Contando a história de Severino, um retirante Nordestino, Unidos do Bitte chega à LIESV.

A Unidos do Bitte vai trazer um grande enredo para o Carnaval de 2018. De autoria de Charlton Junior e João Salles, o enredo vai contar a história de um Retirante que sai do Sertão Nordestino em busca do litoral, no intuito de fugir da morte.

Segundo Charlton a escola irá impactar: “Nessa aventura, Severino se depara com alguns personagens e mesmo fugindo de forma latente, ainda assim, por muitas vezes encontra a morte, o que lhe gera algumas incertezas se realmente vale a pena viver. Com a pretensão de figurar as melhores posições, era necessário impactar, e o buldogue da LIESV apresentará um enredo relevante em busca de um grande carnaval.”.

Já de acordo com João Salles, esse é um enredo denso e cultural: “O enredo se baseia na obra “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto, escritor Pernambucano. Li esse livro nos tempos de ensino médio para fazer o vestibular, e ao conversar com o Charlton sobre o calor que estava fazendo no último mês no nordeste (Charlton é de Salvador e eu de João Pessoa), tive a ideia de propor essa obra como inspiração para o Carnaval da Unidos do Bitte, onde falaremos da história de Severino que foge da seca, calor, fome e miséria do Sertão da Paraíba em busca do litoral de Recife.”.

Para o presidente Alex Ricardo, a expectativa é impressionar a todos: “Minha expectativa é impressionar à todos que vão assistir os desfiles. Primeiramente é isso o que mais importa, é fazer um grande espetáculo para o público. Tendo realizado esse grande espetáculo a Unidos do Bitte dá um grande passo para os jurados avaliarem bem a escola nesse 1º ano de desfile.”

Confira abaixo a sinopse do enredo da escola.

Enredo 2018: “A epopeia de Severino de Maria, do finado Zacarias, lá da Serra da Costela, nos limites de Paraíba.”

Sinopse:

A epopeia de Severino de Maria, do finado Zacarias, lá da Serra da Costela, nos limites de Paraíba.

Introdução

Quem é, e a quem vai ? É Severino! Na verdade, como haviam muitos Severinos que eram santos de romaria, o chamavam de Severino de Maria, do finado Zacarias, o que eram ainda poucas definições, então o chamaram de Severino de Maria, do finado Zacarias, lá da Serra da Costela, limites de Paraíba. O que ainda continuara pouco, tendo em vista que existiam muitos com as mesmas características do sertanejo, e se eram “Severinos” iguais em tudo na vida, morreriam da mesma morte, a Morte Severina.

1º Setor – Partindo do sertão, vai em busca do Litoral

Severino, saiu do sertão nordestino, em busca do litoral, mas não por ganância ou algo do tipo, e sim, fugindo da “Morte Severina” que assolava na sua região. Logo na saída encontrou os “irmãos das almas” (lavradores que foram encarregados de levar o corpo de um outro Severino, vítima de morte matada, encomendada por latifundiários) a um cemitério, o Cemitério de Torres, na cidade de Toritama. Compadecido, ofereceu sua companhia, tendo em vista que era estrada para o seu destino final.

2º Setor – Diante das mortes, incertezas, mas com perseverança, rumo à Recife!

Severino seguiu em busca do litoral, que aos poucos foi acompanhando a morte do Rio Capibaribe, passando por um vilarejo, ele ouviu uma cantoria vinda de uma casa, a cantoria tratava-se do “canto de excelências”, um canto fúnebre, em honra a outro Severino morto. Após perceber que o rio definitivamente tinha morrido, ele pensou em desistir de seguir o seu rumo, pois, acreditava que era as águas do Capibaribe que lhe guiariam até o litoral, mas, perseverou e seguiu. Resolveu então instalar-se nesse mesmo vilarejo e conversando com uma moradora, ele notou que nenhuma das atividades exercidas alí, eram as que ele exercia na sua região, lá só se trabalhava com atividades relacionadas a morte, como coveiro e benzedeira. Severino então resolve continuar sua caminhada, e se depara com a “Zona da Mata”, zona de ligeira prosperidade, um alento para o retirante que até então, só encontrava a morte, encantou-se com a verdejante natureza do lugar, mas para sua decepção, percebeu ainda a presença na morte ao testemunhar o funeral de um lavrador no cemitério local. Abandonou o pensamento inicial de encerrar ali a busca que mantinha pela vida, continuou sua viagem e apertou os passos rumo à Recife.

3º Setor – Frente a morte matada ou morrida, sempre brotará uma vida explodida, uma vida severina!

Chegando em Recife, ele parou pra descansar ao pé de um muro, lugar esse que era um cemitério e Severino então escutou a conversa de dois coveiros, eles conversavam sobre o trabalho que os retirantes lhes davam após mortos, diante desse encontro novamente com a morte, Severino resolveu entregar-se a ela, atirando-se em um rio. Ao se aproximar do rio, encontrou um ribeirinho chamado José – prontamente o chamando de mestre carpinta – e o indagou o melhor lugar para se suicidar, o mestre respondeu positivamente, mas tenta convencer o retirante a não se atirar. Severino pede então que lhe dê uma única razão para não fazê-lo. O mestre foi interrompido por uma mulher, anunciando o nascimento do seu filho, todos comemoraram, e ouviu prognósticos ruins de duas ciganas a respeito do futuro da criança, o mesmo não deu importância. Recordando-se da pergunta de Severino, o mestre dispõe-se a respondê-la. Afirmou então que ele, não tem a resposta para a questão de saber se a vida vale ou não a pena, mas que o nascimento de seu filho funciona como resposta, representando a reafirmação da vida diante da morte.

Autores: Charlton JR e João Salles

A Unidos do Bitte não realizará concurso de samba enredo, será encomenda.

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