“Não chuta que é macumba!” é o enredo da Império Andreense. Leia a sinopse.

Depois de um ano de muitas dificuldades, a Império Andreense volta para mais um ano na LIESV. A escola do presidente Henrique Torres se prepara pare seu 6º desfile no Carnaval Virtual da LIESV trazendo mais um enredo afro, característica da agremiação. Segundo Torres, o Tigre do ABC fará uma crítica à intolerância: “Império Andreense vai fazer uma crítica referente a intolerância com as religiões afro-brasileira. Esperamos um ano que vai mudar a história do Tigre do ABC, elevando a qualidade de todos os setores da escola.”

Confira abaixo a sinopse do enredo e as regras do concurso de samba:

Enredo 2018: “Não chuta que é macumba!”

Sinopse:

Não, não chuta não!
Que essa macumba¹ é herança cultural,
É o culto de um povo a seus ancestrais;
Tesouro fiel do negro continente.
Macumba² essa que se toca no esplendor de um ritual,
Que ecoa junto aos tambores para Orixás, Voduns, Inquices e outros mais;
Nas livres crenças de uma nação valente,
Alcunha imortal ao legado dessa gente.

Não chute, pois ela é resistência!
À submissão nas terríveis invasões,
Aos tumbeiros cheios de fé lançados ao desconhecido,
À cruz do senhor que a até a alma tentou escravizar.
Mas escondido seguiram as louvações,
Viu-se orixás se transfigurar no mais “sacro” artigo;
Nos santos cortejos fez o culto continuar,
E na miscigenação se viu uma nova religião brotar.

Não chuta que ela é identidade!
É a lição aos herdeiros dos saberes divinos,
Que nas giras viram renascer os tradicionais ensinamentos;
É batuque nas rodas, é o sagrado ritmo magistral.
Que em negras procissões fez escola, coroando os destinos;
De malandros e passistas com seus mais belos movimentos.
E vai o “povo do terreiro” abrindo caminhos na avenida imortal,
Pois o altar do samba é o gongá do carnaval.

Não, não vou deixar chutar!
Nessa laica nação de velada hipocrisia;
Onde o preto velho é chacota do Senhor;
E pedras ferem a liberdade da criança.
Tem-se uma livre perseguição, que fecham terreiros dia-a-dia;
Mas o povo de Olorum segue na luta sem temer o ardor;
Deixem à baiana girar em paz pra sua entidade, renovando a esperança,
Dos filhos de todas as irmandades, que hoje soltam gritos pela tolerância.

Pesquisa e texto: Leandro Ramos.

Glossário
– Macumba¹ – oferenda ao orixá Exu, colocado em encruzilhadas; designação genérica dos cultos afro-brasileiros originários do nagô e que receberam influências de outras religiões africanas, e também ameríndias, católicas, espíritas e ocultistas;
– Macumba² – instrumento de percussão de origem africana, semelhante ao atual reco-reco, que era outrora usado em terreiros de cultos africanos;
– Orixás, Voduns, Inquices – divindades ou entidades de diferentes grupos étnicos africanos;
– Tumbeiros – designação dos navios negreiros usados no tráfico de escravos para o Brasil. Tinha essa denominação devido as alta taxa de mortalidade nas travessias;
– Giras – é a reunião de vários espíritos de uma determinada categoria, que se manifestam através da incorporação nos médiuns. Podem ser festiva, de trabalho ou de treinamento;
– Gongá – é a denominação do “altar sagrado” existente dentro do terreiro;
– Olorum – deus maior entre os povos da costa da Guiné e regiões vizinhas, ente divino abstrato, eterno, onipotente, criador do mundo.

Autor: Leandro Ramos

A Império Andreense não realizará concurso de samba enredo, será encomenda.

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