Altaneiros do Samba promete um desfile “Faraônico” em 2018! Confira a sinopse.

Vindo de um Vice-Campeonato em 2016 e de um 3º Lugar em 2017, a Altaneiros do Samba apostará em 2018 nas “Águas Faraônicas” do Rio Nilo. Segundo Afonso Celso, mais conhecido como “Cecel Altaneiros”, a escola fará uma homenagem a todo continente africano através do Nilo: “Iremos fazer uma bela homenagem ao continente africano e todo seu povo que depende das águas do Nilo para viver. Nossa expectativa do carnaval de 2018 é fazer um grandioso carnaval virtual. Um carnaval faraônico!” – concluiu.

Confira abaixo a sinopse do enredo da escola:

Enredo 2018: “Águas Faraônicas”

Sinopse:

Apresentação

O cisne altaneiro no seu carnaval virtual de 2018 irá navegar as águas de um rio faraônico.
O Rio Nilo!
Símbolo de vida e progresso do continente africano.
Segundo a mais influente história da mitologia.
Os antigos egípcios acreditaram que as abundantes águas do rio Nilo eram oriundas de divinas lágrimas de tristeza.
Ísis! Uma das principais divindades da mitologia egípcia viu na disputa de egos e poderes, seu marido e irmão Osíris ser assassinado por Seth.
Osíris foi preso numa caixa de madeira e lançado a deriva nas águas do Nilo.
É reencontrado morto na longínqua Biblos.
Enfurecido, Seth retalhou o corpo de Osíris em catorze pedaços, e os espalhou por todo o Egito, para se certificar que jamais o encontrasse.
Ísis com o coração profundamente dolorido chora.
Com muita perseverança Isis saiu em busca dos pedaços e encontrou um a um. Todos menos um: o falo de Osíris! Que tinha sido comido por peixes no Nilo. Os pedaços encontrados são reunidos e embalsamados por Anúbis.
Ísis então se transformou em uma grande ave e começou a bater suas asas em cima da múmia de Osíris em um ritual de pedidos para que voltasse ao reino da vida, mas por seu corpo estar incompleto, ao retornar Osíris se tornou o senhor do submundo e do reino dos mortos.
Mas segundo a verdadeira história a origem do Rio Nilo se faz no doce encontro das águas de dois outros Nilos: o Azul com o Branco.
Um rio abundante e generoso que alimenta povos e culturas.
Suas águas faraônicas correm contra o vento.
E vencem imensidões de areias rumo ao mar.

Setor 1 – O berço cristão das águas faraônicas!

Um país muito intrigante na história, a Etiópia já foi um grande império, teve o seu eldorado marcado com muito ouro e riquezas, governado pela Rainha de Sabá, a soberana enviava seus embaixadores em navios luxuosos pelas águas do rio em busca de tesouros e conquistas.
Lago Tana, o berço do Nilo Azul!
Pescadores em barcos de papiro (o mesmo que os antigos egípcios usavam) navegam bem próximos as ilhas, onde o soar das pedras vulcânicas anunciam a hora da missa e revelam antigos monastérios da Igreja Etíope Cristã.
Na arte sacra dos monastérios a história da fé cristã africana, tudo a imagem e semelhança ao povo etíope: os arcanjos anunciam o nascimento do menino Rei, a mirra etíope é um presente de um dos reis Magos e na fuga para o Egito, Maria e Jesus negros.
Esses papiros colados nas paredes medievais de barro demonstram os feitos da fé, das guerras e das invasões (dos muçulmanos aos italianos). E revelam que todos os colonizadores foram derrotados no campo de batalha por São Jorge Negro. O santo mais venerado na Etiópia.
Cruzando os férteis verdes campos o Nilo Azul deixa mansamente o Lago Tana. E começa a exibir força na descida rumo ao Sudão, chegando à cidade sagrada.
Lalibela! Também conhecida como “A nova Jerusalém”.
Diz à lenda que Lalibela, hoje santo etíope, durante um sonho foi levado pelos anjos Gabriel e Rafael para ver Jerusalém. E na volta teriam construído a cidade em poucos dias as margens do rio.
Onde o fascínio das orações ecoa há mais de milênios. Seu complexo de igrejas talhadas na pedra e abaixo do nível do chão é um desafio de arte e engenharia.

Setor 2 – Do coração da misteriosa África pulsa uma artéria de vida.

Uganda! Em cima da linha do Equador e bem no meio do planeta.
Do coração da misteriosa África pulsa uma artéria de vida.
O rio Nilo Branco!
O Lago Vitória local de origem do Nilo Branco é o destino de muitos povos.
A pesca atrai mais gente que o lago pode suportar. As vilas dos pescadores, miseráveis e sem estrutura é um contraste com um dos mais lucrativos negócios da África, a exportação pesqueira da “Perca do Nilo”, negócio que rende quase um bilhão de dólares por ano.
As águas emudecem no zumbido dos temidos seres voadores da misteriosa Floresta Zikka. Local onde os cientistas descobriram o vírus zikka que infectou milhares de macacos, durante as pesquisas sobre sinais de febre amarela na região.
O Nilo Branco deixa o lago e transforma se em um selvagem adentrando a Floresta de Budongo. Conhecida como a casa dos chipanzés. Ali vivem em plena harmonia esses seres tão parecidos e tão diferentes dos humanos, mesmo compartilhando noventa e nove por cento do código genético.
E quando o sol arde, e todas as fontes de água desaparecem.
A floresta se transforma numa nua savana.
O rio se torna protagonista no sustento de toda vida ali existente.
Em uma convivência forçada, os bichos se misturam pela estação da seca.
Pequenas ilhas formadas pela baixa das águas tornam-se palcos dos fascinantes Grous coroados. Ali as aves símbolo de Uganda ensaiam num belo bailar, o acasalamento!
Lá no descampado, os reis da selva procuram uma sombra para se esconder.
E para se proteger do sol os hipopótamos mergulham em profundas águas barrentas.
Negras águas que também camuflam um temido predador, o crocodilo do Nilo!
Mas é a insensatez humana a maior ameaça para todo aquele ecossistema.
A sede louca da ambição faz da exploração do ouro negro sinônimo de morte e destruição.
A natureza perde seu encanto com o desaparecimento silencioso de várias espécies animais. Em risco de esquecimento estão as girafas da Núbia (animal símbolo do esforço para salvar as espécies em extinção), os rinocerontes (vitimas da caça aos seus milagrosos chifres) e os elefantes (massacrados pelo valioso mercado do marfim).
E vem do parque nacional das cataratas, o exemplo de zelo e preservação ao meio ambiente.
No paraíso onde as espécies se eternizam, o rio surge como remédio nesse processo de cura.
O poderoso Nilo Branco se espreme por uma garganta de pedra, e faz surgir um turbilhão de água rica em matéria orgânica rochosa que quilômetros rumo ao norte se amansa, tornando sinomino de vida para todo aquele habitat.

Setor 3 – No doce encontro das águas nasce o rio do deserto.

O Sudão era o maior país da África e do mundo árabe até 2011, quando o Sudão do Sul se separou.
Cartum é a capital que cresce entorno do rio, e o luxuoso palácio presidencial marca o ponto do doce encontro entre os dois Nilos: o de água mais clara (Nilo Azul) e o de água mais escura (Nilo Branco).
Nasce ali o poderoso Rio Nilo.
Também conhecido como o rio do deserto. Cortando o maior deserto do mundo, o Saara!
O Nilo torna-se um verdadeiro Oasis em meio a um lugar onde o vento mostra-se implacável. Onde camelos enfrentam imensidões de areia no transporte do plantio de algodão.
E no que parece o vazio no deserto revela-se a origem da mais antiga civilização negra africana.
O reino da Núbia!
Antigo nome do Sudão, esse reino também foi conhecido como reino de Kush, é considerado o berço da civilização negra africana. Região onde ocorreu o encontro da cultura negra africana com a cultura egípcia.
A história da Núbia se funde a história do Nilo.
Na floresta petrificada restos de cerâmica fina e delicada, comprovam a sofisticação da cultura e um passado de águas abundantes.
Um enorme cemitério em meio ao deserto, onde tumbas e restos mortais desvendados revelam ossos de violentas vidas passadas.
Local onde surgiu há mil e quinhentos anos antes de Cristo, a morada de Amon!
Lá no alto da montanha rochosa em forma de cobra (animal que ornava as cabeças dos faraós) foi construído um imenso templo que se estendia da montanha sagrada até a beira do rio.
Ali os reis, vestidos como egípcios e que possuíam os inconfundíveis traços núbios, acreditavam que receber o poder diretamente do Deus Amon, os tornavam legítimos senhores do Vale do Nilo. E assim partiam rumo ao norte para conquistar o Egito, e fundar a dinastia dos faraós negros.
Taharka foi o mais poderoso faraó negro que existiu. Liderou o exercito egípcio até Jerusalém para ajudar os hebreus contra a invasão síria.
Os faraós negros reinavam sobre todo vale do Nilo. Mas eram enterrados no reino da Núbia. Esses rituais mantiveram viva a tradição que os próprios egípcios já haviam esquecido, e deu origem a maior concentração de pirâmides do mundo.
Meroé!
Suas tumbas em meio às dunas são os registros do ultimo povo a adorar os deuses egípcios. Nas paredes e nas esculturas retratos de uma linhagem de reis que durou um milênio.
As centenas de pirâmides resistiram bem ao tempo, mas não a ganância dos exploradores europeus. Em 1834 um italiano chamado Giuseppe Ferlinni foi atrás do tesouro dos núbios. Explodiu com dinamite os topos de todas as pirâmides em busca de ouro. O saqueador encontrou pouco ouro, mas destruiu muita história desse reino que quase se perdeu no tempo!

Setor 4 –O Nilo fez florescer a Dádiva! A mais fascinante civilização da antiguidade.

As águas do Rio Nilo fez florescer uma das civilizações mais fascinantes da antiguidade.
Heródoto (480 a.C – 425 a.C) disse: “O Egito é a dádiva do Nilo!”.
O historiador grego tinha a razão, o progresso do Egito se deu graças às cheias do rio.
Com o decorrer do tempo tribos foram se organizando ao longo do rio e formando dois reinos: o Alto Egito (Coroa Branca) e o Baixo Egito (Coroa Vermelha).
O Alto Egito era o sul, onde as terras eram mais férteis.
O Baixo Egito era o norte, onde no delta do rio a caça e a pesca eram mais abundantes.
Menés ou Narmer foi quem uniu os dois reinos sob um mesmo governo. O nome dele ainda é motivo de discussões. Mas o fato é que a partir dessa união começou a real história do primeiro grande império do mundo, o reinado dos faraós!
A origem da expressão “faraônica” vem do tempo em que os faraós encomendavam sultuosas e esplendorosas construções ricas em detalhes. Essas obras faraônicas se concretizaram graças às noções de aritmética, movimento das estrelas, calendário próprio e escrita em hieróglifos.
Com a precisão de um antebraço faraônico, os egípcios conseguiam medir a subida do Nilo através dos Nilômetros (Poços profundos construídos a margem do rio). Quanto maior a cheia, mais terra fértil e consequentemente maior a produção agrícola. Assim era calculado o valor do imposto a ser cobrado pela população.
Na tumba do faraó Neferhotep hieróglifos ilustram essa cobrança. Os guardas punindo os devedores enquanto grãos e rebanhos eram recolhidos para o faraó.
Esses registros também retratam as cenas do dia a dia e o amor ao Rio Nilo.
E revelam um Antigo Egito com agricultura em larga escala. Onde o trigo e a cevada aparecem como principais culturas da época. Essa alta produção agrícola é oriunda de uma invenção dos próprios egípcios: o Shaduf (sistema de bombeamento de água). Que consistia em um processo elevatório que levava a água do rio até locais naturalmente não inundados, para aumentar a área produtiva.
No Vale dos Reis local das incríveis tumbas dos faraós em Luxor, no auge da arte egípcia, as paredes são retratos do significado de eternidade.
O Rio Nilo é comparado a um Deus! Assim o eternizaram através do Deus Hapi.
Homem barbado pintado em azul com seios pendentes de mulher. O Deus do Nilo coroado com plantas aquáticas segurava uma bandeja rica em alimentos (peixes, patos, ramos de flores e de espigas). Sua presença era indicativo de fertilidade, espalhando fartura e vida.
Segundo o povo egípcio, o rio Nilo também era responsável pela separação do mundo dos vivos (margem leste) e o dos mortos (margem oeste). Após a morte todos os homens eram convidados pelos deuses para atravessar as águas do rio de uma margem para outra, onde se tornariam eternos no plano espiritual.
Para os egípcios morrer não era castigo. Já o esquecimento sim!
A eterna Karnak mil anos coberta pela areia até ser redescoberta no século XVIII. Representa o conjunto arquitetônico mais imponente do Egito.
Destina-se o templo principal ao Deus Amon-Rá (O Deus Sol).
Segundo a mitologia egípcia, na época da cheia do Nilo, Amon-Rá seria adorado e carregado pelos sacerdotes numa barca em procissão. A barca guiada por um canal do templo até a margem do rio, era protegida pelas esfinges de pedra (corpo de leão com a cabeça de carneiro).
Karnak se renovava por cada novo faraó que assumia o poder.
Ramsés II em sessenta anos de reinado foi quem a mais transformou.
Inspiradas na beleza das flores, centenas de colunas de pedras foram construídas, umas em forma de botão entre outras já desabrochadas. A verdadeira explosão de cores que se apagou com o tempo. Formavam um imenso jardim de pedra em meio ao deserto, onde o efeito divino se completava com raiar do Sol, que ao se posicionar no alto do salão principal representava a presença do próprio Deus Amon Rá.

Setor 5 – A miscigenação! As águas faraônicas se rendem a Pérola do Mediterrâneo.

Navegável o ano inteiro, o Nilo sempre foi uma estrada perfeita.
Com suas correntes que sempre rumaram pro norte contra os ventos que sopravam pro Sul, levaram consigo a expansão do Vale do Nilo e também serviu de porta de entrada de invasores e conquistadores.
Olhos guiados pela cobiça por terras férteis ao longo do rio.
O Egito foi atacado por inúmeros tronos entre eles: Líbios, Faraós Negros, Assírios, Persas e Gregos.
Miscigenação que deixou cicatrizes na sociedade egípcia.
A atual capital, a cidade do Cairo evidencia essa mistura de credos, tradições e culturas.
Historicamente a cidade surgiu da reconstrução de uma fortaleza persa aos arredores do rio pelo povo romano.
Mas atualmente luxuosos navios desembarcam curiosos turistas atraídos pelas belezas faraônicas e pelos seus mercados com seus frutos do Nilo. Ali eles se rendem as cores dos artesanatos e pelo perfume dos corredores abarrotados de Tamareiras (principal atrativo e produto agrícola).
Águas que sustentam diferentes povos e alimentam culturas, se eternizam e se misturam com a história da humanidade.
No ultimo braço do Rio Nilo que vai de encontro com o Mar Mediterrâneo, em 332 a.C, os egípcios acolheram o conquistador Alexandre Magno como um libertador. Viam nele o grande responsável no fim ao duríssimo domínio persa.
Por seu lado, Alexandre, como prova de respeito para com a civilização egípcia, dirigiu-se ao oásis de Siwa para receber do deus Ámom-Rá a consagração como faraó legítimo.
Foi durante essa viagem que se deteve para fundar, no extremo ocidental do Delta do Nilo, sobre o mar, uma grande cidade à qual quis dar o seu nome.
Alexandria!
O seu plano consistia em erigir uma cidade sumptuosa que deveria ser, não só o núcleo do seu poder, mas também um centro de cultura.
Alexandre Magno morreu antes de ver concluída a obra.
E foi Ptolomeu, seu sucessor, quem continuou o seu ambicioso plano. Dando origem ao reino egípcio dos Ptolomeus.
Conhecida como a Pérola do Mediterrâneo, Alexandria tem em suas ruas vestígios da antiguidade que falam dos encontros e desencontros de civilizações que a cidade testemunhou.
Cidade sede da maior biblioteca do mundo tornou-se polo da cultura helenística. Onde todo manuscrito que entrava no país através do Rio Nilo (trazido por mercadores e filósofos de toda parte do mundo) era obrigatoriamente classificado em catálogo, copiado e incorporado ao acervo da biblioteca.
Mas todo esse arquivo foi destruído por incêndio atribuído ao imperador Júlio César, durante a batalha no mar para pôr fim à guerra dinástica entre Cleópatra e Pompeu.
Cleópatra filha de Ptolomeu XII era uma política admirável e soube usar sua sedução para garantir uma posição favorável ao Egito dentro da crescente influência de Roma.
Reinou graças ao apoio de seus dois amantes: primeiro de Júlio César e depois de Marco Antônio.
Em uma das suas viagens pelo Nilo, Marco Antônio se apaixona pela rainha que estava abordo de uma luxuosa embarcação adornada de ouro e prata, esplendorosa a fim de mostrar toda riqueza e poder egípcio.
Enfim as águas do Nilo se rendem ao olho ardente de uma das sete maravilhas do mundo antigo.
O olho que durante séculos vigiou o quebra-mar para tranquilo o navegante alcançar o cais.
E num grande abalo assistem a chama se apagar.
Atualmente ruínas subaquáticas eternizam o que restou do antigo Farol de Alexandria.
Na miscigenação das águas do mar com as águas do rio.
O faraônico Nilo mesmo com seus limites e fronteiras, enche de vida o chão do continente, mostrando o poder do povo africano, afastando os espinhos da vida e semeando a união!

Autor: Julio Cesar Rosolen

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