A Remeiros lançou o seu enredo para o Grupo de Acesso B em 2019. A escola que fez o seu primeiro desfile nesse ano, busca uma melhor sorte no próximo ano. A agremiação do presidente André Medeiros confirmou Lucas Santoro como carnavalesco e Felipe Costa como voz principal. O enredo que a tricolor vai trazer para a avenida é “Os vivos são sempre cada vez mais governados pelos mortos. Eis aqui a pátria que engoliu um patriota. Remeiros Canta o Triste Fim de Policarpo Quaresma.” de autoria de André Medeiros.
“Somos a Remeiros uma recente escola de samba virtual da cidade de Mesquita no estado do Rio de Janeiro, com apenas 10 meses de fundação estamos nesse meio para manter a cultura do carnaval!” – nos conta André, que complementa com um resumo do que a escola pretende apresentar na avenida.
O enredo foi escolhido meio a produção do carnaval 2018, onde o nosso presidente se inspirou no conto literário de Lima Barreto para criar um enredo que não só mostrasse o lúdico, mas sim fazer uma alusão do fictício ao real.
Vamos levar muita energia para a avenida e fazer muitas críticas social, a história da república que talvez ouvira de uma outra forma, e uma persistente comparação do passado com o presente, valendo a nos relembrar grandes músicas que nos inspiraram e que serão exaltadas na avenida, tais como: Brasil, de Cazuza; Senhor Cidadão , de Tom Zé; Pra não dizer que não falei das Flores, de Geraldo Vandré; Apesar de Você, de Chico Buarque; O Bêbado e a Equilibrista, de Elis Regina; É Proibido Proibir, de Caetano Veloso.
Confira abaixo a sinopse na íntegra.
Os vivos são sempre cada vez mais governados pelos mortos. Eis aqui a pátria que engoliu um patriota. Remeiros Canta o Triste Fim de Policarpo Quaresma.
- “O que nos faz refletir esse enredo, o que nos leva a viajar, o que será do amanha? Com quantos Policarpos mortos se faz uma tradição? Com quantas mortes no peito é feita a valentia?
- Nosso enredo nos faz viajar ao ambiente truculento da Primeira República, embasados na ficção de Lima Barreto, apresentaremos a face dos republicanos desiludidos com a república. Esse conto nos faz refletir que o passado sempre vive no nosso dia a dia, sempre atua nas atitudes da nossa gente, do nosso povo.
- Declamada em 15 de novembro de 1889, a República Federativa do Brasil passa a ser governada pelo então Marechal Deodoro da Fonseca que nunca fora um republicano, mas que foi transformado em protagonista da proclamação por manobras do grupo político que armou a derrubada da Monarquia, Monarquia esta que já estava enfraquecida, anêmica…
- Porém o Marechal renunciou antes que seu mandato completasse dois anos e quem assume o poder num golpe de estado é seu vice Marechal Floriano Peixoto, pela constituição em vigor novas eleições deveriam ser convocadas, mas não aconteceu. Perseguiu, mandou assassinar, exilou, fez sumir, reprimiu, executou, debelou revoltas com sangue, ludibriou, mentiu. E foi com tais recursos que granjeou o apelido de Marechal de Ferro.
- Com o golpe começa vir à tona, a desilusão de uma república farsante, de uma monarquia a uma ditadura, o que será de uma terra sem a democracia, o que será do Brasil? Os intestinos do poder, os pequenos ditadores do interior, os aproveitadores de sempre, os que estão atentos às oportunidades e nunca perdem nomeações, os corruptos agregados aos empossados e à cata das sobras dos poderosos, ora, nada disso mudou, para desespero dos que sinceramente acreditavam que o país romperia o novo Século com uma vocação nova, progressista, iluminista, republicana.
- No hoje não é diferente, muito de nós confundimos a truculência inescrupulosa com a autoridade que julgamos necessária para limpar o país, e isso só nos leva a um triste fim pois os vivos são sempre governados pelos mortos, talvez o mecanismo do Brasil nunca seja destruído!
- Todo brasileiro tem um pouco de Policarpo Quaresma, que ri, brinca, celebra, festeja, devaneia, voa, e aí carrega embutida a anunciada tragédia da sua inocência: sua tragédia.
- Aprisionado nos seus ideais, com a descrença de muitos, o major Quaresma perambula pela loucura, o mesmo passara uma temporada num asilo para doentes mentais, assim como Lima Barreto que sofreu diversas internações, hospício narrado como “cemitério dos vivos”.
- Vale a nós ressaltar a discriminação contra o violão, representando aqui a aversão da cúpula golpista, inculta, algo grosseira, embora tomado o poder, contra a cultura; particularmente a local, dos subúrbios e ruas do centro do Rio. Tido como instrumento de “malandro”, a vizinhança de Policarpo chocava-se ao ver o mesmo com um violão tão quanto descobrir que detinha uma biblioteca em casa. A perseguição ao “violão” é uma das formas mais clara de compreender a repressão, a rigidez imposta ao Brasil, ao Rio de Janeiro, totalmente oposta, inimiga da festa-pindorâmica em que Policarpo sonha transformar o país.
- Os ideais traídos, as reformas frustradas por grupos que manipulam as mudanças para que nada mude, isso é tão evidente e doloroso para nós, vivendo o Brasil de hoje, que explode na última cena, justamente quando Policarpo, encontrando seu triste fim diante de um pelotão de fuzilamento, sobe ao céu, ou melhor, incorpora-se ao futuro de lutas populares que pontilharão a história brasileira.
- Mas de fato, o que levara Policarpo aquele triste fim? Um homem que viveu sua pátria sem outro igual, que dedicara sua vida na luta contra revoltosos na Revolta da Armada e assim tornou-se major; um homem que valorizava a cultura de sua terra, que sabia ler e escrever em tupi, que queria transformar a língua dos índios em idioma oficial do Brasil; um homem que respeitava os bons costumes, que não andava fora da lei, que respeitava seus superiores; um nacionalista, musicista, idealista, digno…
- Finda a rebelião, major Policarpo é transferido para Ilha das Cobras a serviço carcerário, decide então escrever uma carta às autoridades do país, onde declarou tudo o que pensava a respeito do Brasil, suas vantagens, suas chances de glória e seu governo que o afundava; indignado com a truculência de um juiz que distribuía condenações aleatoriamente, penas de morte, tortura, o chorar silencioso de quem não tinha onde recorrer, o ferir dos direitos de todos os humanos, o castigo do pecador com o pecado; inocente policarpo, não sabia que uma carta seria o motivo de sua morte. Preso e condenado, levado a morte, diante do paredão de fuzilamento…
- Esperamos deixar um gostinho de quero mais, uma vontade louca de lutar por seus direitos e não desistir jamais, mesmo que pra isso seja necessária sua morte.
- Depois de Policarpo – mesmo sendo uma ficção de Lima Barreto – apareceram diversos outros idealistas que defendiam a pátria. Vale ressaltar as revoltas contra a ditadura, a revolta contra a corrupção, entre outros diversos escândalos. Estaremos aprisionados a levar para o desfile uma luta interminável pela democracia, contra o racismo, a homofobia, a xenofobia, a cultura de ódio, contra o feminicídio, contra a morte de milhões de inocentes pelo Brasil, contra o sucateamento das escolas e empreendimentos público, contra a tudo aquilo que nos faz viver governados pelos mortos e todos os dias morrer um Major Policarpo Quaresma nas favelas, no subúrbio, no interior. Quem poderá contra nós, somente Deus está acima de tudo e de todos, o governo é do povo, não deixemos sangrar os nossos direitos, não percamos o espírito “POLICARPIANO” de viver.”
Outras Informações Julgadas Necessárias (fontes de consulta, livros etc):
A bibliografia de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto;
A história da Revolta da Armada;
O livro: O Triste Fim de Policarpo Quaresma(versão HQ);
Regras para Concurso de Samba
Art 1º O compositor poderá enviar quantos sambas quiser;
Art 2º A autoria dos sambas poderá ser de forma solo ou múltipla;
Art 3º Os sambas deverão ser enviados até 16 de fevereiro de 2019;
Art 4º O canal de recebimento dos sambas será o e-mail: andrejkgustavo0@gmail.com; Tendo descrito no assunto “Enredo Remeiros 2019; no corpo do e-mail deverá por quem compôs, telefone de contato ou rede social; seguindo em anexo o áudio formato MP3 e o samba escrito;”
Art 5º Estará afixada a data prevista de 22 ou 23 de fevereiro para efetuação da primeira eliminatória e a final do samba dia 16 de março;
Art 6º Caso o número de sambas inscritos seja maior ou igual a 8, será efetuada duas eliminatórias;
Art 7º A eliminação se dará após avaliação por equipe julgadora interna que somam 2 pontos, o voto do presidente valerá por 3 pontos, o voto popular terá uma participação de 1 ponto, e se houver empate a decisão final será do presidente;
Art 8º Caso haja necessidade de mudar a data da final, avisaremos com no mínimo 7 dias de antecedência;
Art 9º Qualquer dúvida e esclarecimentos entre em contato no WhatsApp: (021) 97580-7513 ou pelo Instagram Gresv Remeiros (021remeiros);
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