Estreando no Carnaval Virtual, Império de Daomé apresente: “Daomé, berço da afrodescendência brasileira”

Recém fundada, no dia 02 de Fevereiro de 2022, a Império de Daomé fará sua estreia no Carnaval Virtual 2022 com o enredo “Daomé, berço da afrodescendência brasileira”, de autoria de Afonso Celso, o Cecel Altaneiros. Presidida por Robson Maurício, a vermelho e branco carioca conta também com Anderson Evaristo de carnavalesco e Bia Lopes de intérprete. A escola encomendou o samba enredo.

Confira a entrevista cedida pelo presidente, Robson Maurício:

1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?

Conheci através do amigo Cecel da Altaneiros e por compor sambas para disputas de várias escolas da LIESV, escolhi por acreditar na diretoria e na credibilidade que vocês têm junto aos internautas e no mundo do samba.

2- Qual a história da sua escola, como foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolos nome?

Nossa escola nasceu em mais uma via de externarmos o amor pelo carnaval e pelo samba, colaboramos ao máximo na perpetuação do carnaval como cultura popular brasileira, que é de fato e de direito. A escola é do bairro carioca do Méier, Nossas cores são vermelho e branco, temos como símbolos a coroa Imperial e o elefante, que foi também simbolo maior do Reino de Daomé, nossa agremiação se chama Sociedade Recreativa e Cultural Escola de Samba Virtual Império de Daomé.

3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?

O nosso enredo cujo título é “Daomé, berço da afrodescendência brasileira”, e será dissertado no que tange a saga do grande Cha Cha Francisco Rodrigues, um baiano, filho de imigrante português, considerado como o maior comerciante do tráfico de escravos, do Porto de Oidhá, para o mundo, mas precisamente ao Brasil, onde segundo fontes históricas, 60% do total de negros, calculado que cerca de 12 milhões foram trazido para o Brasil, também versaremos sobre a vida social e política do maior reino do noroeste da África, no Sec. XIX, assim, como a religiosidade e sua influência nos costumes de toda leva de negros trazidos como escravos para terras brasileiras. Vamos traduzir esse “recorte” da história dos negros afros descendentes em 4 Carros Alegóricos, 16 Alas, 2 tripés, essa é a nossa previsão inicial.

4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?

Nossa equipe é liderada por mim, Robson Maurício(Robinho), montamos a equipe por convites, devidamente aceito, além de mim, conta como o carnavalesco Anderson Evaristo, a nossa voz na Avenida será a de Bianca Lopes(Bia Lopes), teremos a participação do Afonso Celso(Cecel Altaneiros) como enredista.

5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc

Encomenda

6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2022, tanto de vocês quanto das coirmãs?

Esperemos que seja mais uma grande festa, sob já boa e conhecida organização por parte da Diretoria executiva da LIESV; e que tanto o Império de Daomé, como as demais coirmãs dêem o seu melhor, para assim garantir o brilhantismo da festa, e através dos talentos revelados, venham a servir como sempre foi, um celeiro de futuros profissionais do carnaval real.

Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Império de Daomé para o Carnaval Virtual 2022:

“DAOMÉ, BERÇO DA AFRODESCENDÊNCIA BRASILEIRA”

Introdução:
Há algum tempo atrás existiu um reino africano “poderoso”, mas precisamente ao noroeste, do Continente, onde hoje se localiza a República do Benim, na chamada “Costa dos Escravos”. Ressaltaremos a punjança, a importância do Reino Daomé durante toda sua existência durante os séculos XVIII e XIX. Abordaremos os aspectos político e social, girando em torno do comércio escravagista, que por sinal, muitos dos negros que vieram como escravos para o Brasil, são originários desse Estado regionalista, vamos conhecer toda a sua organização, desde seu nascimento até o seu ocaso. Traremos sob a ótica do brasileiro afrodescendente Francisco Félix de Sousa, o Chacá, essa singular analogia, o nosso condutor foi considerado um dos homens mais ricos e influente administrador do maior mercado escravagista da África Ocidental, cujo Reino do Daomé era assentado.
Sinopse:
1º Setor – O Reino do Daomé – Surgimento, organização política e social
O Reino do Daomé nasceu por volta de 1600, tendo oficialmente como seu primeiro Rei Uebajá, que ergueu seu palácio real na cidade de Abomei, a capital, a partir desse marco, começou a invadir e ocupar cidades aquém dos limites geográficos do sítio urbano de Abomei. Com essa expansão territorial Rei Fundador fortaleceu e solidificou Daomé como uma importante potência regional, que concentrava suas bases na economia doméstica organizada e na conquista de territórios e trabalho escravo na comercialização e exportação de mão-de-obra negra para diversas partes do mundo, ao Brasil, inclusive. A organização político-social obedecia uma hierarquia, onde o Rei era o majoritário, a família real e os seus ministros compunham a cúpula real. Há suas ordens os serviçais ou escravos domesticados garantiam a sustentação e manutenção do Palácio real. O povo trabalha fundamentalmente na agricultura e pecuária e serviços informais, predominantemente por homens, já as mulheres exerciam as funções de lavadeiras, quituteiras, e serviços domésticos, entretanto, uma parcela de mulheres guardavam e defendiam Daomé militarmente, formando na época um exército atípico composto somente por mulheres, conhecidas como as Amazonas do Daomé, prefiguradas como “Panteras Negras” as mesmas guardavam o Reino, eram tidas como esposas do Rei, mantinham-se castas, eram responsáveis ainda por capturar homens e torná-los escravos e posteriormente seriam vendidos e exportados para além-mar, para os quatro continentes.

2º Setor: Porto Dajuda e o prospéro comércio de venda de escravos Os portugueses ergueram no Daomé o maior porto da África Ocidental, o mesmo recebeu o nome de São João Batista de Ajudá, ou simplesmente, Porto Dajuda, local propício a exportação de escravos e especiarias e importação de produtos advindos de praticamente todas as partes do mundo, atracavam e partiam embarcações portuguesas, holandesas, americanas e também brasileiras. Para os reis de Daomé, o comércio escravagista era mais que uma atividade econômica: era essencial para a sobrevivência do Estado, pois resultava em armas de fogo, pólvora e munição com quem armavam seus exércitos, além de artigos de luxo com que ostentavam seu poder e asseguravam a fidelidade de chefes locais. Outra fonte de rendas eram as numerosas taxas cobradas dos europeus para todo tipo de serviço incluindo o fornecimento de água, lenhas e alimentos.

3º Setor: Aspectos Culturais e religiosos do Reino do Daomé
A cultura do Daomé é herança ancestral de uma dezena de povos que habitavam e delimitavam-se na mesma região cultural, tais como os Oyós, Iorubás, Fons, Ketus e Borgus. Os costumes e as atividades assemelhavam-se, portanto, as manifestações culturais e religiosas eram entrelaçadas e similares. Há registros que dentro as principais expressões culturais e religiosas, a realização anual do Festival da Alfândega, onde os grupos étnicos se exibiam e mostravam através de suas respectivas tradições orais e ancestralidade, os ritos e cultos, o canto e dança, transformando o evento multifacetado, um verdadeiro caldeirão cultural. O culto aos Voduns era a mais popular e notória expressão religiosa, que inclusive, envolvia o sacrificío humano, ritos que envolviam sangue, feitiços e bruxaria. A famosa história de Maria Jesuína ou popularizada como Agotime, preconizada como a “Rainha de dois mundos”, era uma das oito esposas de um dos reis do Daomé, no caso o Rei Agonglo, que reinou por um breve período, pelo seu falecimento precoce aos 31 anos de idade. A mesma fora capturada e enviada para o Brasil, aportando em Salvador em seguida foi comprada por um senhor de escravos em São Luís do Maranhão, para onde fora deportada , trazendo consigo para o Brasil suas crenças e costumes. Fundou a famosa “Casa das Minas” onde até os dias atuais, se mantem as tradições religiosas do povo Jeje-fon.

4º Setor: Brasil e Daomé a resistência continua!
Nosso quarto e último setor traz em si os elos entre o Daomé e o Brasil tendo como protagonista Francisco Félix de Souza, o “Chacá”, título criado especialmente para Ele, onde toda e qualquer negociação referente a vendas e o translado de escravos, somente seria feito co Francisco Féliz. Chegou a ser considerado na época o mais rico e influente mercador de escravos da África Ocidental; brasileiro, natural da cidade de Salvador na Bahia, filho de um traficante de escravos português e uma cabocla ou cafuza ribeirinha do Estado do Amazonas. Francisco Félix fez sua primeira incursão para o Daomé por volta de 1792 e permaneceu até 1795, onde ergueu um entreposto para traficar escravos, regressou ao Brasil e envolveu-se na Conjuração baiana em 1798, fora acusado de ter cometido de crimes políticos, por este motivo foi banido e caçado, em 1800, se refugiou a partir de então no Daomé, estabelecendo-se definitivamente como traficante de escravos, acumulou riquezas e posses, através de seu comando e administração seguiam as levas de escravos para as principais partes do mundo, inclusive aos senhores de terras do Brasil. Estima-se que foram num total de 12 milhões de negros enviados ao nosso país. O Reino do Daomé foi o primeiro Estado a reconhecer a Independência do Brasil em 1822, tendo enviado representantes diplomáticos ao País. O negros do Daomé chegarem em terras brasileiras para eram entregues aos seus donos que pagavam por cada “peça” de escravos. Os homens negros eram submetidos a trabalhos forçados nos campos ou na agricultura e pecuária, as mulheres se tornavam serviçais na Casa Grande conforme a necessidade, se tornavam cozinheiras, amas, concubinas, parteiras e etc. Todo esse povo lamentava a distância e sentia saudades de sua terra natal, no que foi possível guardaram seus costumes e crenças, toda tradição foi passada oralmente, e as colônias de escravos foram se formando, procriando, dando origem aos herdeiros brasileiros do Grande Reino do Daomé

Bibliografia:
Reino de Daomé – www.wikipedia.com.br
Francisco Félix de Sousa – www.ensinaestoria.com.br
Amazonas do Daomé – www.uol.com.br
Benin – www.portalsaofrancisco.com.br
Agotime – www.faleafrofuturo.medium.com

Autor do enredo: Afonso Celso (Cecel Altaneiros)

Comentários do Facebook
%d blogueiros gostam disto: