Fundada em 2007, a tradicional verde e branco de Campina Grande retorna ao Grupo Especial depois de uma década! Com Murilo Duarte como presidente desde a sua fundação, a Falcões da Serra apostará em um nome de peso no carro de som da agremiação: Wander Pires. Além de Murilo e Wander Pires, que estreará no Carnaval Virtual, a escola conta também com os Carnavalescos Airton Gouveia e Humberto Mansur, que foram as grandes revelações do Carnaval Virtual de 2020.
Confira a entrevista cedida pelo presidente, Murilo Duarte:
1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?
Eu conheci a LIESV pesquisando grupos de carnaval real no antigo Orkut, no ano de 2006. Era uma coisa completamente nova, e a interação acontecia quase que completamente na comunidade LIESV – Carnaval Virtual e em chats que os participantes abriam no Yahoo Messenger. Fiquei completamente encantado com a ideia.
2- Qual a história da sua escola, como foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolos nome?
A Falcões da Serra foi fundada em 2007, depois de eu ter vencido o grupo de acesso como desenhista pela Colibris. Embora a própria Colibris tivesse nascido na Paraíba (na época o presidente era o Guilherme Dourado, que morava na Bahia), não havia uma representação do estado da Paraíba nem muito menos uma agremiação de Campina Grande. O nome da escola foi surrupiado de um famoso clube de motos da cidade, e as cores foram inspiradas na minha escola de coração, a Mocidade Independente de Padre Miguel.
3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?
O nosso enredo se chama “Geração Mimimi – O mundo mudou… porque nos tornamos pessoas melhores”. Dentro da série de enredos politizados da nossa escola, uma tendência clara do Humberto Mansur desde o ano passado, nós pretendemos demonstrar que é justamente o tal do “mimimi” que tem tornado este mundo mais hospitaleiro para aqueles que, por serem membros de “minorias”, eram cotidianamente oprimidos. Ainda não há um mapa de alas e alegorias fechado, então não há como antecipar o número de elementos que formarão o desfile.
4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?
Nossa equipe artística é formada pelo Humberto Mansur, egresso da Lagarto Feroz para o cargo de enredista, e pelo Airton Gouveia, um talentosíssimo desenhista que foi recrutado pela diretoria da LIESV e indicado pra nós. É o terceiro desfile que eles farão à frente da Falcões da Serra. O nosso intérprete será o Wander Pires, da Mocidade Independente e da Unidos de Vila Maria.
5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc
Encomenda.
6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2021, tanto de vocês quanto das coirmãs?
Nós esperamos sempre que o desfile da LIESV seja cada ano maior. Para isso, fazemos todo o esforço para aumentar o nível técnico, inclusive desenhando para escolas concorrentes (risos). Desejo muito que a Falcões seja a campeã do especial, a Estrela do Amanhã, vice; e as demais todas empatadas em terceiro lugar (risos).
“Geração Mimimi – O mundo mudou… porque nos tornamos pessoas melhores”
“Geração mimimi” essa, hein… É 2021 e as pessoas não sabem levar nada na brincadeira! Não pode se fazer piada com nada, o politicamente correto tomou conta de tudo!
… Ou será que é assim mesmo?
Os tempos mudaram.
Uma criança de jardim de infância acorda. Começa a se preparar para a escola, se veste, prepara sua lancheira… e acidentalmente derruba algo. Os pais da criança veem a cena, e se incomodam. Afinal, alguma coisa em que eles investiram algum dinheiro está quebrada. Em uma realidade antiga, a criança seria punida severamente. Talvez fosse forçada a ajoelhar no milho, talvez apanhasse, talvez ficasse de castigo. Mas nós vivemos na tal da geração mimimi. A criança não precisa se preocupar com uma agressão física. Os pais da criança compreendem que acidentes acontecem, limpam a bagunça, pedem pra criança tomar cuidado da próxima vez… e só. E na escola, também não sofrerá isso. Ela não apanhará dos professores por ter feito algo errado, pois as novas gerações educam sem machucar. E talvez, só talvez, elas pudessem educar as gerações passadas sobre o porquê de não serem a “geração mimimi”.
Quando a pessoa cresce, ela começa a ver que os tais dos “mimimis” não estão aqui porque o mundo tá chato. Eles existem para que as pessoas possam olhar umas pras outras como iguais, independendo da aparência exterior ou interior. A cor de pele não te define, e piada com preto não é piada. Seu peso não te define, e piada com gordo não tem graça. Deficiências físicas? Só mostram a valentia da pessoa. Homossexual? Transsexual? Autista? Não significa que você é menos gente que ninguém. Ninguém é um estereótipo.
E quando se olha pro passado… ai que falta fizeram esses mimimis! Quem dera não tivéssemos perdido mentes brilhantes pra depressão, pra repressão, pra humilhação! Quem dera ser diferente sempre tivesse sido motivo de admiração, e não de exclusão! A humanidade, que ainda que avançando a passos rápidos, sempre evoluiu devagar quando o assunto é entender o próximo… mas se não tivesse, quem sabe nós não tivéssemos deixado as guerras de lado? Quem sabe não estaríamos dando amor aos próximos e repartindo nossas riquezas livremente sem o medo de sermos “xingados” de comunistas por alguém que dizia que os antigos tempos eram muito melhores?
E mais. Não é de hoje que as pessoas fazem o tal do “mimimi”. Sempre houveram pessoas que quiseram mostrar que o respeito e a compreensão estão acima de tudo. Que mulheres também podem ser as donas da rua, que se o povo abrir a mente, descobrirão que gay também é gente… e que, no final de tudo, é justamente pelos tempos modernos terem tornado o “mimimi” mais fácil de se propagar e de se ouvir que ele deixa de se tornar apenas reclamação e torna-se luta por direitos, movimentos para mudar o mundo, a voz que faz a sociedade ter certeza que, hoje, nós somos pessoas melhores do que éramos ontem, e amanhã, seremos pessoas melhores do que somos hoje.
O mundo está chato. E que bom que está.
Porque a tal da “geração mimimi” só nos enche de orgulho.
Autor do enredo: Humberto Mansur