Homenageando a Academia do Samba, Amigos do Samba apresenta “Lá vem Salgueiro” no Carnaval Virtual 2022

A tradicionalíssima Amigos do Samba apresentará no Carnaval Virtual de 2022 o enredo “Lá vem Salgueiro”. Presidida por Leandro Kfé, que também é carnavalesco da escola em parceria com Henrique Santos, a agremiação manteve toda a equipe de 2021, com Júnior Santana de vice presidente, Marcelo Ferreira de diretor de carnaval e Pingo Sargento de intérprete. A disputa de samba enredo da escola recebe sambas até o dia 15/06, participe do concurso!

Confira a entrevista cedida pelo presidente, Leandro Kfé:

1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?

R: O presidente diz que conheceu a LIESV em 2004, através de fóruns de carnaval, e desde então se interessou pelo projeto. EM 2005 junto Júnior Santana, fundava a escola que fez seu primeiro desfile em 2006 na CAESV, tendo como carnavalesca a Manú Albuquerque. A escola conquistou o terceiro lugar passando assim a fazer parte do grupo de escolas da LIESV.

2- Qual a história da sua escola, como foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolos nome?

R: A Amigos do samba tem uma longa história no carnaval virtual, fundada em 2005 por Júnior Santana e Leandro Kfé. A criação da escola buscava trazer a tela virtual toda a paixão que o samba e carnaval proporcionam. Nas cores Azul, Amarelo e Branco tem como símbolo Três Sambistas e um Pandeiro.
Desde o seu primeiro desfile em 2006, a Amigos do Samba busca com seus enredos leves, diferentes, sempre apresenta na avenida desfiles que busquem conquistar o pública e passar uma boa mensagem.

3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?

R: Nosso enredo, é uma homenagem ao Salgueiro. Vamos viajar pelo tempo, relembrar da fusão, desfiles campeões na Academia e claro, relembrarmos da sua marca forte de reverenciar a Bahia e a Negritude.

4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?

R: A escola decidiu por manter toda a equipe do último carnaval, acreditamos que o crescimento da equipe é constante e a cada ana a escola vem amadurecendo e apresentando coisas boas.

5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc

REGRAS PARA CONCURSO DE SAMBA ENREDO – AMIGOS DO SAMBA – LIESV CARNAVAL VIRTUAL 2022

– Data limite para entrega dos sambas: 15/06/2022;
– Divulgação do Samba Campeão: 29/06/2022;
– Poderá ser feito solo ou em parceria de compositores? SIM
– É necessário envio do áudio com no mínimo uma passada do samba, acompanhado ou não, de instrumentos? SIM
– Cada compositor ou parceria poderá colocar em disputa quantos sambas quiser? SIM
– Todos podem participar? SIM
– Os sambas inscritos só poderão ser divulgados após o fim do prazo de inscrição? SIM
– Enviar o áudio do samba concorrente em formato “.mp3”; acompanhado da letra do samba e nome dos compositores para o Whatsapp (21 993382743) ou e-mail (rangel.leandro@gmail.com);

6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2022, tanto de vocês quanto das coirmãs?

R: A Amigos do Samba espera e deseja, que seja um carnaval bastante disputado, desde os grupos de acesso ao especial. Com belos trabalhos.

Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Amigos do Samba para o Carnaval Virtual 2022:

“Lá vem Salgueiro”

INTRODUÇÃO

No dia 5 de março de 1953, nasceu o imponente Salgueiro.

Criado com muito amor, já estreou mostrando para o que veio. Ficando a frente da Majestade do Samba, a grandiosa Portela, em seu primeiro desfile.
Pisando firme e forte, mostrando a tua força e a sua grande fortaleza que é a sua comunidade. Mostrou que lá no morro tem muita gente boa e capaz de encantar com o seu talento.

Um lugar de gente alegre e feliz.

O Salgueiro surgiu a partir da fusão de duas escolas de samba do próprio Morro do Salgueiro, a Depois Eu Digo e a Azul e Branco.

Conquistou campeonatos, fazendo desfiles e levando sambas inesquecíveis. Viajou pela história do carnaval carioca, baseado no livro homônimo, trazendo a presença de Arlequim, de Colombina e Pierrô. Partiu para um enredo onírico, misturando realidade e imaginação. Contando sobre as fantasias que o Rei Luís XIII de França criava em sua mente sobre a Ilha de São Luís do Maranhão. Misturando ficção e realidade, burlando a proibição a temas estrangeiros. na teoria que discute a presença de fenícios no Brasil, para contar a história das Minas de Rei Salomão. De forma arrebatadora. Explodindo corações, fez uma viagem costeira entre Belém e Rio de Janeiro.

Nunca escondeu sua fé no espiritismo e amor pela Bahia. Fazendo louvação aos Orixás e Entidades. Exemplo de inspiração para aqueles que temem uma sociedade intolerante. Buscando alçar por vôos mais altos, ousou e tratou de fazer enredos que colocassem os negros em destaque e não como figurantes.

Popularizou pessoas negras que até então eram desconhecidas. Inseriu o negro no seu pavilhão e criou uma forte conexão e mostrou seu respeito pela África.

JUSTIFICATIVA

A proposta do carnaval da Amigos Do Samba 2022 é uma celebração a belíssima história do Salgueiro, homenageando a escola de samba e pessoas que contribuíram bastante para a sua história e deixaram um legado. Relembrando os desfiles marcantes e vitoriosos da Agremiação.

E fazendo uma viagem relembrando de alguns desfiles inesquecíveis que trouxeram o título para Academia e estão marcados em sua história. E nesse voo, chegamos a sua forte marca de exaltar a Bahia, o Espiritismo e de sempre dar voz ao Povo Preto.
Para aquele que não viu, poder ver e quem viu, reviver. A inspiração criativa vem através de imagens, escritas e sambas inesquecíveis. Esse enredo é uma construção coletiva de cada um que contribuiu para essa história, por uma comunidade apaixonada e uma legião de sambistas.

São diversos carnavais que inspiraram e trouxeram importantes reflexões para a nossa sociedade. Esculpidos em um mundo de fantasias; através de uma manifestação cultural, cantadas em versos e sambas-enredo.
O Salgueiro é uma escola de samba de pioneirismos, inovações e revolução estética. Nesses quase 70 anos, contribuiu muito para essa festa popular. E hoje reviver alguns desfiles e sambas memoráveis, nos fazem pensar que é um gesto cordial para nossa gente bamba e humilde. Um gesto de gratidão a quem tanto contribuiu para isso que tanto amamos, que se chama carnaval.

SINOPSE

Inspirada no passado do Salgueiro, a Amigos do Samba convoca seu povo para vestir sua fantasia e se apresentarem sob os olhares dos velhos bambas.
Seu mestre sala, mesmo cansado de tanto sambar, vai subir o morro com a Beatriz. Aquela conversa boa, de histórias da época da fusão, ao som das batucadas entre becos, ruas e vielas. Com a ilustre presença, da Estação Primeira De Mangueira, com muito tengo-tengo e samba no pé.

E muitos versos cantados, na boca de tanta gente, o Salgueiro não é pior, nem melhor, é apenas uma escola diferente. Que mesmo com alguns percalços, se fortaleceu mais ainda. Tua beleza é inspiração, no samba é uma tradição.
A passarela é tomada pelas cores do seu pavilhão, os pandeiristas fazem aquele samba de roda, um partido alto para cabrochas com sede de sambar. Seus baluartes desfilam com tamanha elegância. Uma Acadêmia que tem em sua história grandes e inesquecíveis personalidades. A maioria nasceu e se criou no morro. Entre tantos, nasceu Djalma de Oliveira Costa, garoto novo que andava pelas vielas na maior simplicidade, que adorava bater uma bola com os amigos. Dali surgiu o apelido “Sabiá” que logo veio a se tornar um dos fundadores do Salgueiro, compôs grandes samba-enredo e foi diretor de carnaval. A ponto de soltar a voz e arriscar de intérprete.

Como é o caso de um menino chamado Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, que acompanhou toda a fusão, foi da ala de compositores e tornou-se um líder. Com o seu entusiasmo, botava os componentes pra cima nos desfiles e transformou o Salgueiro numa verdadeira potência em harmonia. Falando pelo nome, talvez muitos não consigam saber quem é. Um senhor baixinho, de personalidade forte, às vezes confundindo por ter uma cara séria. Que não escondia a sua fé para ninguém ao estar sempre com os seus fios de conta. Mestre Laíla, a grande inspiração para a construção desse enredo. Um homem que nunca foi de sucumbir e sempre buscava os melhores caminhos. “Deu pra entender mané”?
A história da Alvirrubra, também é marcada pela passagem de Fernando Pamplona, que ao ser convidado para ser julgador dos desfiles das escolas de samba, o seu coração se apaixonou ao ver o Salgueiro desfilar. E inesperadamente, recebeu um convite para ser carnavalesco da Academia e ao aceitar, revolucionou o carnaval com os seus enredos e uma nova estética.

Falar do Salgueiro é falar de uma escola de samba, formada por grandes sambistas imortais, que vivem na memória de todos os sambistas atuais.
Dando um colorido multicor, trazemos a presença de Arlequim, Colombina e Pierrô. Com muito festejo e conduzindo passageiros mascarados, que sambam e cantam de verdade.
Vamos viajar para a Ilha de São Luís do Maranhão, no delírio do pequeno rei que viu o reino de França no Maranhão. E nessa delirante viagem a sala de espelhos da Côrte Francesa se transforma em floresta, os candelabros eram palmeiras, e os nobres do salão seriam indígenas. E na miragem de uma época distante, mil princesas procuravam descobrir, das minas guardadas em terras de Ofir. Fazendo uma viagem costeira entre Belém e Rio de Janeiro, no meio dessa avenida, vamos explodir o coração, na maior felicidade, contagiando e sacudindo essa cidade.

Chegando na Bahia, vejam as nossas baianas. Que cantam: salve a Bahia e o Senhor do Bonfim. Foi lá que Castro Alves, poeta imortal, falou de seu amor em poesia, pelo amor de Eugênia Câmara divinal.

Terra de todos os deuses, os meus olhos estão brilhando. Onde Preto Velho Benedito já dizia, felicidade também mora na Bahia. Lá encontra-se uma bela nega baiana com o seu tabuleiro de quindim, na igreja do Bonfim.

Na ladeira tem capoeira, um negócio de zum, zum, zum, zum, zum, zum, capoeira mata um. Saruê! Do Yorubá à luz. Com o Salgueiro a vida fica mais feliz, a folha nasce da raiz skindô. As águas de cheiro pra ioiô perfumam o vermelho e branco. Fé no axé. Ogãs batuqueiros dão o ritmo, fazendo da avenida um terreiro.

O Salgueiro inseriu a cor negra em sua bandeira e colocou o negro no mais alto patamar. O mesmo fez exaltando a religiosidade de matriz africana.

E de forma intensa em um dos seus inúmeras belos sambas-enredo, cantou que a escravidão extinguiu, a liberdade surgiu, como o poeta previu. Surgiu nessa história um protetor, Zumbi, o divino imperador. Para resistir com seus guerreiros em sua tróia. Popularizou Xica Da Silva, nessa sua tradição de ser pioneiro, Pela primeira vez, na história do carnaval carioca, se teve um enredo que falava de uma personalidade feminina. Dá para acreditar, que todo negro que desfila no Salgueiro, herda a dinastia de um dos seus homenageados, de um dos seus inesquecíveis carnavais, que popularizou Chico-Rei.
Entre tanta gente que canta e dança, tem festa para um Rei Negro. Num pega no ganzê, pega no ganzá.

Um lugar que é impossível sucumbir, sua comunidade ergue o punho, mostrando toda a sua
força cantando que o negro se libertou. É justo considerar o Salgueiro um Templo Negro em
tempo de Consciência Negra.
E em suas terras o negro vira ouro. Espaço de mulheres guerreiras, na luta, justiça e liberdade. Rainhas soberanas, que florescem pra eternidade. O tambor da academia, tem magia, tem axé.

Poder que contagia quem tem fé! Na sutileza dos teus versos, todo o encanto do universo e a divina criação mistérios da imensidão. Terra viva a riqueza.
Um morro cheio de malandros batuqueiros, de linho branco, na passarela vão se apresentar. Seu vermelho é inspiração, faz misturar ao branco nesse chão. Na força de um ritual sagrado.

Em pleno desfile, o circo está armado, um grupo de palhaços negros vão sambar e mostrar que no Salgueiro o negro não sai de cartaz e se entregar, jamais.
Uma escola de samba de ensinamento, sobre resistência, luta por igualdade e respeito com a cultura afro-brasileira. Todo preto pode erguer o brasão da Academia do Samba com orgulho e dizer que se sente acolhido no Quilombo Salgueiro.

Protegido pelo seu padroeiro Xangô. Senhor da justiça.

Kawó Kabiesilé!

Um Orum em solo carioca.

Texto/Pesquisa/Desenvolvimento: Henrique Santos
Esse enredo além de ser uma homenagem ao Acadêmicos Do Salgueiro, sua comunidade, torcedores e todo o povo do samba. É também uma homenagem especial a grandes personalidades eternizadas na história da escola. Como: Hildebrando Moura, Dirceu Nery & Marie Louise, Djalma Sabiá, Nelson De Andrade, Fernando Pamplona, Anescarzinho, Noel Rosa De Oliveira, Arlindo Rodrigues, Isabel Valença, Mercedes Baptista, Irmãs Marinho, Osmar Valença, Casemiro Calça Larga, Geraldo Babão, Eneida, Neca Da Baiana, Max Lopes, Paula Do Salgueiro, Narcisa, Maria Augusta, Rosa Magalhães, Joãosinho Trinta, Xangô Do Salgueiro, Zuzuca, Laíla e Bala.

Referências:
http://www.carnavalize.com/2017/04/dossie-carnavalize-salgueiro-templo.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Acad%C3%AAmicos_do_Salgueiro#Lugar_de_origem
http://www.apoteose.com/siteantigo/salgueiro/historico.htm
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/tecap/article/viewFile/10224/8010 As Áfricas De Pamplona e o Debret da Trinca
Entrevista do Mestre Laíla ao Conversa Franca – https://youtu.be/uIqZrfsykdA
Entrevista do Mestre Laíla no programa “Levada do Samba” – https://youtu.be/R5WPw-ZOCEA
http://www.academiadosamba.com.br/passarela/salgueiro/ficha-1957.ht

Autor do enredo: Henrique Santos

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