Do real para o virtual: Mocidade Unida da Mooca cria escola de samba virtual na LIESV, confira o enredo!

Valorizando a LIESV, de onde os dois últimos carnavalescos da escola saíram, a Mocidade Unida da Mooca montou um departamento pra tomar conta da escola virtual, visando exatamente o celeiro de talentos que a LIESV é.

A tradicional escola do bairro da Mooca na capital paulista não está para brincadeira e o enredo de estreia é uma história muito forte.

Falamos com Beto Monteiro, presidente da escola virtual, vejam o que ele disse:

1- Porquê a escola escolheu esse enredo?

Para o Carnaval Virtual de 2020, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Virtual Mocidade Unida da Mooca apresenta o enredo “Metuktire: A saga de um gigante curumim”.

A narrativa foca na luta do notório líder indígena Raoni Metuktire e é contada a partir do surgimento dos primeiros homens Mebêngokrê, povo de Raoni, até Guajupiá, a terra prometida aos indígenas. Um enredo atual necessário e que segue a linha crítica de enredo da Mocidade Unida da Mooca.

2- Como será desenvolvido na passarela João Jorge 30? (Ficha técnica, alas, alegorias,casais e afins)

Surpresa! Mas podem ter certeza que a escola virá linda com o nosso carnavalesco Alberth Barbosa. Um talento muito promissor que já realiza alguns trabalhos na parte artistica da escola e também para o Boi Garantido e podem apostar que será uma grata surpresa a todos.

3 – Qual a motivação da escola em busca do título?

O título será a consequencia do trabalho desenvolvido. O principal intuito quando fundamos a MUM Virtual é lapidar e revelar talentos, dando oportunidades para pessoas que tem interesse em se desenvolver nas atividades da escola virtual e quem sabe posteriormente tendo uma oportunidade na escola real.

4- O que os espectadores podem esperar da escola em 2020?

Um lindo desfile, com muito detalhes e um samba excelente.

5- Como será feita a escolha do samba?

Abriremos concurso para todos os compositores e esperamos lindas obras com esse lindo enredo.

6- Considerações finais

Gostaria de agradecer primeiramente o nosso presidente Rafael Falanga pela responsabilidade e confiança que me foi dada. A todos da LIESV e as demais co-irmãs o meu agradecimento pela recepção. A minha equipe pelo excelente projeto que se inicia e tenho certeza que teremos sucesso no dia do desfile.

A sinopse :

Metuktire – A Saga de um Gigante Curumin

De Mapiá, o céu xinguano, homens celestiais espiam o ermo que se encontra abaixo deles. Através de uma corda mágica, descem a esse lugar. Paralelamente, a primal cunhã, filha da deusa da chuva, briga com sua mãe. Furta desta muitas sementes, segue os homens pela corda e, ao chegar na terra, presenteia-os com elas. Os homens então plantam essas sementes até onde os olhos não mais podem enxergar. Assim surgem a ingente Pindorama e o valente povo Mebêngocrê. Depois de povoarem parte da terra apelidada pelos kariwas de Amazônia, os Mebêngocrê passam a ser conhecidos também como Caiapós, ou “parecidos com macacos”, pois em alguns de seus rituais, usavam máscaras de macaco.

É deste grupo que, na década de 1940, nasce o pequeno grande curumin, redentor de seu povo e lutador pelos direitos da terra: Raoni Metuktire. Desde jovem, distingue-se dos outros pelo seu botoque, disco implantado na pele do lábio inferior e que denota bravura. Ainda jovem, ele presenciou o kariwa derrubando árvores com tratores e correntes, devastando assim sua terra. Nessa tensão entre Caiapós e brancos, muitos são da ideia de que os indígenas deveriam guerrear. Raoni, contudo, propõe o uso da inteligência e, valendo-se das habilidades em língua portuguesa que aprendera outrora com os irmãos Villas Bôas, representa as etnias da região (Mebêngocrês, Suyas, Kajabis e Iaualapitis) em negociações com o Estado brasileiro pela demarcação dos territórios indígenas. Segundo o próprio: “Somos poucos. Se lutarmos sozinhos, morreremos. Antes de lutarmos, precisamos nos unir.”A saga indígena na peleja por demarcações foi registrada em um documentário que, no ano de 1978, ficou mundialmente conhecido. Com isso, Raoni ganha projeção internacional.

Na década de 1980, com o poder de sua palavra, representa bravamente os povos xinguanos contra o maquiavélico projeto Kararaô, cujo objetivo era construir uma enorme barragem no rio Xingu, o que desviaria o curso do rio, alagaria a mata virgem e destruiria fauna e flora locais. Um verdadeiro ecocídio! Por muito tempo, a pressão dos povos liderados por Raoni surtiu efeito. Mas infelizmente na década de 2010, o projeto mudou de nome e o monstro de concreto renasceu sob a alcunha de Usina de Belo Monte. Além de barragem, o kariwa também ergueu uma usina hidrelétrica sob o pretenso objetivo de progresso. Progresso pra quem? Raoni: “No passado fomos enganados. Prometeram para nós e fomos enganados. Nos deram dinheiro. Mas dinheiro acaba, terra continua.”

Raoni presente! Através de suas importantes falas em eventos internacionais, de suas reuniões com políticos influentes e artistas reconhecidos, da inauguração da Fundação Selva Virgem, da constante denúncia do garimpo ilegal e do esvaziamento da FUNAI – “a FUNAI é dos indígenas e não dos ruralistas” – renasce no povo do mundo a consciência ancestral sobre a biodiversidade, sobre a terra, sobre nossos corpos e espíritos. O indianismo e o bem-viver de Raoni são uma necessidade global e urgente.

A luta de Raoni Metuktire, o pequeno grande curumin Caiapó, é a luta de Sônia Guajajara, de Ailton Krenak, de Daniel Munduruku, de Telma Taurepang, de Davi Kopenawa. É a luta dos Tupinambás extintos em busca obstinnada de sua terra sem males: Guajupiá. Essa luta é minha. É sua. É da Mocidade Unida da Mooca. Se não lutarmos juntos, como lutaremos? Se não nós, quem? Se não agora, quando?

Autores do enredo: Alberth Barbosa, Beto Monteiro e Luana Araújo

Agora as regras do concurso:

– SAMBAS ATÉ 25/05/2020
– SEM NÚMERO MÁXIMO DE COMPOSITORES OU OBRAS
– LETRA ENTREGUE EM DOCUMENTO WORD E GRAVAÇÃO EM MP3 (NÃO PRECISA BASE OU GRAVAÇÃO PROFISSIONAL)
– E MAIL DE ENTREGA: secretaria@mocidadeunidadamooca.com.br
– WHATSAPP (11) 984674421
– NÃO UTILIZAR O TERMO “GUAJUPIÁ”. USAR TERMOS EM PORTUGUÊS COMO POR EXEMPLO: “TERRA SEM MALES”, “TERRA PROMETIDA”, “PARAÍSO”, ETC (USEM SUA IMAGINAÇÃO)

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