Contando o outro lado da história, a Falcões da Fiel estreia no Carnaval Virtual da LIESV, contando as lutas dos negros pela liberdade de fato.
De acordo com o presidente Erick Borges, o enredo é uma necessidade histórica:
“A escola optou por o enredo por ainda sentir a necessidade do Campo da História fomentar as histórias das pessoas consideradas, a partir de um ponto de vista histórico, subordinadas e oprimidas. Esse povo lutou e luta até os dias atuais por justiça, mas não recebem o mérito. O trabalho escravo entra na ilegalidade graças as luta dos próprios escravizados e escravizadas, não apenas por ações vindas dos “brancos”. Os senhores de escravos e o governo tomaram medidas que levaram à libertação, demandadas pelos submissos e não espontaneamente. Assim, o enredo da Falcões vem para fomentar esse acontecimento, mas com outro olhar: os escravos e escravas, com suas lutas, conseguiram suas liberdades!”
A escola virá com a seguinte ficha técnica:
Presidente: Erick Borges;
Enredo: Nas Garras do Falcão, a Libertação do Trabalho Escravo no Brasil;
Carnavalescos: Erick Borges e Paulo Alexandre;
Direção de Carnaval: Glenda Spósito e Maria Borges;
Dois casais de mestre sala e porta bandeira;
5 alegorias;
14 alas.
Ainda de acordo com o Erick, o primeiro intuito é desenvolver um trabalho dentro de nossas expectativas e que agrade o público. Tendo estes efeitos, confiamos numa possível vinda do título.
“O público pode esperar um desfile bonito e bem desenvolvido, mas acima de tudo, crítico, mostrando outro lado da História que não é muito bem reconhecido.” – confidenciou.
“O intuito principal da nossa agremiação é contribuir com mais diversão e entretenimento no maior espetáculo da tela. Agradecemos a LIESV e a todos os envolvidos neste belo projeto.” – finalizou.
Vejam a sinopse:
“Nas Garras do Falcão, a Libertação do Trabalho Escravo no Brasil”
É um enredo que visa mostrar um lado da História do país que ainda é ofuscado das páginas de histórias. A “história oficial” apresenta que a liberdade de negros e negras escravizados foi dada apenas pela Família Real, com a assinatura da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel em 1888. Porém, este ato só aconteceu graças às lutas do povo oprimido que, influenciados por eventos anteriores, como a Revolução Haitiana (1791-1804), não aceitam mais as condições impostas. Assim, no Brasil explode, no início do século XIX, revoltas escravistas, como na Bahia, com lideranças negras, como Maria Felipa, mulher negra escravizada que expulsou portugueses da região. Com isso, o, então governo, junto aos senhores brancos, se veem obrigados a tomar medidas para emancipar a escravidão no Brasil, como a Lei do Ventre Livre, mas sem afetar os senhores “donos” de escravos.
Este enredo vem para “provocar” a “história oficial” e mostrar que a libertação do trabalho escravo no Brasil foi dada a partir das lutas do povo escravizado que, com resistência, lutam até hoje por uma sociedade igualitária.
SINOPSE
Com as forças que são dadas dos meus ancestrais, eu sou grito de liberdade, eu sou resistência! Eu não vim pra ser escravizado; fizeram-me de escravo neste chão… Derramei sangue aqui! Mas, eu, junto com meu povo “preto”, vamos reverter essa situação; hoje sou liberto e não foi nenhum branco que me deu a liberdade; minha rebeldia foi quem me libertou, mas hoje, diariamente, ainda luto para mostrar essa força que tenho; hoje, continuo a lutar por liberdade e pelas injustiças que são me dadas.
Entre 1791 e 1804, ocorreu a maior revolta escravista na, então, Ilha de São Domingos (atual Haiti), onde vários senhores escravistas foram assassinados e os submissos tomaram o domínio da Ilha, declarando sua independência. Isso, impulsionados pelo ideal de Liberdade e igualdade da Revolução Francesa (1789-1799). A Revolução Haitiana influenciou outras potências escravistas, como foi o caso do Brasil, onde os escravos e escravas começam se rebelarem contra seus senhores pelo fim do sistema de trabalho que se implantava.
A partir de 1808, a Família Real chega ao Brasil, no turbulento período das guerras napoleônicas, e começa a desenvolver mudanças estruturais, especialmente, no Rio de Janeiro, e, em 1822, o Brasil torna-se independente de Portugal, com Dom Pedro Primeiro. Mas, os abolicionistas e escravizados questionam que independência seria essa se o trabalho escravo continuaria. A partir disso, a rebeldia escrava que já acontecia com as influencias haitianas, explodem no pós-independência, tendo em vista que os abolicionistas e escravizados não viam perspectiva de liberdade do sistema de trabalho atual. Assim se ascende a rebeldia e lideranças negras surgem, como Maria Felipa de Oliveira, mulher baiana e escravizada, que expulsou os portugueses da Bahia com uma surra de cassação, uma planta que dá coceira na pele. Abalados pelas revoltas, o governo e os senhores começam tomar medidas de libertação da escravidão, como a Lei do Ventre Livre de 1871, onde a filhos de escravas nasceriam livres a partir de então.
Estando o sistema de trabalho escravo sucateado graças às revoltas do povo oprimido, na segunda metade do século XIX, é assinado o decreto do fim da escravidão. No entanto, os libertos foram condenados ao abandono social,
sem nenhuma assistência vinda das autoridades e os “ex- senhores” de escravos continuaram no privilégio. O negro e a negra tem sua herança de lutas por liberdade, pois foi ele (a) quem deu sangue pela sua libertação e isso precisa ser exaltado nas páginas de histórias. A Libertação do trabalho escravo é mérito do povo negro e não de branco! Hoje o povo negro continua a lutar por liberdade e reconhecimento, diante das mazelas que ainda lhe atinge.
Setor 1: A força ancestral e a influência da Revolução Haitiana: a Revolução do Haiti, inspirada na Revolução Francesa, influenciou as revoltas escravistas no Brasil.
Setor 2- A chegada da Família Real ao Brasil: mostraremos que a Corte Portuguesa chega ao país, proclama a independência, mas o trabalho escavo continua.
Setor 3- Rebeldia escrava: neste setor vamos mostrar que os escravizados não viam perspectiva de mudança na sociedade, logo, surgem às revoltas com seus líderes, como Maria Felipa.
Setor 4: liberdade e condenação social: neste setor vamos criticar que graças às forças do povo escravizado e abolicionistas, veio a Liberdade, mas esse povo foi condenado ao abando social no pós-aboliçao.
Setor 5 – o legado de lutas precisa ser reconhecido: finalizamos o desfile afirmando que é mérito do povo negro o reconhecimento da liberdade escrava no Brasil, e até hoje continua a lutar contra as injustiças.
Regras do Concurso de Samba Enredo:
Art.1° Os sambas deverão ser entregues até 15/ 05/ 2020;
Art.2° O envio será via whatsApp,constando letra e áudio: (75) 9 8192-7148;
Art.3° Falar com Erick Borges (presidente da agremiação);
Art.4° Até 4 sambas recebidos, a escolha será através de votação interna;
Art.5° ao receber acima de 4 sambas, a escolha terá outra etapa, a ser posteriormente divulgada;
Art.6° Estas regras podem ser atualizadas.