centenas de garotos eram enviados a Idah. Certa noite, a lua cheia iluminava a floresta e uma mulher não conseguia dormir, pois aflito estava seu coração. Era a sacerdotisa do culto a Kaduna e temia pela sorte de seu filho, Tsoedé. Ela sabia que os guerreiros de Igalah chegariam à aldeia e eles não tardaram. Sentindo que não mais veria seu filho, deu ao menino o amuleto de Okun. Antes que o levassem, sussurrou-lhe ao ouvido “guarde-o, você se tornará o Etsu de um grande reino”. O amuleto havia sido concedido à sacerdotisa por Kaduna, personificação do rio, em um ritual de seu culto.
No reino de Igalah
Com o tempo, o menino cresceu e se tornou o favorito do Attah. Tornou-se um grande guerreiro e sempre regressava das guerras com ricos butins. A estima do rei cresceu muito mais quando descobriu que Tsoedé era seu filho. Quando a notícia se espalhou pelo reino, a inveja germinou na corte. Muitos não toleraram a ideia de um herdeiro nupê no trono de Igalah e, com isso, logo surgiram as conspirações. Pouco tempo passou até que o rei morresse pelo veneno de uma serpente. Sucumbindo o Attah, Tsoedé sentiu na pele o horror da escravidão. Torturado, humilhado e entregue à chibata, deram-lhe os trabalhos mais pesados. Protegido pelo Amuleto de Okun, ele resistiu até que os Kyedes, ribeirinhos nupês, sorrateiramente o libertaram e lhe entregaram uma canoa para que fugisse. Ao se aproximar da canoa, o amuleto de Okun brilhou e transformou em bronze a madeira da canoa. Assim, Tsoedé fugiu pelo rio, prometendo recompensar os Kyedes.
O Domínio do Bronze e o Advento de Um Reino
Tsoedé tornou-se hábil no manejo do bronze e sabendo que havia inimigos em seu encalço, refugiou-se no âmago da savana, levando consigo vários de seus companheiros. Passou a organizar os nupês para a resistência, e criou uma grande cavalaria. Fez alianças comerciais com reinos do norte e, desse modo, passou a trocar objetos de bronze por armas e cavalos com os mulçumanos do norte e do Negueb. As caravanas começavam a chegar e sair das aldeias. Marchando contra Igalah, saiu-se vencedor. Na Batalha de Gara veio a liberdade do seu povo. Tornou-se o grande Etsu, herói, libertador e fundador do reino nupê, unificando assim as doze tribos. Nas estátuas de Bronze, deixou um grande legado em memória à união e à liberdade.
Vocabulário
- Igalah – Reino de Igalah [pronuncia-se Ig(á)lah];
- Kaduna – personificação do rio Kaduna;
- Idah – capital de Igalah;
- Etsu – rei na língua nupê;
- Attah – assim eram chamados os reis de Igalah;
- Gara – cidade em que ocorreu uma importante vitória de Tsoedé e garantiu a liberdade do povo nupê.