
Nome da Escola: | Paraíso da Folia |
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Data de Fundação: | 01/11/2009 |
Cidade/Estado: | João Pessoa – PB |
Símbolo da Escola: | Coroa |
Cores da Escola: | Azul, Branco e Dourado |
Instagram da Escola: | Não tem |
Nome do Presidente: | João Salles Neto |
Nome do Carnavalesco: | Hélio Ferreira |
Intérprete: | Indefinido |
Outros Integrantes: | Thiago Tártaro – Enredista Cassius Silva (in memoriam) – Enredista Ewerton Fintelman – Diretor Musical |
Enredo: | Canoeiro de um rio de promessas: Ronaldo Barbosa, poeta de Tupinambarana |
Autor do Enredo: | Thiago Tártaro e Cassius Silva |

Sinopse:
De um porto distante, de seu descansar, ele veio para o seio da mãe Amazônia a fim de exercer a profissão de doutor. De sua canoa, pensava apenas em chegar, apenas em partir. Porém, ali ele mais aprendeu do que ensinou, prescreveu ou clinicou. Foi com o humilde povo ribeirinho que se conectou com a simplicidade. Foi no murmúrio do rio e no silêncio da mata que encontrou paz e refúgio. Na maior catedral do mundo, de abóboda verde e fé infinita, lhe fascinou a crença em Nossa Senhora do Carmo. A padroeira então abençoou seus versos e arranjos. Entre muitas juras de fé e devoção, viu a graça do pão e as lágrimas, sendo capaz de traduzir em arte o grito calado que se perdia no ar daquele povo simples, forte e guerreiro. E foi entre romeiros, proeiros pescadores, canoeiros, devotos e povos originais que escolheu viver, foi sobre eles que resolveu cantar para o mundo ouvir. Foi neles que encontrou a síntese de todo o universo.
“Tupimanbá”: povo do litoral. “Rana”: parecido com. Tupinambarana: a terra dos povos parecidos com Tupinambás. Parecidos com os Tupinambás porque uma vez não estando mais no litoral, não eram mais eles mesmos. Eram outros. Vieram do litoral para a Amazônia fugidos e lá encontraram outros, irmãos e ao mesmo tempo rivais. A chaga milenar da luta é a história da Amazônia cantada pelo poeta ribeirinho. Terra que nasceu de vontade feminina. Gaia? Amaterazu? Yeba? Ou apenas Mãe Natureza? Seja como for, da sua beleza nasceu tudo desde os tempos mais quaternários, de grandes animais a paleoíndios. Um dia, a terra foi invadida. Chegaram as cruzadas do velho mundo, do oceano em direção ao rio-mar. Imediatamente começou a resistência. Missões celebradas com tiros de morteiro, flechas, mortes. Em certo momento ouviu-se “Unankiê”, o lamento amazônico de um rio chorando de dor. Povos dizimados nesta dita colonização: a morte tem a cor da pele do kariwa. Nada vale como um Vale de lágrimas, mas o povo solta seu grito de guerra e segue forte. Nosso poeta, através de seu violão e com seus lindos e doloridos versos e acordes, encontrou na arte sua forma de resistência.
Na resistência cultural, as histórias dos povos da floresta se perpetuaram no imaginário do brasileiro ao longo de toda nossa formação, de sebastianismos misteriosos a amores impossíveis. Mas mesmo assim, largamente conhecidas, as lendas podiam ser recontadas e ressignificadas. A poesia é capaz de fazer renascer, afinal. Quem não se lembra da boiúna, as vezes de fogo como boitatá, as vezes escondida embaixo da terra? A cobra grande é objeto de versações, causos e contos. Imortalizada por várias manifestações culturais (inclusive o carnaval) a lenda de amor entre Sol e Lua, que gerou o rio Amazonas, o maior do Brasil, foi magicamente contada pelo nosso poeta. E por falar em amor… o boto romanceiro adensa as águas num assobio deixando a cabocla com um beijo seu. E se elas são seduzidas por ele, o canto da sereia vai seduzir você, homem desavisado. Não se deixe tentar, não se deixe levar. Tudo isso já existia antes do nosso genial compositor, mas depois dele essas histórias ganharam outra dimensão e viraram hinos no cancioneiro amazônico.
Se ele nos fez redescobrir histórias que já conhecíamos, mostrou-nos também aquilo que era hermético e difícil tal fosse prosa de roda. Da boia-cica sem cabeça, que a pajerana aprisionada no casulo encarou em sua viagem ao mundo dos espíritos, até um casamento tribal do alto Negro, em que maracás tocavam forte. Alertou-nos que quem revela os segredos de Jurupari sela seu destino e, de teu pó, será inseto. Traidor, podes virar até anopheles letal, que faz zunir o macabro recital dos mortos em Madeira e Mamoré. E se a mata tem um Jurupari que castiga e uma pajerana que vê os encantados caruana, existe também o misterioso Paini Pajé, que luta contra a serpente Dinahi pra salvar os templos de Monan.
Em seus anos de trabalho pela FUNAI, nosso versador ribeirinho presenciou a religiosidade dos povos originais. Essa religiosidade se presentifica em diversos rituais indígenas. “Humarê, ere citá”. O medo faz com que as tribos da Amazônia queiram se proteger do kariwa e outros agentes do mal, que criam abismos na terra, fendas profundas na mata e, por fim, matam os curumins, fazendo assim as tribos lamentarem e desejarem que os espíritos voem nas asas das eras: “curiató, iurimagua, paguana”. A nação Satere-Mawe inicia seus meninos com o ritual da Tucandeira. Eles enfiam as mãos nas luvas feitas de fibras de arumã, cheias de formigas. Se resistirem, serão guerreiros e assim se faz a passagem. Os Enauenê Nauês também fazem um rito de passagem, mas para tempos melhores: clamam pela aprovação dos deuses através de fartas ofertas de peixe com todos preparados para a grande lua. Por fim, diz também nosso poeta que os Carajás gritam “Siê Siê Siê” para que a luz se mantenha no mundo e o Sol não morra.
Mas quem é esse “ele”, “nosso poeta ribeirinho”, “gênio”, “doutor”? Ele é quem, entre vaga-lumes bailantes no ar, vem dançando com alegria, afinal ele é bicho homem, é o rei desse pedaço. Através de seu violão cantou tudo isso de que falamos. Bem viram os olhos da tribo, que lhe concederam o dom de compor, de tocar, de colocar suas composições na voz inesquecível de Arlindo Júnior. Ele é, enfim, Ronaldo Barbosa! Rei de Tupinambarana, poeta azul e branco de seu amado Boi Caprichoso, que encontrou o mundo em Parintins e leva Parintins para o mundo!
Autores: Thiago Tártaro e Cassius Silva
Regras do Concurso: | A escola encomendará o seu samba para o Carnaval 2025. |
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Após 5 carnavais com Sérgio Razera de Carnavalesco e três títulos na bagagem (2019, 2021 e 2022), a Paraíso da Folia apresenta mudanças na sua equipe para 2025. Sérgio torna-se Presidente de Honra da escola comandada por João Salles. Para a vaga de Carnavalesco, a Azul e Branco de João Pessoa traz uma aposta em Hélio Ferreira, multi campeão em outras ligas de Carnaval Virtual.
Buscando fortalecer a parte musical da escola, a Paraíso contrata Ewerton Fintelman para cuidar da produção musical do desfile e mantém o enredista Thiago Tártaro que está na escola desde 2022.
Por fim, esse enredo foi escrito em 2020 por Thiago e por Cassius Silva (falecido em 2023) e ficou guardado esperando uma oportunidade de ser apresentado. Cassius, que dá nome à passarela virtual da LIESV (Passarela Virtual Cassius Silva de Abreu), será homenageado durante o desfile de 2025.