Após o vice-campeonato do Carnaval Virtual na edição passada, a Mocidade Unida da Mooca quer apresentar novamente um belo espetáculo e se sagrar campeã, e para isso, terá como enredo “No meio do PitiMUM”, que será desenvolvido pelo carnavalesco Brunin.
Confira a entrevista concedida pelo presidente, Beto Monteiro:
1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?
Sempre acompanhávamos os desfiles de escolas virtuais e em 2020 nos foi feito o convite para participarmos dos desfiles. Aceitamos de imediato, por acreditar que a LIESV é um celeiro de artistas que despontam frequentemente ao carnaval real.
2- Qual a história da sua escola, como e onde foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolo e nome?
A MUM Virtual é um braço da Mocidade Unida da Mooca, integrante do grupo de acesso do carnaval de São Paulo.
3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?
Na temporada 2023 do Carnaval Virtual da LIESV, a Mocidade Unida da Mooca apresenta o enredo “No meio do PitiMUM”, uma grande homenagem ao Carimbó, ritmo musical nascido e cultuado no estado do Pará.
O nome do enredo nasce a partir de uma brincadeira com o nome da canção “No Meio do Pitiú”, grande sucesso de Dona Onete. Com um nome de enredo irreverente, também pretendemos mostrar com a mesma irreverência e alegria a história deste riquíssimo estilo musical.
Pretendemos abordar em nosso desfile a vida cotidiana dos caboclos ribeirinhos, pais e mães de direito do Carimbó, sua fé, seu trabalho, seus costumes e crenças. Falaremos de influências musicais que ajudam a compor o estilo e pretendemos também homenagear três dos maiores nomes do estilo: Mestre Verequete, Pinduca e a própria Dona Onete.
Assim sendo, a MUM te convida para colocar uma saia de chita, se preparar pra girar e colocar um sorriso no rosto! Porque na roda de Carimbó da MUM só terá espaço pra alegria!
4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?
A equipe artística vem sendo mantida pelos talentosíssimos Brunin, nosso carnavalesco, Thiago Tartaro e Tio Helio como nossos enredistas e a chegada da incrível Karina Salles como nossa interprete oficial.
5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc?
REGRAS PARA CONCURSO DE SAMBA ENREDO DA (DIGITE O NOME DA ESCOLA AQUI) – LIESV CARNAVAL VIRTUAL 2023
– Data limite para entrega dos sambas: 01/06/2023;
– Divulgação do Samba Campeão: 15/06/2023;
– Poderá ser feito solo ou em parceria de compositores? SIM
– É necessário envio do áudio com no mínimo uma passada do samba, acompanhado ou não, de instrumentos? SIM
– Cada compositor ou parceria poderá colocar em disputa quantos sambas quiser? SIM
– Todos podem participar? SIM
– Os sambas inscritos só poderão ser divulgados após o fim do prazo de inscrição? SIM
– Enviar o áudio do samba concorrente em formato “.mp3”; acompanhado da letra do samba e nome dos compositores para o Whatsapp (11) 98467-4421 ou secretaria@mocidadeunidadamooca.com.br;
6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2023, tanto de vocês quanto das coirmãs?
Esperamos, como sempre, um trabalho de altissimo nivel. Como costumo dizer, todas as escolas que fazem parte do grupo Especial, possuem totais condições de buscar o título. O trabalho está sendo feito com muito carinho para que a comunidade se sinta representada.
Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da MUM para o Carnaval Virtual 2023:
Eu acordo antes do sol pra trabalhar. Quando vou pegar a zagaia e a malhadeira, ouço os encantados assoviando no mato. O boto já engravidou uma menina da vila. Eu já vi o Mapinguari, tô te falando. Meu filho ouviu o canto da Iara num igarapé perto daqui. Na parte do Pará onde eu moro é um tudo misturado. Tem peixe, Jurema, rio, caruana, casa de tijolo, de palafita, de trovão… Eu rezo pra minha Nossa Sra. De Nazaré, meu São Benedito e pro povo de Aruanda, porque tudo existe. Tudo vai comigo na canoa e me dá sustento. Vou levando a Lua luar, carrego a noite, depois descarrego pra raiar o dia. Eu pesco, mas o pessoal lá na vila também tem roça, também cata castanha na floresta. E assim levamos a vida. Meu pai era índio, minha mãe preta. E tem primo meu que é branquelo azedo. Tudo misturado. Daí a gente resolveu cantar a gente. Cantar o que vive. A vida do doutor, se você for ver, é sem graça. Daí que a música do doutor era embolada, esquisita. A gente precisava da nossa música. Quando eu era menino, meu pai disse que uma vez, faz tempo, os pretos chegaram lá na ilha de Marajó. Eles estavam felizes porque a escravidão parece que tinha acabado. Então os índios fizeram uma festa pra eles. O preto perguntou o que era aquele tambor de pau e corda, ao que o índio respondeu que era o curimbó. Então o preto batucou no tambor do índio. Tudo misturado no meio daquela festa. E de curimbó, curimbó, foi indo, foi mudando, com outros instrumentos. E quando a gente quis cantar a gente, teve então o carimbó, com “a”. Carimbó que a gente dança, as vezes pra galantear, as vezes pra imitar o jeito dos bichos. Mas o carimbó é bom demais e tem de todo tipo. Tem o do Marajó, tem o de Santarém. Foi espalhando. Em todo Pará tem carimbó. Em todo Pará tem a gente cantando a gente. Teve uma época em que o doutor não gostava do carimbó. Isso foi logo no começo. Quem batia no curimbó era vagabundo. Mas como a gente é vagabundo se a gente trabalha e canta que trabalha? Quem eu vejo de papo pro ar é o doutor! Quem foi quebrando isso foi o Augusto Gomes, que logo o povo chamou de Verequete, porque diz que ele ia no vodu. Verequete era carimboleiro do bom. Ele parecia comigo. Era do rio, do Sol, da terra e dos encantados. Chama Verequete, que ele traz Ogum e a santa do Pará, Virgem de Nazaré. Verequete tinha medo de cantar um dos carimbós dele, porque diz que atraia a sereia. Verequete foi é rei do carimbó. Eu fico pensando pra onde ele foi uns tempos pra trás: tem o Orum, tem Aruanda, tem o Céu, tem meu pensamento. Tudo misturado. Chama Verequete, oh. Um dia eu fui ouvir o Pinduca, que também é do carimbó. E o Pinduca fazia um carimbó diferente. Diz que ele misturou o carimbó com umas coisas que não tinha no Brasil, uma tal de salsa, um merengue, os índios lá do México. Isso veio tudo pro Pará, pro Pinduca. Ficou foi bom. Carimbó do macaco, do tacacá, da sinhá pureza… O Pinduca fez tanto sucesso que foi até pro estrangeiro concorrer prêmio. Foi pra premiação com aquele chapelão dele, todo enfeitado. Pre você ver: meu filho foi pro Çairé de Alter do Chão uns anos pra trás e me disse que cantaram música do Pinduca lá. Pinduca é mundial. E a mulherada não fica só dançando o carimbó não. Ela faz o carimbó. Que sorte que a gente teve de a Dona Onete ter feito disco. Assim a gente pode ouvir. Ela ficou famosa já mais de idade, com uns 60 anos. E faz é muito sucesso. Esses tempos pra trás eu fui pra Belém e lá no Ver O Peso estava tocando Dona Onete, No Meio do Pitiú. O que eu gosto nela é que ela mistura boto, Belém e também o amor. Mulher falando que ama e ama quando for. Eu estou falando isso tudo porque uns meninos do samba vieram aqui e me fizeram um monte de pergunta. Queriam saber do meu carimbó. Queriam levar o carimbó pra uma tal de Mooca. Diz que o samba deles chama MUM. Os meninos gostaram do carimbó, fizeram até alegoria, costuraram saia de chita. E no fim, a gente brincou que o carimbó estava no meio do pitiú, depois no meio da MUM. O carimbó no meio do PitiMUM. Tudo misturado.
Autores do enredo: Thiago Tartaro e Tio Hélio