Cantando a lendária “Odisseia Tupinambá”, Imperador Terra Nova está pronta para disputar o Carnaval Virtual 2022

No Carnaval Virtual de 2021, a Imperador Terra Nova fez um grande desfile no Grupo de Acesso, mas acabou sofrendo com punições nas obrigatoriedades que a afastaram da disputa por uma vaga no Grupo Especial de 2022. Tendo aprendido com os erros, a tricolor de São Bernardo do Campo, presidida por Diogo Oliveira, fez uma reformulação nos seus quadros, contratando o carnavalesco multi-campeão Everton Santana, o premiado intérprete Pixulé e Cristiano Roncari para assinar o enredo junto com Thiago Tártaro. Cantando a “Odisseia Tupinambá”, a ITN promete lutar firme por uma vaga no Especial de 2023.

Confira a entrevista cedida pelo presidente, Diogo Oliveira:

1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?

R: Tive o conhecimento através da página no YouTube, fui bem tratado, fiz amigos e gostei.

2- Qual a história da sua escola, como foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolos nome?

R: Eu(Diogo) e meu amigo(Gemada) nascemos no bairro chamado  Terra Nova, e sempre tivemos o sonho de criarmos a escola, ele se foi em 2017 e em 2018 nasceu o nosso sonho, as cores azul vermelha e branco , Imperador Terra Nova

3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?

Odisseia Tupinambá, aguardem surpresas.

4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?

Bom já faz algum tempo que a escola conta com o André Rangel diretor de Carnaval, Thiago Tártaro enredista, esse ano ele trouxe o Cristiano Roncari pra equipe de enredo fazendo a sinopse, infelizmente o nosso carnavalesco Danilo Santiago, teve que se afastar por compromissos profissionais então trazemos Everton Santana, e pra cantar vamos de Pixulé.

5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc

MODELO DE REGRAS PARA CONCURSO DE SAMBA ENREDO – LIESV CARNAVAL VIRTUAL 2022

– Data limite para entrega dos sambas: 25/06/2022;
– Divulgação do Samba Campeão: 30/06/2022;
– Poderá ser feito solo ou em parceria de compositores? Quantos compositores quiserem.
– É necessário envio do áudio com no mínimo uma passada do samba, acompanhado ou não, de instrumentos? Sim
– Cada compositor ou parceria poderá colocar em disputa quantos sambas quiser? SIM
– Todos podem participar? SIM
– Os sambas inscritos só poderão ser divulgados após o fim do prazo de inscrição? SIM
– Enviar o áudio do samba concorrente em formato “.mp3”; acompanhado da letra do samba e nome dos compositores para o Whatsapp (Diogo 11 996355512 ou André 11976296796);

Pedimos que além de ler a sinopse o compositor assista esse link com a música que foi usada de inspiração e também a letra:
https://www.letras.mus.br/caprichoso-boi-bumba/968028/

6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2022, tanto de vocês quanto das coirmãs?

Buscamos fazer um carnaval muito bonito, que as coirmãs também venham bem bonitas pra ser intensa a disputa.

Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Imperador Terra Nova para o Carnaval Virtual 2022:

“Odisseia Tupinambá”

Pense no dia que você teve hoje que eu vou tentar adivinhar.
Eu aposto que foi uma roda de contagens regressivas. Quanto tempo falta para o fim do expediente. Para chegar em casa. Para fazer qualquer coisa antes de chegar ao horário-limite para dormir e conseguir acordar no mesmo horário que hoje. Quanto tempo tem para dormir. Quanto falta para suas férias. Essa é a sua vida. Você a odeia. Mas chama qualquer pessoa que não vive sem cronômetro de louco. Ou de vagabundo. Ou de atrasado. Ou de aberração. Ou daquela palavra que, em nosso país, vale por essas quatro. Índio.
Sabe aquela casa na praia com quem você sempre fantasiou entre uma contagem regressiva e outra? Pois bem, os Tupinambás moravam lá. Não em um condomínio perto da praia, eles moravam na praia. Viviam na Terra Sem Males. Havia muitos males, não nos enganemos. Mas eram livres. Livres como jamais fomos. Os cativos de guerra dos Tupinambá foram mais livres do que qualquer sonho louco de liberdade que nós já tivemos. Seu sonho envolve praia, né? Então, um dia chegou gente muito estranha na praia dos Tupinambás. Nada simboliza melhor as intenções dessa gente do que suas ereções ocultas entre tecidos. Mas não é só a libido que guia a expedição europeia. O asco também se faz presente, camuflado em curiosidade. Tocam nos corpos pintados de jenipapo com os dedos indicadores, como se tirassem poeira de uma penteadeira.

  • Onde viemos parar? Que espécie de maluco furaria o próprio beiço para meter-lhe um enfeite horroroso desse?
  • E as cabeleiras? Nós rezamos contra a calvície e esses aí brincando de ser carecas.
  • Isso de usar colarzinhos e braceletes é coisa de marginal. Imagina do que são capazes?
  • Ó, céus, eles se depilam! Tenho certeza que já li nas escrituras que é pecado.
  • Pecadoras são estas senhoras nuas à nossa frente. Oras, somos visita. Como um esposo aguenta tamanha indecência e insinuação… Calado!
    Parecem preocupações como as do seu avô na ceia de natal, impactado com o pingente perdido no seu rosto ou não conseguindo viver sabendo que os homens não precisam de imaginação para ver suas costas nuas. Mas ninguém aqui está preocupado com a vida dos tupis. Estão decepcionados com suas próprias. Olhar para o corpo de um guerreiro Tupinambá, uma saliência musculosa para cada vitória em combate, os faz lembrar do que lhes é mais flácido. Perceber a exuberância despreocupada das cunhãs banhando-se pela décima vez no mesmo dia os faz lembrar o quanto suas axilas são desagradáveis. Antes que o sensor celeste de pecados capte o crescimento do encanto e acione a sirene das punições, os navegantes escarificam na mente as seguintes palavras:
    Insanos
    Depravados
    Primitivos
    Antes da ação necessária para que suas reservas no Paraíso continuem constando no sistema, deu tempo de tomar muito cauim com os insanos, deflorar muitas depravadas e decidir o que levar da terra dos primitivos.
    Os tubub-abá foram iludidos. Não estou falando de espelhinhos. Por favor, esquece os espelhinhos. Foram iludidos a travarem guerras que não eram deles. Tupinambá lutava por honra, para elevar o espírito, a batalha era uma realização por si só. É bonito, vai, você acha lindo essas histórias de resiliência baseadas em desperdiçar a vida em nome do balancete da empresa. Não pode entender o sentido da vida resumido na cabeça esmagada do inimigo? Enfim, o colonizador chegou e deu uma força à cabeça atrasada da tribo. É muito primitivo guerrear por guerrear. Guerra civilizada é aquela que envolve roubo. Roubar para deixar meu rei feliz e mais rico e, quem sabe, dividir sua bonança dando uma medalhinha para mim!
    Quem será que mataria por um espelhinho?
    O invasor cobriu nosso litoral de corpos mortos, estuprados, escravizados, dos quais nunca saberemos os nomes. Hoje cobre nossas ruas de placas com seu nome.
    Os sem-nome na história cruzaram a terra de muitos nomes que virou Brasil. Já não eram os mesmos, sentiam falta do mar, da mata, do Atlântico, de quem ficou, os inimigos do peito que eram capazes de arrancar seus pescoços com bambu, mas jamais de roubar sua
    terra e exterminar sua gente. Não sentiram dor. Genocídio não dói, deixa um oco. O vazio de não se saber mais quem é. Eu traí os meus por sobreviver? Não dói porque é tanta dor que banaliza. No genocídio não se para de morrer, é a vida toda morrendo. A morte maior é não ter morrido com os meus. Eu sou tupi?
    Eu sou diáspora. A cada curso d’água que passo, a minha imagem muda, reflete os encontros pelo caminho. Migro como borboleta-monarca e vou polinizando minha essência em outros povos. Em gratidão, Munduruku, Sateré-Mawé e Parintintin me guiam a uma ilha linda que vai se chamar Tupinambarana. De quem já foi Tupinambá, parece Tupinambá, não é mais. Eu sou Tupinambara e pareço Tupinambá, por isso escolhi a ilha com um rio que parece mar. Agora eu sou amazônida. Caminhei até aqui para lembrar dos que agora só caminham nas veredas do Guajupiá.

Autor do enredo: Cristiano Roncari e Thiago Tártaro

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