De volta ao Grupo Especial, a Paracambi Imperial vai apresentar na avenida o enredo “Salve Vovó Maria Joana! De Jongo, reza e Serrinha.” Enredo que vai contar a história da Vovó Maria Joana Rezadeira. Baluarte e uma das fundadoras do Império Serrano. Com um novo Carnavalesco, a agremiação buscará fazer o melhor carnaval de sua história.
Confira a entrevista cedida pelo diretor de carnaval, Thiago Henrique:
1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?
Conheci a LIESV através de seus desfiles e em 2014 resolvemos criar uma escola e fazer parte da liga.
2- Qual a história da sua escola, como foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolos nome?
Na época havia um membro da escola morador da Cidade de Paracambi – RJ e como na Cidade não havia representantes no carnaval real, nem no virtual, criamos a GRESV Paracambi Imperial, temos como cores azul, verde e branco e o curió imperial como símbolo.
3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?
A Paracambi Imperial vai apresentar na avenida o enredo “Salve Vovó Maria Joana! De Jongo, reza e Serrinha.” Enredo que vai contar a história da Vovó Maria Joana Rezadeira. Baluarte e uma das fundadoras do Império Serrano. Nasceu em Valença, de família preta. Lá, aprendeu o Jongo. Mudou-se para o Rio, viveu na Serrinha. Foi mãe de santo, líder da comunidade, figura importante do Jongo da Serrinha, junto com seu filho Mestre Darcy. Parteira, ajudava a todos no morro da Serrinha, comunidade que tinha muito carinho por ela. Deixou de herança muitos saberes naquele lugar.
A Escola vai desfilar com 5 alegorias e 1 tripé e algo em torno de 28 alas.
4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?
O carnavalesco me apresentou a ideia de enredo antes de saber a características da escola ali vi que tinha que ser ele, nosso maior samba é o de 2017, quando contamos a história do Império Serrano. Aí ele vem com esse enredo, enraizado na serrinha, eu como imperiano e a Presidente como portelense ficamos encantados e bancamos o enredo na hora. Nosso carnavalesco é o Lucas Lopes e estou encantado com ele, ótimos desenhos e um compromisso com a escola fora do comum. Rafael Faustino continua como nosso intérprete, começou menino com a gente e evolui a cada ano, fazendo parte agora do carro de som da Portela.
5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc
Faremos eliminatórias, esse enredo pede eliminatórias, quero o imperiano e todo o mundo do samba compondo. Será um grande samba!
Regras:
Data limite para entrega dos sambas:15/06/2020
Os Sambas podem ser feito de forma solo ou em parceria;
Sem limite para nº de compositores;
Enviar áudio com pelo menos uma passada do samba, podendo ser caseiro;
Enviar letra do samba com o nome do(s) compositor(es) para thfl16@hotmail.com ou pelo WhatsApp (21) 98451-3817
6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2021, tanto de vocês quanto das coirmãs?
Um grande carnaval, que devo plasticamente há anos a todos os expectadores de nossos desfiles, e vejo no Lucas toda a capacidade para isso. Quero mostrar que a Paracambi Imperial é cultura, é estética, é potência.
Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Paracambi Imperial para o Carnaval Virtual 2021:
“Salve Vovó Maria Joana! De Jongo, reza e Serrinha.”
O GRESV PARACAMBI IMPERIAL contará, no seu próximo carnaval, a
história de Vovó Maria Joana Rezadeira, mulher negra, nascida na cidade de Valença, no Rio de Janeiro. Lá, aprendeu a dançar o Jongo. Veio ao Rio ainda jovem. Morou no Morro de Mangueira e, depois, na Serrinha, onde foi liderança. Foi ainda parteira, mãe de santo, curandeira e rezadeira conhecida pela cidade. Uma das fundadoras do Império Serrano. Junto ao seu filho Mestre Darcy do Jongo não deixou o jongo acabar. Fez dele patrimônio imaterial e ser aplaudido em vários palcos ao redor do mundo. Herança viva
no Jongo da Serrinha. Hoje, ela não está fisicamente entre nós, mas seu legado e memória ainda estão presentes. Salve Vovó Maria Joana!
Sinopse
Prece a Vovó Maria Joana Rezadeira
Salve Preta Velha
Jongueira e Rezadeira
É a fé e a caridade
Exemplo de bondade
Sempre estivestes com Oxalá
E sempre estarás
Dai- nos a força para seguirmos nossa missão Traga- nos a paz e a união
Dai-nos a sua sabedoria
Guiai nossos passos, Vovó Maria
(Poema de Lazir Sinval)
Maria, ancestralidade é seu sobrenome. Força de Oxalá. Xeu Epa Babá! Em suas veias, corre sangue de África. Representatividade. Força negra, raízes ancestrais. Herança de seus avós paternos e avô materno, vindos de continente mãe; avó materna, cabocla. Energia. Sabedoria. Tradição. Axé! Joana, nascida em Valença. Valença terra em que o negro, braço forte, fez o café prosperar. Saudades, fazenda que nasceu e cresceu. Lá, aprendeu a ler e a trabalhar. Batizada na Igreja de Nossa Senhora da Glória. Gloriosa, dança o jongo, herança, passada de geração em geração, que aprendeu e que carregou consigo. “Vem pra roda, menino, vem pra roda, menina, não vai dizer que vocês não sabe dançar. Cada um tem um tambor dentro do peito, e pra dançar o jongo é só deixar o coração guiar os pés.” Abre a roda, jongueiro! Mas primeiro saúde os tambores, as almas, Deus e Maria. Cantigas, toques, palmas. Liberdade. Lendas. Atabaques mágicos, sons que faze, brotar cultura, valores. Momento de conversa com seus antepassados, lazer, planos, diversão, festas pra tirar as dores. Identidade carregada na ginga, pelo batuque. De lá, veio pra cá. Casou. Morou em Mangueira. Foi ama-seca. Jongou. Mudou-se para a roça Serrinha e não parou mais de jongar. Pequeno Darcy, não deixe o jongo acabar! Rezadeira. Kaô Kabecilê. No Quilombo Cabana de Xangô, mostrou sua fé. Sagrado. Culto aos ancestrais. Curandeira. Imagens no congá. Devoção. Ladainha. Umbanda de caboclos, pretos e pretas velhas, erês, exus e pombogiras. Larôyes! Saravás! Adoração às almas! Saudações ao meu povo! Baixam, giram. Jogam-se os búzios. Mãe de santo. Sacerdote do mais lindo sabiá, Clara Nunes, filha de um Brasil-mestiço. Do glorioso Império Serrano, essa escola rica de história e que tanto agrega saberes, foi uma das fundadoras. Samba. Verde e branco. Coroa que brilha em seu pavilhão. Imponente. Árvore que dá frutos. Difícil de tombar. Embeleza essa festança popular. “Não somos donos de nada, mas tudo que sabemos devemos passar adiante.” Líder de uma comunidade. Paria os filhos do morro. Respeitada, de confiança e amada por todos. Legítima figura negra. Mulher guerreira. Representa seu povo. É jongo que fez ser conhecido e respeitado junto ao seu filho, Mestre Darcy. Da Serrinha. Único nas comunidades da cidade do Rio. Patrimônio imaterial, do povo preto. Herança. É canto. Encanta. Legado. No além e aqui, vovó Maria Joana vive. Personagem. Heroína do povo suburbano de Madureira, muito mais que um lugar. Carregada de axé. Axé, Vovó Maria Joana Rezadeira! Salve Preta Velha! Saravá!
Referências
A tradição do Jongo da Serrinha. Disponível em:
https://youtu.be/XC__FSs56DU. Acesso em: 1º mai. 2021.
Jongo – Folclore africano. Disponível em: https://youtu.be/Xf0Zeq1YDeA.
Acesso em: 1º mai. 2021.
Tambores do jongo. Disponível
em:http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/778/. Acesso em: 1º mai. 2021.
Vovó Maria Joana, a vovó de Clara Nunes. Disponível em:
https://youtu.be/B0rHqsDxVk0. Acesso em: 1º mai. 2021.
Vovó Maria Joana. Disponível em:
http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/vovomaria. Acesso em: 1º mai.
2021.
Autor do enredo: Lucas Lopes
