Gaviões Imperiais, mais uma escola a lançar enredo para o carnaval 2020.

Conversamos com o carnavalesco da escola Diego Martins, que fala um pouco da preparação da escola pro desfile virtual de 2020, segue a entrevista:

“1- Porquê a escola escolheu esse enredo?
– Foi um enredo criado especialmente para a Gaviões Imperiais, pelo grande Fábio Granville,
buscando uma nova cara no desfiles virtuais
2- Como será desenvolvido na passarela João Jorge 30? (Ficha técnica, alas, alegorias,
casais e afins)
– A escola virá com: 22 alas, 1 Casal, 5 carros alegóricos e 1 Tripé
3- O que os espectadores podem esperar da Gaviões Imperiais em 2020?
Podem esperar um desfile grandioso, e impecável…
Buscando também da minha parte como carnavalesco, tentar me redimir com os
acontecimentos passados nos desfiles de 2019
– Considerações finais
Agradeço ao presidente Leonardo Moreira pela oportunidade, confiança e liberdade de
trabalho.
Pode ter certeza que farei um desfile incrível, impecável e digno de campeonato..
Agradeço muito ao enredista Fábio Granville que entendeu a minha ideia, e nos presenteou
com esse lindo enredo.”

A escola encomendará o samba, vamos ao enredo. Abaixo a sinopse:

Enredo: “Retrato das Mães Pretas”
Carnavalesco: Diego Martins
Presidente: Leonardo Moreira
SINOPSE PRÉVIA
A cor da sua pele as distinguia, e por conta disso, eram escravas como todos os outros de
pele negra. Porém o leite que vinha dos seus seios tinha a mesma coloração branca das
suas senhoras que haviam acabado de parir.
Por necessidade da falta do leite materno, ou mesmo por preguiça de algumas senhoras da
alta sociedade, eram estampados nos jornais anúncios à procura de “amas de leite”,
escravas que, por conta da maternidade recente, possuíam quantidades suficientes desse
alimento essencial para nossa vida para alimentar os bebês brancos que nasciam nas
casas grandes.
As amas de leite eram, então, separadas de seus próprios filhos para poder alimentar e
cuidar do filho de quem mandava. Em troca disso, poderiam frequentar a casa, sem precisar
sofrer na senzala, porém, longe dos seus próprios filhos, descendentes do continente
africano, que estavam largados no mundo para ela poder exercer a função de mãe com o
filho dos outros. Algo parecido com que algumas empregadas domésticas passam ainda
hoje em dia ou de mães que perdem seus filhos negros por conta de balas perdidas.
Há vários registros de fotos dessas amas de leite com os bebês brancos. São retratos das
mães pretas, onde aparecem sempre muito distintas, com boas roupas, porém com uma
expressão sempre muito carregada de quem sofre por ter sido retirado o direito de ser mãe
do seu próprio filho para cuidar do filho de outra. Além da amamentação, as “mães pretas”
tinham também como função limpar, cozinhar e ser babás da criança da casa. Há também
bastantes documentos e pinturas da época, como as de Debret, mostrando as escravas
fazendo serviços com as crianças à tira colo, enroladas em um pano, à moda africana, e
tabuleiros na cabeça para não perder tempo com o serviço da casa.
Nada diferente das mães negras faveladas, com a lata d´água na cabeça e as baianas
quituteiras. As negras guerreiras do nosso dia a dia que não se derrubam por qualquer
coisa.
O leite materno aproximou duas culturas, duas histórias completamente diferentes. Uma, de
um bebê que nasceu em berço esplêndido e outra que nasceu em meio à uma tribo
africana. Enquanto a branca foi deixada de lado para uma escrava criar,esta negra tinha
várias lembranças de onde nasceu, da ancestralidade contada por um griô, de sua religião
forte e imponente, com diversas Deuses e orixás, que tiveram que virar santos para que isto
sobrevivesse na cultura do nenê branco. Nosso país também foi alimentado com esse “leite”
pomposo que é a cultura africana.
Hoje é o carnaval que nos alimenta dessas ricas histórias. O carnaval é nossa ama de leite,
é nossa “mãe preta”, que permite que essa cultura negra permaneça dentro de nós.
Autor do enredo: Fábio Granville.

Criação do Logo: Diego Martins.

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