Orixás e as Forças da Natureza é o enredo da Imperiais do Samba na Edição Especial do Carnaval Virtual – LIESV

Primeira escola confirmada que vai estrear na Passarela Virtual no Carnaval Virtual de Fevereiro, a Imperiais do Samba é um projeto criado especialmente para esse evento. A agremiação vai trazer os Orixás e as Forças da Natureza como enredo. Os carnavalescos da escola são Guilherme Emanuel e Mateus Alves.

Sinopse do Enredo

Orixás e as Forças da Natureza

Por Elidio Fernandes Jr e Marcus Lopes

No princípio de tudo, origem de sua civilização, o povo de África, mais tarde conhecido como Yorubá, tinha fé de que forças sobrenaturais (presentes ou corporificados) regiam todas as forças da natureza. Tementes pelo poder do desconhecido, ofereciam sacrifícios para aplacar a fúria de tais forças, doando seu próprio alimento como forma de tributo, selando um pacto de proteção e lealdade e que fortalece e consolida as relações de filiação entre os homens e os espíritos da natureza.
Muitos destes espíritos passaram a ser cultuados como divindades, mais tarde designadas orixás, detentores do poder de governar aspectos do mundo natural como o vento, as águas, a terra, as florestas, o trovão, a fertilidade da terra… Uns governavam, outros eram grandes guardiões…
Desta forma, os Yorubás colocaram a Natureza como o poder mais elevado, entendendo a necessidade de respeitar a natureza como forma de honrar o sagrado vínculo entre o sagrado e o profano, Orixás e homem.
Entender esta história remete ao reconhecimento de uma tradição que conecta o homem ao seu mundo e ao mundo cósmico.
AXÉ!
Cada orixá também representa aspectos variados da natureza, tanto dentro como fora do contexto religioso.
Conta-se que os orixás são ancestrais divinizados que quando viveram outrora na terra, estabeleceram controle sobre algumas forças da natureza como o trovão, os águas dos rios ou do oceanos, e também de algumas atividades específicas como a caça, a metalurgia e o conhecimento das qualidades e uso das plantas.
Simbolicamente expressado com a maior profundidade no contexto religioso do terreiro, onde as danças cerimoniais, gestos, ritmos, canções, trajes, cores e um código religioso de prática e comportamento; o orixá cria um vínculo espiritual entre orun (o céu) e aiyê (a terra). Os templos de candomblé se tornaram o espaço sagrado onde os orixás encontraram refúgio para manifestarem a complexidade desse sistema simbólico, atitudinal e espiritual onde o poder da natureza é profundamente respeitado.
Cultuada discretamente em candomblés africanizados, a Mãe Terra desperta curiosidade e interesse entre os seguidores dos orixás. Onilé é assentada num montículo de terra vermelha e acredita-se que guarda o planeta e tudo que há sobre ele, protegendo o mundo em que vivemos e possibilitando a própria vida. Onilé, isto é, a Terra, tem muitos inimigos que a exploram e podem destrui-la. Para muitos seguidores da religião dos orixás, interessados em recuperar a relação orixá-natureza, seu culto representaria, assim, a preocupação com a preservação da própria humanidade e de tudo que há em seu mundo sob os quatro elementos.
A Terra corresponde à figura da “Grande Mãe”, sentida ao mesmo tempo como fonte de vida e de ameaças, pois dela provém os seres vivos e é para ela que estes retornam. É também chamada de princípio passivo ou feminino e, segundo os mitos sobre o surgimento do mundo, foi o Céu que fecundou a Terra. Não poderíamos existir da forma que somos sem a Terra, o nosso planeta é simplesmente uma manifestação deste elemento. A verdadeira energia da Terra existe também dentro de nós e em todo o universo. A terra que gera frutos, onde plantamos e de onde colhemos. Terra que acolhe nosso corpo já sem o sopro vital. Oxossi, Ossain, Nanã, Omolu, Ogun…. AXÉ!
A Água é a origem da vida, a fecundidade, a fertilidade, a transformação, a purificação, a força e a limpeza. É o ponto de partida para a origem e manutenção da vida. A água do ventre… Podemos olhar para um riacho que corre ou para as ondas que se sobrepõem ou ainda para a beleza do arco-íris que une o céu à terra. Yemanjá, Oxum, Oxumarê…AXÉ!
Na terra e na água, Nanã Buruquê e Obaluaê…AXÉ!
O Fogo que nos aquece e mantem o sangue circulando em nossas veias; que emana nosso calor humano (nosso espírito…). Fogo que arde no desejo e na satisfação sexual. Elemento que transforma: o fogo cria, destrói e recria. Exu, Iansã, Xangô…AXÉ!
O Ar que nos enche nossos pulmões ganha forma de vento. O vento, o ar em movimento; os princípios, a ética a força… Iansã e Ogum…AXÉ!
O Ar… A dona de tudo: a Natureza… Traz em si o princípio simbólico de todas as coisas sendo generosa em sua sabedoria. Oxalá é a própria vida, a Natureza! Deus da Criação, Oxalá é inabalável em sua autoridade, personalidade equilibrada, tolerante, obstinada e independente. Grande Pai: Oxalá…AXÉ!
O ser humano tem abusado do dom da criação de Deus. Isso não só fere a criação, mas também prejudica as pessoas, pois todos dependemos dos frutos da criação para nossa própria sobrevivência. Uma verdadeira espiritualidade de gratidão estimula a coragem necessária para reconciliar-se com as Forças da Natureza. Há uma tarefa urgente de reconciliação com a criação, o que também está ligado a uma reconciliação com os Orixás.
Salve os Orixás e as Forças da Natureza… AXÉ!

SUGESTÃO DE SETORIZAÇÃO:
Setor 1: Ancestralidade Yorubá.
Representação de ritos e símbolos da cultura Yorubá
Setor 2: As forças da Natureza.
Os Orixás e suas representações simbólicas vinculadas à Natureza.
Setor 3: O homem e a Necessidade de cuidar da Grande-Mãe.
A natureza pedindo socorro. Um grito de esperança.
Obras de Referência:
PRANDI, Reginaldo. A mitologia dos Orixás. SP: Cia das Letras: 2001.
PRANDI, Reginaldo. Orixás e a Natureza. In: http://reginaldoprandi.fflch.usp.br/sites/reginaldoprandi.fflch.usp.br/files/inline-files/Os%20orixas%20e%20a%20natureza.pdf (Acesso em 09/12/2020)
YUNDIN, Linda. Orixás: a divina energia da natureza. https://soulbrasil.com/orixas-a-divina-energia-da-natureza/ (09/12/2020)

Regras do concurso de samba enredo:

A definir

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