A Águia Imperial, escola novata que participou da Edição Especial – Milton Cunha agora em fevereiro, divulga seu enredo, logomarca e sinopse para a edição oficial do Carnaval Virtual 2021. Com um enredo que homenageará os dois Nenês mais importantes da história do carnaval paulista, Seo Nenê e a Nenê de Vila Matilde, a vermelha e branca aposta em uma equipe com nomes de peso em busca de um único objetivo: o título do carnaval virtual 2021 do grupo de acesso.
Confira a entrevista cedida pelo presidente da escola, Gabriel Farias:
1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?
Conheci a LIESV em meados de 2015, quando estava em busca justamente por ligas de carnaval virtual. Como na época eu não tinha noção de como funcionava e não conhecia direito a LIESV, não me inscrevi. Fui tirando minhas dúvidas e decidi que esse ano é o ano de dar vida a minha escola de samba virtual.
2- Qual a história da sua escola, como foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolos nome?
A Escola se chama Águia Imperial, foi fundada em 24.10.2020, tem as cores vermelho e branco, e o símbolo dela é a Coroa Imperial e a Águia Imperial. A história dela se baseia na inspiração em três escolas do RJ, Salgueiro (cores), Imperatriz (símbolo da coroa) e Portela (águia).
3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?
O enredo será contando a história de dois dos Nenês mais importantes da história do carnaval paulista. Sim, estou falando… é de você, Alberto Alves, o Seu Nenê, e a Nenê de Vila Matilde. A escola virá com sede de acesso e ouso até dizer que de título. Não há definição sobre o conjunto artístico.
4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?
A equipe que dará vida a este enredo será formada pelo presidente, Gabriel Farias, que também ocupará o cargo de carnavalesco junto com Franklin Silva, e o diretor de carnaval Junior Schall. E no carro de som, se der tudo certo, pode pintar uma voz marcante do carnaval paulista na LIESV. Aguardem os próximos capítulos.
5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc?
Regras do concurso de samba-enredo:
- Inscrições entre 25/04 e 15/05
- Permitido o envio de quantas composições quiser por parceria.
- Enviar pelo WhatsApp (11) 95376-5888 o samba-concorrente em formato .mp3 e a letra oficial com até duas passadas do samba.
- Após o término das inscrições, serão divulgados todos os sambas concorrentes na página da escola no site da LIESV e sendo divulgado o samba campeão no dia 20/05.
- Se não houverem inscrições durante o período, retornaremos com a encomenda. Se houver um só samba, esse será o campeão, passando pelas edições já conhecidas no regulamento vigente.
6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2021, tanto de vocês quanto das coirmãs?
Esperamos apresentar a todos um desfile monumental, bem diferente do que apresentamos na edição especial de fevereiro, e espero das co-irmãs, um show de qualidade e nível altíssimo, do jeito que o povo gosta.
Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Águia Imperial para o Carnaval Virtual 2021:
“Estou falando é de Você! Alberto Alves e Nenê de Vila Matilde, Orgulhos do Samba Brasileiro“
SETOR I – ALBERTO ALVES, SEU NENÊ
Tantos anos, de brilhante trajetória, é o que eu guardo na memória, sim, famoso baluarte do samba, Alberto Alves, ou melhor, Seu Nenê. Nascido em Santos Dumont (MG), Alberto Alves da Silva, Seu Nenê, foi o grande fundador de uma das escolas de samba mais tradicionais do carnaval paulistano, a Nenê de Vila Matilde, escola que leva seu nome até hoje. Seu Nenê pode ser considerado um dos sambistas mais dedicados do carnaval, já que mesmo debilitado, nunca deixou de desfilar pela sua escola querida, cuidando dela por muitos carnavais antes de deixar a presidência para seu filho, Alberto Alves Filho, o Betinho. O legado que Seu Nenê deixou ficará por muitos anos marcado na história do carnaval, seja ele paulistano, carioca ou de qualquer gentílico.
SETOR II – NENÊ DE VILA MATILDE
Lá vem Nenê, que lindo te ver, tirando em primeiro, segundo, ou em qualquer lugar, merece essa singela homenagem neste carnaval virtual de 2021. Segunda maior vencedora do carnaval paulistano, dona de tantos carnavais emocionantes, Nenê de Vila Matilde foi fundada em 1949 pelo também homenageado neste carnaval virtual, Seu Nenê. Curioso ou não, seu nome foi o último a ser escolhido, sendo sugerido por um dos integrantes que fosse o de Seu Nenê, o mais animado entre eles.
Durante os anos de 1949 e 1952 a Nenê desfilou pelos bairros da Zona Leste e do centro de São Paulo ao som de marchinhas da época. A escola só passou a competir no carnaval de 1953. A Nenê ganhou seu primeiro título em 1956, quando trouxe para a avenida o primeiro samba-enredo da história do carnaval de São Paulo, Casa Grande e Senzala, vencendo pela primeira vez a Lavapés, grande campeã das primeiras disputas de carnaval de São Paulo. Logo depois o seu primeiro tricampeonato é conquistado em 1958, 1959 e 1960. Na década de 1960 a Nenê foi a grande escola da época vencendo em 1963, 1965, 1968, 1969 e 1970 (seu segundo tricampeonato).
A segunda oficialização do Carnaval de São Paulo aconteceu em 1968, graças à luta dos sambistas da cidade liderados por Seu Nenê. Essa oficialização chamou a atenção de outras agremiações carnavalescas que não eram escolas de samba naquela fase, porém eram tradicionais na cidade, os Cordões e os Blocos. A Campeã do início da década e considerada “Bicho-papão” e a maior escola em atividade em São Paulo, com a entrada dos cordões em 1972 na disputa como Escolas de Samba, a Nenê perdeu espaço, mas continuou sendo uma das protagonistas do carnaval, ficou um bom tempo sem ganhar títulos, mas mesmo assim fazendo história. Como em 1975, o ano em que a bateria da Nenê foi a primeira de São Paulo a apresentar coreografias. No decorrer do ano, a escola sofre um primeiro golpe, se vê com sua quadra sendo interditada pela prefeitura. Em meados de 1976, após o Carnaval a escola enfim retoma a quadra, e com um contrato de espaço de 90 anos de uso, volta a ter tranquilidade e então para o carnaval de 1977 traz o ufanista enredo “Fatos Marcantes do Brasil”, o samba composto por Astrogildo Silva, cai no gosto popular após o então cantor Jair Rodrigues grava-lo em um LP, onde cantou diversos sambas de enredo de Rio de Janeiro e São Paulo.
O carnaval de 1978, fica marcado pelo tema “O Sonho de um Rei Negro”, muito elogiado pela critica. A Nenê vem então com um samba muito empolgante e, mesmo não sendo apontada pela crítica como uma das favoritas do ano, levantou a Avenida Tiradentes. Em 1979 com o samba “Treze Rei Patuá”, que foi apontado como o melhor do Brasil no carnaval daquele ano, perdeu por apenas 1 ponto o carnaval.
A década de 1980 chegou e a Nenê volta a viver seus melhores dias. Fez sambas e desfiles até hoje citados como alguns dos melhores de São Paulo: “Axé – O Sonho de Candeia” (1981), “Palmares, raízes da liberdade” (1982), “Gosto é gosto de não se discute” (1983) e “Sagração dos Deuses” (1984). Foi durante esse período que a Nenê conquistou uma de suas maiores glórias, a única bateria que ficou 26 anos consecutivos tirando apenas notas 10. Mas nenhuma dessas glórias foi capaz de trazer títulos para a escola, mesmo com os resultados aparecendo, a escola não conseguia ganhar.
Talvez entre 1980-4, a dor maior da escola foi o vice-campeonato de 1982, com alegorias revolucionárias, o samba praticamente entoado por toda passarela a escola perde para a Vai-Vai, causando um dos mais tristes episódios da agremiação. A disputa vai à justiça mas mesmo assim a Nenê não consegue reverter o resultado.
Em 1983 a Nenê faz novamente outro desfile grandioso, com muito luxo, samba no pé, simplesmente ensandeceu as arquibancadas e os presentes, sendo apontada até como provável campeã, mas a quebra de dois carros, acabou comprometendo o enredo e a escola abraçou um 3º lugar.
Outro ponto alto na talvez melhor década da escola após os anos 60 foi o desfile de 1984, a Nenê mais uma vez revoluciona e traz uma cobra ao estilo “dragão chinês”, para representar Oxumaré. A escola foi tão aplaudida a ponto de a crítica apontar novamente a escola entre as grandes favoritas da noite. Em 1985, com o enredo “Quando o cacique rodou a baiana, aí, ó” a Nenê finalmente deixou de bater na trave e após conquistar o seu décimo título com muito louvor, foi convidada para desfilar ao lado de Mocidade Independente de Padre Miguel e Beija-Flor de Nilópolis durante o desfile das campeãs do Rio de Janeiro, na Marquês de Sapucaí. Até hoje a Nenê é a única escola de São Paulo que recebeu esse convite.
Em 1986, a escola viveu um dos seus maiores momentos com o enredo Rabo do Foguete, desfile aclamado como o campeão da noite, no carnaval comandado pelo então carnavalesco Ritwylo de Souza, que revoluciona ao trazer um balé clássico na comissão de frente, onde as bailarinas representavam a Dança dos Cosmos,o que acabou encantando a todos no amanhecer da Avenida Tiradentes e ao lado de Camisa Verde e Branco, Rosas de Ouro e Vai-Vai era favorita, porém algumas notas acabaram afastando a escola do título alcançando assim o 3º Lugar.
Durante os desfiles de 1987, ano de grandes sambas, a Vila foi a última a se apresentar, com um estilo irreverente de desfilar, a escola levantou a Avenida Tiradentes com um samba sobre Pernambuco, e com muito frevo. Apresentando um dos melhores conjuntos de fantasias, mas alegorias pequenas e mal acabadas sucumbiram em um 5º lugar.
No ano de 1988, centenário da abolição da escravatura, a Nenê decidiu não homenagear a comunidade negra, sabendo que a maioria das escolas viria com um tema relacionado. Ao invés disso, a diretoria preferiu falar sobre a Zona Leste de São Paulo, segundo a visão de Paulistinha, um de seus grandes baluartes. No enredo, foi abordada, sob um ponto de vista extremamente positivo, a condição de ser um morador de um lugar tão abandonado. Também foram citados o Largo do Peixe, a fundação da escola, o trem que leva os trabalhadores de Guaianases à Estação Roosevelt (hoje anexada à Estação Brás) e o Corinthians. Devido à falta de destaques sobre os carros, a escola perdeu quatro pontos que a impediram de conquistar o título, porém mesmo assim ficou marcado com um dos maiores desfiles do carnaval de São Paulo.
O ano de 1989 simplesmente é dramático, a Nenê passa por momentos de dificuldades financeiras. Cantando seus quarenta anos de história, e apostando na inspiração afro, característica marcante da escola, passou com uma estética bem duvidosa e com diversos problemas, mais surpreendentemente foi apontada como uma das favoritas, o resultado acabou sendo um honroso 5ª lugar.
Após anos chegando perto, em 2001 a escola já não tem mais o aporte financeiro dos anos anteriores, porém manteve o time e decidiu novamente investir em materiais alternativos, e pontualidades, e graças a isso conseguiu construir um grandioso carnaval, surpreendendo até mesmo a comunidade. No dia do desfile novamente a escola fez muito sucesso com as arquibancadas, com um enredo sobre a negritude finalmente a Nenê conquistava um título que não vinha há 16 anos, título este que foi dividido com a Vai-Vai.
SETOR III – ESTOU FALANDO É DE VOCÊ, IMPERIAL E NENÊ, ÁGUIAS DO CARNAVAL
Neste último setor, haverá uma união entre a Águia da Nenê e a Águia da Águia Imperial, fazendo uma verdadeira reunião na passarela JJ30.
Autor do enredo: Gabriel Farias