Tradicionalíssima agremiação do Carnaval Virtual, a Gaviões Imperiais retorna as atividades depois de um ano parada, apresentando o enredo “Miscigenação Brasil” escrito por Fernando Constâncio e que será desenvolvido em 4 setores pelo carnavalesco Diego Martins. Presidida por Leonardo Moreira, a alvirrubra do Rio de Janeiro conta também com Leandro Thomaz como intérprete e Matheus Araújo como diretor de carnaval. O samba enredo foi encomendado.
Confira a entrevista cedida pela presidente, Leo Moreira:
1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?
Conhecemos a Liesv em 2006. Através do amigo Ewerton Fintelman que apresentou o projeto a Leonardo Moreira. Dali em diante o então presidente tinha a certeza que era preciso participar de tal evento que o deixou fascinado. O motivo por ter escolhido a Liesv foi por ser a pioneira no Carnaval Virtual e ser sempre uma liga organizada e séria!
2- Qual a história da sua escola, como foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolos nome?
Criada no dia 25/10/2006 em Santa Cruz no Rio de janeiro pelo então Presidente Leonardo Moreira. Tendo o gavião como seu símbolo e as cores Vermelho e Branco, a G.R.E.S.V. Gaviões Imperiais surpreendeu a todos no carnaval de 2007 já sendo a vice campeã do Grupo de Avaliação e tendo carimbado sua vaga para o grupo de acesso no ano seguinte. Além de surpreendentes carnavais a Gaviões também passou por dificuldades em diversos carnavais devido a alguns profissionais que passaram pela agremiação e não cumpriram com o seu trabalho. Porém a Gaviões sempre ressurge com força nos anos posteriores e luta para mostrar a sua força no carnaval virtual. E em meio dessas glórias e decepções, a Gaviões Imperiais vai pro seu décimo sexto ano de existência sendo uma das escolas mais tradicionais da Liesv em atividade. Somos a Gaviões Imperiais e nosso ninho é o seu coração!
3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?
“Miscigenação Brasil”. Será contado em 15 alas, 4 alegorias e 1 tripé.
4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?
Presidente: Leonardo Moreira
Vice: Diego Martins
Carnavalesco: Diego Martins
Diretor de Carnaval: Matheus Araujo
Intérprete: Leandro Thomaz
Enredista: Fernando Constancio
5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc
O samba será encomendado
6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2022, tanto de vocês quanto das coirmãs?
Esperamos que seja um carnaval grandioso para todas as coirmãs…
Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Gaviões Imperiais para o Carnaval Virtual 2022:
“Miscigenação Brasil”
Introdução e Justificativa
Para o carnaval virtual de 2022, a Gaviões Imperiais, em seu retorno à folia carnavalesca, apresenta como enredo “Miscigenação Brasil”, remontando a história da formação da sociedade brasileira, nos mais diversos tempos, espaços e através das mais diversas contribuições culturais e sociais dos povos que formam o nosso país. Somos marcados por contradições, conflitos, rupturas e permanências, que formam traços e aspectos únicos, dada tamanha pluralidade que se encontra em nosso território e permanecem vivos no cotidiano dos mais diversos tipos do “ser brasileiro”, constituintes de um território de dimensões continentais e que se fazem presentes nas mais diversas regiões do nosso Brasil. Do Monte Caburaí, no extremo Norte, em Roraima, ao Arroio do Chuí, no extremo Sul do Rio Grande do Sul, das contribuições da linguística, do canto, das vestimentas e das rezas que hoje formam nossos territórios e transbordam pelas linhas que desenham nossas vinte e sete unidades federativas.
Setor 01: Velho mundo no novo mundo
Era 22 de Abril de 1500 quando a esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral encontrava terra à vista, acreditando aportar no Novo Mundo, mas tratava-se de Porto Seguro. Enfim, o Velho Mundo encontrava-se com o Novo Mundo. Aqui encontraram populações vivendo em livre harmonia com a natureza, com suas organizações particulares e cultura própria, causando uma dicotomia com a realidade dos Europeus e das populações que conheciam até então. Mas as diferenças não foram um impedimento, é através desse contato entre o Europeu e os povos indígenas, em meio aos interesses de exploração das terras da recém descoberta Ilha de Santa Cruz, que aconteceu a primeira miscigenação que se tem notícias por essas terras.
Setor 02: A dolorosa miscigenação
Entre negociações e abusos, lá se ia nosso Pau-Brasil, cruzando mares para tingir tecidos e se espalhar pelo mundo. Em troca, ficavam espelhos, machados, outras tantas quinquilharias e a exploração da mão de obra dos indígenas, até que esse mercado não fosse mais lucrativo. Surgia assim um novo ciclo econômico de exploração por essas terras. Planta-se o açúcar, instala-se moinhos e fazendas. Mas a mão de obra era demasiada exigente, precisava de mais gente que o indígena local. Assim, foi do outro lado do Oceano, na Costa da Mina, que os exploradores portugueses foram buscar sua mão de obra para o novo negócio.
Cruzando o Atlântico, a bordo dos Navios Negreiros e enfrentando as tormentas dos mares, dos exploradores, a fome e as péssimas condições da viagem, chegavam ao Brasil milhares de africanos escravizados para trabalhar nas fazendas de açúcar. Acreditavam que tirar seus nomes e separá-los de seus ventres familiares seria suficiente para a subordinação. Estavam enganados. Aqui recriaram suas redes de sociabilidade, resistiram, fizeram lutar por seus lugares de direito, buscando refúgio, de toda a dor e crueldade da escravidão, em Quilombos, instalados no interior das florestas.
Os castigos e violências impostos pelos exploradores de além mar não se resumiam aos açoites, tal como fizeram com as mulheres indígenas, abusavam dos corpos das africanas escravizadas, invadindo-os, acreditando serem donos de tal. É desse contato violento e doloroso que faz surgir uma nova mistura de povos no território, agora chamado Brasil.
Setor 03: Caleidoscópio Brasil
O tempo passou para que se formasse por essas terras um verdadeiro Caleidoscópio Brasil, formado por diversas populações que habitam os quatro cantos do nosso país, marcando a regionalização do território. Os caipiras do interior, que acordam cedo ainda quando a lua alumia o céu e o galo canta para despertar na nova lida que se inicia, aos sertanejos das áridas regiões do Nordeste, pedindo forte em oração a “Padim Ciço” pra chuva molhar o chão e florescer a plantação. No norte, no em meio ao clima tropical da nossa floresta Amazônia, o pulmão do mundo faz viver em harmonia com seus ribeirinhos, que sobrevivem da pesca, das frutíferas árvores e de tudo o que o solo dá. Já no Sul deste território de dimensões continentais, entre o gole de chimarrão e um fandango, segue o gaúcho para cuidar da terra e do seu gado.
Povos de rica cultura e de importância extrema para a construção do nosso país e da nossa gente, mas que sofreram durante muito tempo sem garantias do Estado brasileiro e tiveram, por muitas vezes, partir em busca de um novo destino. Juntaram suas roupas e partiram rumo a um novo Brasil: repleto de prédios, casas, construções e carros. Um Brasil de oportunidade, emprego, mas também de exploração. É com esse movimento de migração que as grandes metrópoles irão surgir e a industrialização tomará conta do Brasil, fazendo crescer a população citadina em nosso território que é tomado por máquinas, vapor e progresso.
Setor 04: O mundo é aqui!
Tempos depois um novo movimento de deslocamento populacional ocorre em nosso território. Dessa vez, vindos do exterior e atraídos pelo progresso fabril, migram para terras tupiniquins diversos povos do mundo. De lá pra cá chegam Portugueses, que se instalam sobretudo no litoral brasileiro; Japoneses, que buscam em São Paulo oportunidade de negócio e desenvolvimento; Italianos que vão se fixar também em São Paulo, mas também irão povoar o Sul do Brasil, além dos alemães, espanhóis e Sirio-Libananes. Povos que aqui contribuíram com sua força de trabalho mas que também trilharam os caminhos da cultura, fazendo germinar em território brasileiro a diversidade de festas, manifestações e costumes de cada um dos povos que vieram pra cá, fazendo do Brasil um retrato plural do mundo, composto por diferentes povos e suas mais diversas culturas. O mundo é aqui!
Autor do enredo: Fernando Constâncio