Santa Cruz Imperial apresentará “O Malungo Chico Science” no Carnaval Virtual 2022

A Tartaruga Imperial do Carnaval Virtual apresentará em 2022 o enredo “O Malungo Chico Science”, de autoria de Elídio Fernandes Júnior. Presidida por Thiago Henrique, com Ciano Silva como carnavalesco e Marcus Lopes diretor de carnaval, a agremiação carioca mantém sua bem sucedida equipe de 2021 para o Carnaval Virtual 2022. A Santa Cruz Imperial recebe sambas até o dia 06 de Julho para seu concurso de samba enredo.

Confira a entrevista cedida pelo presidente, Thiago Henrique:

1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?

Estou na LIESV desde 2014, a escolhi porque como amante do carnaval queria entender como funcionava o carnaval virtual, me apaixonei eestou nele até hoje.

2- Qual a história da sua escola, como foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolos nome?

Bem, até então meu bairro (Santa Cruz) não tinha uma escola de samba virtual, então resolvi criar a GRESV Santa Cruz Imperial, nas cores roxo e amarelo, tendo a tartaruga imperialcomo símbolo.

3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?

O enredo foi sugerido pelo meu carnavalesco Ciano Silva e de cara comprei a ideia, estou muito feliz com o enredo, falaremos do ilustre Chico Science e o enredo ainda está sendo elaborado, estamos pensando tudo com calma.

4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?

Eu sou o presidente, tenho em minha equipe Ciano Silva, grande talento revelado no carnaval virtual pela Santa Cruz e que fiquei muito feliz de ter renovado conosco, amo seu trabalho e talento, além de seu profissionalismo e dedicação. Também conto com o grande Marcus Lopes como meu diretor de carnaval.

5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc

REGRAS PARA CONCURSO DE SAMBA ENREDO DA GRESV SANTA CRUZ IMPERIAL – LIESV CARNAVAL VIRTUAL 2022

– Data limite para entrega dos sambas: 03/07/2022

– Divulgação do Samba Campeão: 04/07/2022

– Poderá ser feito solo ou em parceria de compositores? SIM

– É necessário envio do áudio com no mínimo uma passada do samba, acompanhado ou não, de instrumentos? SIM

– Cada compositor ou parceria poderá colocar em disputa quantos sambas quiser? SIM

– Todos podem participar? SIM

– Os sambas inscritos só poderão ser divulgados após o fim do prazo de inscrição? SIM

– Enviar o áudio do samba concorrente em formato “.mp3”; acompanhado da letra do samba e nome dos compositores para o Whatsapp 21 98451-3817 Thiago Henrique

6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2022, tanto de vocês quanto das coirmãs?

Um carnaval potente, rico e grandioso como merecemos. Revelando artistas e encantado o público.

Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Santa Cruz Imperial para o Carnaval Virtual 2022:

“O MALUNGO CHICO SCIENCE”

Oxumaré me deu dois barajás
Na festa de Nanã
A velha Deusa das Águas
Quer munguzá.

Seu ibiri enfeitado com fitas e búzios
O ponto para assentar
Mandou cantar
Ê, Salbá!

Ela vem no som da chuva
Dançando devagar seu ijexá
Senhora da Candelária, abá
Para toda a sua nação ioruba.

Saluba, Nanã.
Senhora com o comando da lama para que separada da água, surja a terra sólida que permitirá a existência de todo ser vivo no Aiê. Lama e a terra, elementos primordiais da criação. O início e o fim de tudo que vive e perece. Assim mais do que estar ligada à morte, Nanã com sua lama é a Iabá que possibilita a Vida.
Saluba, Nanã Buruquê!

Maracatus, Rio Doce, Olinda, Pernambuco. Um jovem do mundo, na perspectiva antropofágica, mesmo no inconsciente, era fã da música de James Brown e Kurtis Blow, definitivos para a soul music e hip-hop norte-americanos. Com pequenos passos de Michael Jackson influenciando seu caminhar, ingressou num dos principais grupos de dança de rua do Recife: Legião Hip-hop. Orla Urbe foi seu primeiro grupo musical, carregado de suas influências, tocando black music. Originário do mangue-lama, biodiversidade símbolo da fertilidade, criatividade e riqueza, Francisco de Assis França criou, então, a banda Loutsal, um caldeirão que mesclava o rock dos anos 60 com o soul, o funk e o hip-hop. Os ritmos nordestinos vieram quando Chico Science conheceu o bloco afro Lamento Negro, do subúrbio de Olinda. Foi então que passaram a compor seu cenário musical o maracatu rural, o coco de roda e o samba-reggae… samba, ciranda, embolada… e uma mistura com a pitada de música eletrônica.

Um passo à frente
E você não está mais no mesmo lugar.

Nascendo em vida pulsante do mangue – que é vida – toda a poética da banda consistia em deglutir todas as tendências, informações, manifestações do pensamento e então expressar a realidade do artista brasileiro. E assim, da lama brota um neotropicalismo marcado em diversas de suas obras, sempre ancoradas ao cosmopolitismo cultural. Nascia o movimento Manguebeat.

É só uma cabeça equilibrada em cima do corpo
Escutando o som das vitrolas que vem dos mocambos
Entulhados à beira do Capibaribe
Na quarta pior cidade do mundo

Recife, cidade do mangue
Incrustada na lama dos manguezais onde estão os homens caranguejos
Minha corda costuma sair de andada
No meio das ruas e em cima das pontes

Recife, tema de tantos versos e canções, organismo vivo, deu margem a várias abordagens na obra de CSNZ: desde a sua urbanicidade às suas questões sociais. Jamais deixando de lado aspectos culturais. Tais características conduziram sua obra a trilhas sonoras de novelas, ampliando seu alcance, popularizando sua poética reveladora de uma Recife próspera, desigual, prostituída e doída, mesmos em belos dias de sol.

E a cidade se apresenta centro das ambições
Para mendigos e ricos e outras armações
Coletivos, automóveis, motos e metrôs
Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs
A cidade não para, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce

Maracatu! Ele nasce dos tambores do Candomblé…. Maracatu Atômico na voz e Chico reinterpreta toda uma geração dando ênfase em direção da ideologia ecológica, do ambientalismo da antiga Deusa greco-pagã Harmonia: são os mangues e manguezais: do caos à lama…da lama ao caos! O interior de Pernambuco criou o Maracatu de Baque Solto que, sendo a República mimetizada, admitiu índios, mulatos e brancos em seu inovador e sagrado cortejo. Abertura e ruptura! Este pensamento também se relaciona ao movimento Manguebeat de Chico e sua Nação.

Eu pulei, eu pulei
E corri no coice macio
Só queria matar a fome
No canavial na beira do rio
Jurei, jurei
Vou pegar aquele capitão
Vou juntar minha nação
Na terra do maracatu
Dona ginga, Zumbi, Veludinho
E segura o baque do Mestre Salu
Eu vi, eu vi
A minha boneca vodu
Subir e descer no espaço
Na hora da coroação
Me desculpe, senhor, me desculpe
Mas esta aqui é minha Nação.

Este caranguejo cidadão do mundo voou nas asas de uma arte jovem, jovial, curiosa, corajosa. A música de Chico Sciense e Nação Zumbi movimentou as culturas e redimensionou a identidade cultural. Todas as experimentações foram rotulando o poeta como louco e, aos poucos, tornando-o incomum e, exatamente por isso, foi conquistando reconhecimento para além das fronteiras regional e nacional, mas sem jamais perder sua raiz identitária e poética.

Eu vim com a Nação Zumbi
Ao seu ouvido falar
Quero ver a poeira subir
E muita fumaça no ar
Cheguei com meu universo
E aterrisso no seu pensamento
Trago luzes dos postes nos olhos
rios e pontes no coração
Pernambuco embaixo dos pés
E minha mente na imensidão.

Fonte de Consulta:
Adilson de Oxalá. Igbadu, a cabaça da existência: mitos nagôs revelados. Editora Pallas.

https://www.folhape.com.br/cultura/25-anos-sem-chico-science-relembre-a-trajetoria-do-artista-que/214347/ (Acesso em 14/05/2022)

Canções em ordem de referencia:
Ponto de Nanã – Roque Ferreira.
Passeio no mundo livre – Chico Sciense, Dengue, Gira, Jorge du Peixe, Lúcio Maia e Pupilo.
Antene-se – Chico Sciense
A cidade – Chico Sciense
Mateus Enter – Nação Zumbi

Autor do enredo: Elídio Fernandes Júnior

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