Corrigindo os erros de anos anteriores, Mocidade Curitibana, busca o título, e para isso leva para a avenida “João Jorge 30″, o enredo : ” Tia Ciata”.
Conversamos com o carnavalesco da escola, Bruno, veja :
1- Porquê a escola escolheu esse enredo?
Na verdade essa foi uma escolha do presidente da escola vir com uma história negra e abraçamos essa ideia.
2- Como será desenvolvido na passarela João Jorge 30?
A escola virá com 4 alegorias, 16 alas, 2 tripés e 1 casal de mestre sala e porta bandeira.
3- Como será feita a escolha do Samba?
O samba será encomendado.
4- O que os espectadores podem esperar da Mocidade em 2020?
Uma mocidade renovada, uma escola que está se lapidando, com uma outra estética, e buscando corrigir os erros do carnaval de 2019.
5- Considerações finais
Quero agradecer ao meu presidente Diego pela oportunidade de mais uma vez poder estar produzindo o carnaval para Mocidade Curitibana e pela parceria.
Como a escola encomendará o samba, não haverá concurso.
Abaixo, a sinopse:
Enredo: Tia Ciata
Sinopse
Hilária Batista de Almeida, conhecido como Tia Ciata, nasceu na Bahia em 1854, era cozinheira, iniciada no candomblé, mãe de santo e filha de Oxum. Aos 22 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, fugindo da perseguição policial contra as mães de santo, conhecido como Diáspora Baiana. Logo na sua chegada ao Rio de Janeiro, Tia Ciata conheceu seu primeiro amor, Noberto de Rocha Guimarães, com quem teve sua primeira filha chamada Isabel, relacionamento que não foi adiante. Solteira e com uma filha para criar, ela começou a trabalhar como quituteira na rua Sete de Setembro, sempre paramentada de suas vestes de baiana, seu tabuleiro de quitutes era famoso e muito farto que fazia a alegria dos transeuntes. Além dos quitutes, Tia Ciata era costureira e alugava roupas de baiana para os teatros e clubes de carnaval.
Tia Ciata também era curandeira, ela teria curado o Presidente da República, Wenceslau Bras de um machucado na perna que não cicatrizava, incorporando um orixá que a entregou uma receita curadora com ervas.
Tempos depois, Tia Ciata conhece João Batista Silva, um home negro com quem se casou e teve 14 filhos, relacionamento que foi fundamental para a sua firmação na “Pequena África” como era conhecido a área da Praça Onze. Era na casa da Tia Ciata, na Praça Onze que aconteciam os melhores pagodes, que eram festas dançantes, regadas a música, comidas e bebidas. Tais reuniões reuniões traziam diferentes compositores e figuras da noite carioca, como Hilário Jovino Ferreira, Donga, Sinhô, João Baiana e Pixinguinha. Eram comuns as rodas de samba e no terreiro rolava as batucadas. A casa da Tia Ciata era o berço do samba, pois era lá que o samba carioca nascia, foi no quintal de sua casa que Donga compôs “Pelo Telefone, o primeiro samba gravado em disco. Esses encontros eram sempre perseguidos pelos policiais, pois assim como o candomblé, o samba também era reprimido, porque tudo o que era negro era reprimido
Tia Ciata conquistou seu lugar de estrela no universo do samba e do carnaval carioca, era respeitada na cidade, ficou marcada como uma das principais animadoras da cultura negra nas nascentes favelas cariocas, nos primeiros anos de desfile das escolas de samba, era “obrigatório” as escolas passarem diante de sua casa, durante o carnaval, Tia Ciata armava uma barraca na Praça Onze, reunindo desde trabalhadores até a fina flor da malandragem, nesta barraca eram lançadas as marchinhas que ficariam conhecidas no Rio de Janeiro. Tornou-se símbolo da resistência negra, de axaltação do candomblé quando a prática era proibida e precursora do samba, é a força negra que luta para a sua cultura não sucumbir.
No ano de 1924, Tia Ciata deixa de ser nossa estrela terrestre para ser uma estrela lá no céu, as portas do céu se abre , Deus e os anjos a recebe no reino do céus. E assim deixamos o nosso muito obrigado a nossa tão querida e amada Tia Ciata por tudo o que ela fez pela nossa cultura, sem ela nada disso teria existido.
Autor: Bruno Jesus