A luta dos povos indígenas por respeito às suas origens, tradições, língua e cultura é o enredo da Colombina Apaixonada no Carnaval Virtual 2022

A caçula do Carnaval Virtual 2022 é a Colombina Apaixonada. Fundada em 23 de Junho de 2022, ou seja, 15 dias atrás, a alvirrubra de Pouso Alegre-MG apresentará no desfile de 2022 o enredo “Devoraram a nossa terra”. O tema é estruturado em três pilares: Cosmovisão Indígena (lendas, mitos e deuses), o contato desde os primeiros colonizadores até o genocídio indígena e, por fim, os principais povos indígenas articulados dentro dos movimentos de resistência. Presidida por Rebeca Garcia, que faz quase todas as funções dentro da escola, como carnavalesca, designer e enredista, a escola conta com Luan Bessa como intérprete. O samba foi encomendado.

Confira a entrevista cedida pela presidente, Rebeca Garcia:

1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?

Conheci a LIESV através da G.R.E.S.V. Mocidade Independente. Eu não conhecia o carnaval virtual, mas fiquei instantemente apaixonada. Escolhi a LIESV por conta da confiança de que é uma liga séria.

2- Qual a história da sua escola, como foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolos nome?

Foi fundada em 23/06/2022 na cidade de Pouso Alegre/MG, apesar de eu ser carioca. As cores são vermelho e branco em homenagem à Viradouro que é minha escola do coração desde 2007. Nosso símbolo é a colombina, assim como o nome da escola. Isso também é uma homenagem à Viradouro por conta do samba desse ano que falava sobre “um Pierrot Apaixonado”… Acabou virando uma brincadeira minha assinar meus comentários no Instagram da Viradouro como “uma Colombina Apaixonada”. Por isso, esse virou o nome da minha escola. Sobre o motivo da fundação é que sou museóloga e pós-graduanda em design de moda com pesquisa focada em Carnaval. Meu sonho de infância era ser carnavalesca.

3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?

Nosso enredo é o “Devoraram a Nossa Terra” que contará a história das lutas indígenas. Teremos 15 alas e 3 carros alegóricos + 2 tripés, divididos em 3 setores. Além disso, como elementos adicionadas teremos 1 casal de mestre-sala e porta-bandeira, os guardiões do casal, 1 porta-estandarte e a rainha da bateria.

4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?

Atualmente sou a única em minha equipe. Sou a presidente, a carnavalesca, a autora do enredo e a designer. Mas espero em breve conseguir angariar voluntários! Inclusive há um formulário de parcerias no nosso site!

5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc

Será por encomenda.

6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2022, tanto de vocês quanto das coirmãs?

Espero que possamos trazer um enredo bem forte e que realmente trace um bom apanhado das lutas indígenas. E das nossas coirmãs e dessa edição esperamos o mesmo que o carnaval sempre nos proporciona: a voz das minorias, as lutas dos movimentos sociais, sendo mostrada na avenida!

Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Colombina Apaixonada para o Carnaval Virtual 2022:

“Devoraram a nossa terra”

INTRODUÇÃO
Nosso Enredo 2022 trará a luta dos povos indígenas por respeito às suas origens, suas tradições, sua língua e sua cultura. O título do enredo foi inspirado no poema da poetisa surda Mariana Ayelen, “Devorando nossa terra”, na qual ela fazia um apelo para parar o genocídio do povo indígena.
Falar sobre luta indígena é essencial, é necessário, ainda mais com tantos casos de desrespeito à demarcação das terras de diferentes etnias acontecendo. Além disso, marcou profundamente o número de indígenas que sucumbiram à COVID-19.
Dessa forma, nosso enredo se estrutura em três pilares que serão representados pelos nossos setores. O primeiro é a cosmovisão indígena, isto é, suas lendas, mitos e deuses. O segundo é desde o contato com os primeiros colonizadores até o genocídio indígena. Nesse ponto, também vamos falar do movimento de resistência indígena e suas lideranças. E, por último, vamos apresentar os principais povos indígenas articulados dentro desses movimentos.
O Carnaval é uma celebração, mas também é um momento fundamental de reflexão e esperamos que esse enredo possa contemplar um pouco desses tantos anos de luta!
Kirimbasaua, povos indígenas!

COMISSÃO DE FRENTE + TRIPÉ 1
“Iupirungaua, povo vermelho!”
Na língua nheengatu, “iupirungaua” significa “começo, início”. Dessa forma, nossa comissão de frente pretende encenar o mito da criação na cosmovisão indígena.

1° SETOR – “Marandua: o povo indígena tem suas lendas”
Na língua nheengatu, “marandua” significa “lendas, histórias”. O objetivo do primeiro setor é sistematizar alguns dos mitos indígenas. Dessa forma, apresentaremos elementos mais conhecidos como a caipora, o boto cor-de-rosa e a Iara, até lendas menos conhecidas como a da índia Naiá que se apaixonou por Jaci (deusa da lua) e queria virar estrela. Jaci, por sua vez, transformou Naiá na vitória-régia.
Ala 1 – “Caipora, vem guardar nossa floresta”
Ala 2 – “Com seu chapéu branco, o boto vem”
Ala 3 – “Mbaê-Tata, cobra de fogo”
Mestre Sala e Porta Bandeira – “Jaci e Guaraci que nos protegem”
Guardiões do Casal – “Naiá que virou flores”
Porta-Estandarte – “Iara, a mais bela”
Alegoria 1 – Abre-alas “Tupã nos guia”
Ala 4 – Ala das Crianças “Kauê nos dá o fruto”
Ala 5 – Ala das Passistas “Mani nos dá o alimento”

2° SETOR – “Kariua: o homem branco quer a nossa terra?”
Na língua nheengatu, “kariua” significa “aquele que não é índio”. Assim, o objetivo do segundo setor é narrar o contato dos povos indígenas com os primeiros colonizadores e todas as lutas indígenas desde então.
Tripé 2 – Caravela com um elemento (Pedro Álvares Cabral)
Ala 6 – “Kariua, você descobriu o que?”
Ala 7 – “Indígena é escravo do Kariua”
Ala 8 – Ala das Baianas “Tuí: o nosso sangue mancha a terra”
Ala 9 – “COVID é o novo Kariua”
Ala 10 – Ala dos Compositores “Kirimbasaua, nossos líderes!”
Alegoria 2 – “Povo indígena é guerreiro, é resistência!”

3° Setor – “De norte a sul do Brasil: povos indígenas unidos são mais fortes que kariua”
Por fim, o terceiro setor tem o intuito de mostrar que apesar das tentativas de genocídio de suas línguas e culturas, os povos indígenas seguem firmes em sua luta, unidos através de sua ancestralidade.
Rainha da Bateria – “Esplendor Indígena”
Ala 11 – Ala da Bateria “Yanomâmis na queda do céu”
Ala 12 – “Kaiowás, Guajajaras e Potiguaras: raízes fortes do tupi-guarani”
Ala 13 – “Macro-Jê são nossos antepassados: Xavantes e Caingangues”
Ala 14 – “Macuxi é cria do Monte Roraima”
Ala 15 – “Mãos Terenas criam tudo”
Alegoria 3 – “Sabedoria Ancestral, árvores do conhecimento” (carro da velha guarda precisa ter desenhos masculinos e femininos)

Autor do enredo: Rebeca Garcia Cabral

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