Carnaval Virtual 2023 – “E aê, meu Rei? Fui em salvador pra te encontrar”, a Paracambi Imperial homenageará o artista Carybé

A Paracambi Imperial prepara uma bela homenagem ao artista Hector Julio Páride Bernabó, mais conhecido como Carybé, com o enredo “E aê, meu Rei? Fui em salvador pra te encontrar”, de autoria do carnavalesco Rodrigo Barboza.

Confira a entrevista concedida pela presidente, Karine Moreira:

1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?

Por sempre ter sido amante do carnaval, conheci a LIESV e o carnaval virtual há uns 10 anos, entrei para conhecer melhor, me apaixonei e nunca mais saí.

2- Qual a história da sua escola, como e onde foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolo e nome?

Fundamos a Paracambi Imperial há 9 anos atrás. Juntamos um grupo de apaixonados por carnaval e por achar o carnaval virtual instigante e diferente, resolvemos fundar a escola. A Cidade de Paracambi era a Cidade de um dos participantes e por não ter nenhuma escola virtual que representasse a Cidade, surgiu a Paracambi Imperial. Tendo as cores verde, azul e branco e o curió imperial como símbolo.

3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?

O enredo se chama: “E aê, meu Rei? Fui em salvador pra te encontrar“. Onde contaremos a vida e trajetória do grande artista Carybé. Meu carnavalesco sugeriu o tema e de cara adoramos o enredo, tem tudo para nos proporcionar um ótimo samba e uma plástica rica e exuberante. Viremos á princípio com 5 carros, 2 tripés, 1 elemento cenográfico e 25 alas.

4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?

Bem, conseguimos trazer para a escola o talentosíssimo carnavalesco Rodrigo Gonçalves, que ficará responsável pela parte artística e pelo enredo da escola. O querido Elídio Fernandes Junior fará a revisão do enredo. Já no carro de som, continuaremos mais um ano com o grande Rafael Faustino.

5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc?

REGRAS PARA CONCURSO DE SAMBA ENREDO DA (Paracambi ImperiaI) – LIESV CARNAVAL VIRTUAL 2023
– Data limite para entrega dos sambas: 05/06/2023;
– Divulgação do Samba Campeão: 07/06/2023;
– Poderá ser feito solo ou em parceria de compositores? SIM
– É necessário envio do áudio com no mínimo uma passada do samba, acompanhado ou não, de instrumentos? SIM
– Cada compositor ou parceria poderá colocar em disputa quantos sambas quiser? SIM
– Todos podem participar? SIM
– Os sambas inscritos só poderão ser divulgados após o fim do prazo de inscrição? SIM
– Enviar o áudio do samba concorrente em formato “.mp3”; acompanhado da letra do samba e nome dos compositores para o Whatsapp: (21) 98451-3817 Thiago Henrique;

6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2023, tanto de vocês quanto das coirmãs?

Que seja um ano de belos desfiles e que a Paracambi Imperial consiga fazer um grande e encantador carnaval.

Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Paracambi Imperial para o Carnaval Virtual 2023:

E aê, meu Rei? Fui em salvador
pra te encontrar“

  • Texto de enredo para ser lido sereno, sentado em latas de tintas, ao som de Dorival Caymmi, de preferência com sol, oferendas para Oxóssi ao lado e uma guia no pescoço evocando o nosso axé.

“(…)Todo baiano que preze, leva na sua bagagem: a bandeira da Bahia, um disco de Caetano, um Jorge Amado,e a bênção do Senhor do Bonfim e dos queridos pais! – Leandro Bahiah.”

O Cheiro de terra molhada voava no dia sete e nove de fevereiro de 1911, nascia e rastejava aos pés de um riachuelo em Lanús o Héctor Julio Páride Bernabó. A história se inicia, regala e chama o povo da rua. Os peixes rabiscam o terreiro, era uma fuzarca toda . O Jovem foi Pintor, gravador, ilustrador, muralista: e se dissesse que tinha mais ,eu acreditava! Um surrealismo grifado e emoldurado em suas pinturas estavam presentes. Engrenagem gira, gira faísca, giro emoldurado ,movimento e farrapos. De perna batida e mala pronta, a família se muda para Fivizzano ( cidade natal do seu Pai), depois para Gênova, Itália, e três anos depois para Roma. Em viagem para o Rio de Janeiro aos oito anos de idade , entrou para o Clube de Resgate do Flamengo, e foi lá, onde os membros eram identificados pelo nome de peixes, e desde então Héctor Julio foi consagrado pelo nome Carybé. Terra batida de pedra, Raízes. Foram tantas raízes ligadas umas às outras em um emaranhado de arte, que logo Chamei o meu povo novamente para dar uma paletada imaginária nas giras da rosa dos vento.

Galeria. As tintas desceram pela ponta do pincel. Os cacos quebrados “cantam” as mãos de Carybé e logo com o movimento arrasta nas criações de cerâmicas. Ainda no Rio, aos dezessete anos ingressa na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro. Com seu irmão Roberto consegue contratos para realizar decorações carnavalescas dos hotéis Glória e Copacabana Palace, Juntos, essa dupla criava e ardia como sol, que queima e castiga o Rio.
De volta para a Argentina. A pedido do baiano Josué de Barros, Carybé foi pandeirista do grupo que acompanhava Carmen Miranda em Buenos Aires . Firma, pinta, tinta, molha, apaga, aprova e retorna. Contratado pelo jornal “El pregón” disseram que esse foi o melhor emprego: viajar e mandar desenhos para o jornal. Em uma das suas viagens Carybé conhece outros países, e de cada cidade visitada mandava desenhos e uma breve reportagem sobre suas visões do local. Esteve pelos lados da Europa. As catedrais romanas, e sobretudo o povo da Espanha, da França, da Itália, da Inglaterra . Meu povo. Minha Gente. Em Sevilha, por exemplo, tem a Semana Santa, as moças a cavalo. Vinho, castanholas, bailes e saetas que o povo cantava para Jesus e Maria. Peru, Bolívia, Montevidéu, Paranaguá, Santos, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Vitória , e por fim Salvador.

O dia raiou, amanheceu numa manhã de agosto. O mar aberto. A sua imagem atracou no Itanagé e a cidade desaguou . Tarrafeado por sua luz no ano de 1941. Foi ali que firmou, fincou. Filho de Oxossi . Do subúrbio de Lanús ao chão da Bahia. Do pincel que arde e pede rabisco. De Juazeiro a Salvador segue viagem em um caminhão. Foi lá, nas batucadas e ao som do berimbau com mestre Bimba que aprendeu a lutar capoeira , frequentando candomblés (notadamente o de Joãozinho da Goméia) . Pinta, molda , rabisca em meio ao terreiro . Pelos encantos da pitoresca cidade ele se firma. Na casa da mãe baiana o radinho ecoava o som pelos céus, o som de Caetano Veloso, Gil, Tom Zé ,e me perdoe se esqueci o nome de Caymmi. Alimentamos de comidas sagradas. Acarajé, Caruru: e fica por ali também os arvoredos que são a morada dos encantados. Enquanto isso, Exu se alimenta, Laroyê. Naturaliza-se brasileiro aos 46 anos em 1957 e neste mesmo ano é confirmado Obá de Xangô do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá. Amazônia. Até os botos piruetavam. No sol da Bahia ao Calçamento de pedra batida. Pelourinho, e pula mais uma vez a calçada da festa. Sua festa, a comemoração dos seus 70 anos foi feita ao Largo do Pelourinho. Aguadeiras, lavadeiras com trouxas, homens e mulheres com balaios e tabuleiros, flores, cestos, latas d’água, frutas, animais, moringas, madeira, barris, até caixões de defunto. Lá, tudo nessa vida se carrega na cabeça! Banana, laranja, pimenta, farofa, pinga, farinha, folha, palha, mesa de pau, esteira, garrafa, caixa, caixote, erva doce, erva verde, calango, até o azeite de dendê pintou o dente. Era nas feiras! Nos mercados! Só depois que caminhava para os museus

“Eu trabalhei muito em jornal para poder ter dinheiro e ilustrava livros. Até que pouco a pouco pude me sustentar exclusivamente com a pintura…”. O ferro batido de Ogum fez história, fez Medalha, troféus, prêmios e exposições, fez espada! Foi naquela Bahia de sol quente igual pimenta que Carybé fez diversas ilustrações de livros para autores da literatura: Jorge Amado, Rubem Braga, Mário de Andrade e Gabriel García Márquez. Além de ilustrar livros de sua autoria e co-autoria, Macunaíma, Capeta Carybé, Jubiabá, parte de sua produção artística se encontra no Museu Afro-Brasileiro de Salvador, totalizando 27 painéis que simbolizam os orixás baianos, produzidos em madeira de cedro. Em 1981, após 30 anos de pesquisa, publicou a Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia. Em 1983 participou da criação do cenário e figurinos do Balé Gabriela, Cravo no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, assim como também esteve presente com sua arte na La Bohème – Ópera em 1985 no Teatro Castro Alves em Salvador, Bahia. E assim continuou, Carybé teve suas mão guiadas na Ópera Il Trovatore em 1994, e por fim, além de diretor artístico, figurinista e figurante do filme O Cangaceiro, de Lima Barreto, desenhou mais de 1.600 cenas do filme, Há quem diga que este seria o primeiro storyboard da história.
Seguia a cavalgada no lombo do cavalo, disseram por aí que ele viajou muito em companhia deles. Pintor de cavalos. Casco batido. Ferradura entalhada. Em 1968 o quadro cavalo pintado por Carybé foi oferecido à rainha da Inglaterra como forma de presente.
Amigos de todas as partes chegavam, dançavam, cantavam. O cheiro da amizade criava aliança com o rebuliço. Os Músicos, São Sebastião, o Grande Circo Sarazanni e o Candomblé estavam presentes. O amor entre Carybé, Jorge Amado e Pierre Verger ,foi um reg .Eu me encantei! Finalmente nós te encontramos, bem aqui! Perdido pelos lados de Salvador. Nunca mais dá um zig desse. Toca novamente o pandeiro! Pincela cada traço do”afro-brasileirissimo”! Porque há sempre uma batucada no final da noite. Uma saudação ao Rei Hector Julio Paride Bernabó e salve a minha Bahia. Meu povo, minha gente, minha nova escola Paracambi , que tão contente e tão feliz te vi voando na passarela…Pois é, agora veremos você andar pelo subúrbio com pincel na mão enquanto te vejo cavalgar juntamente com São Jorge ou talvez te ver brincar com São Cosme e Damião.
O Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá chorou em sua ausência no dia 2 de janeiro de 1997.Misturou-se então para sempre no seu legado deixado nas entranhas de uma boa pintura baiana .E agora depois de 25 anos sua história vira samba-enredo. Carybé se foi, pra viver na festa, na alegria da porta bandeira e na multidão que chegava na passarela.

Autor do enredo: Rodrigo Barboza

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