Carnaval Virtual 2023 – “Esse Rio é Minha Rua” é o enredo da Floripa do Samba para o Carnaval Virtual 2023

Forte e na busca do bicampeonato, a Floripa do Samba terá como enredo “Esse Rio é Minha Rua”, escrito por Rogério Garcia e Fernando Constâncio e que será desenvolvido pelo carnavalesco Rogerio Garcia.

Confira a entrevista concedida pelo presidente, Christian Fonseca:

1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?

Caso de amor antigo. Já se vão quase 15 anos. O amor pelo carnaval me fez encontrar a liga e cá estou até hoje.

2- Qual a história da sua escola, como e onde foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolo e nome?

A história foi fundada pelo amor ao carnaval. Quando vi a possibilidade de ter uma escola de samba, assim a criei. No incio as cores eram todas possíveis, pois queria contemplar todas as escolas de samba do Rio. Mas com passar do tempo,
fui buscando uma personalidade própria. Como no primeiro desfile o enredo foi uma homenagem a volta da União da Ilha ao grupo especial, as cores ficaram em homenagem a escola. O símbolo do pavão é que quando comecei a acompanhar
o carnaval, tinha simpatia grande pela Unidos da Tijucas e as belas alegorias de pavão. Mais recentemente, adicionou-se como simbolo também a ponte Hercílio Luz, para dar mais identificação com a cidade. E o nome, na real, não sei,
foi inspiração do momento. Juntei o nome da cidade com o que mais amo, o samba.

3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?

O enredo será uma história submersa pelas áreas do norte do Brasil. Será um enredo curioso e instigante.

4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?

Equipe vem com novidade. Por questões de estudo, Fernando precisou se afastar, e o convite ao Rogério Garcia foi bem aceito. Um grande profissional que levará nossa escola ao segundo título.

5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc?

REGRAS PARA CONCURSO DE SAMBA

– Data limite para entrega dos sambas: 05/06/2023;
– Poderá ser feito solo ou em parceria de compositores? SIM
– É necessário envio do áudio com no mínimo uma passada do samba, acompanhado ou não, de instrumentos.
– Cada compositor ou parceria poderá colocar em disputa quantos sambas quiser? SIM
– Todos podem participar? SIM
– Os sambas inscritos só poderão ser divulgados após o fim do prazo de inscrição? SIM
– Enviar o áudio do samba concorrente em formato “.mp3”; acompanhado da letra do samba e nome dos compositores para o Whatsapp (48) 998195145 – CHRISTIAN (presidente);

6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2023, tanto de vocês quanto das coirmãs?

Um belo espetáculo. Todo ano somos brindados com bons desfiles. Espero que seja um ano de sucessos.

Boa sorte a todas as agremiações virtuais.

Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Floripa do Samba para o Carnaval Virtual 2023:

Primeiro Setor: A água brota da pajelança dos Caruanas na Ilha de Marajó

Conta-se que em um tempo distante, quando o mundo era todo coberto por água, surgiu um Girador, um grande pote de barro, onde hoje se localiza a Ilha de Marajó, no norte do Brasil e construiu sete cidades sobre as águas para servir de morada ao povo místico de Auí. Certo dia, Auí descumpriu a regra imposto pelo Girador, olhando para o fundo do redemoinho se formando para alcançar o fundo das águas. O gesto fez com que as sete cidades submergisse, transformando-as em encantadas, assim como Auí e seu povo, que são transformados em Caruanas, subdivididos em doze energias auxiliadoras do mundo dos viventes, habitadas no fundo das águas do Mundo Encantado dos Caruanas.

Segundo Setor: Lendas das Águas do Amazonas.

Emerge das águas do Amazonas o imaginário popular. Surgem lendas, mistérios e muitas histórias. Dizem que em um tempo distante tudo era seco. Conta-se que há muito tempo, dois jovens de uma comunidade indígena sonhavam em se casar. Ela encantava a todos com suas vestes prateadas. Ele emanava brilho com seu dourado irradiante. Ela, a Lua. Ele, o Sol. O encontro entre a senhora da noite e o dono do dia era proibido. 

Tal união faria o mundo acabar, acreditavam. O mundo derreteria de tanto calor. A Lua triste com a reprovação do amor chorou durante um dia e uma noite até que suas lágrimas chegaram ao mar, que não aceitou suas lágrimas. Por isso, o choro da Lua começou a criar novos caminhos, formando assim um enorme rio. A partir de então, o rio Amazonas surge, abrigando seus povos, suas culturas e histórias e as mais diversas lendas , mistérios e resistências, que são passados por muitas gerações através de ensinamentos. Em todo anoitecer uma linda flor de cor esbranquiçada desabrocha ao ser iluminada por cima de uma grande folha que flutua à beira do igarapé, tornando-se na mais bela estrela das águas.

Encantado pelo brilho do luar, surge das profundezas do Amazonas, bailando sob as águas o boto-cor-de-rosa, que transforma-se em homem, trajando-se de branco para frequentar os festejos na beira do rio, seduzindo as jovens da região. Sedução que também entoa pelo doce canto de Yara, afogando de paixão o coração dos caboclos pescadores que vagueiam pelo Amazonas em busca de sustento. Mas o rio que traz sustento também carrega seus mistérios e perigos. Também contam por aí que o Amazonas é morada de Honorato e Caninana, dois seres transfigurados através da imagem de uma serpente encantada que habita o fundo das águas. É por essas histórias que pescador nenhum tem coragem de navegar pelos rios da Amazônia sem colocar uma carranca na frente das embarcações para servirem de proteção contra todo mau agouro e contra todo ser enfeitiçado que tem morada nessas águas.

Terceiro Setor: A fé que emerge das águas – Procissões Fluviais (5)

Rios que levam mitos, lendas e mistérios mas também fazem emergir a fé através das romarias e procissões fluviais que colorem os rios do norte do Brasil com barquinhos ornamentados com fitas, flores, rendas e velas para saudar e louvar os santos padroeiros. Devotos ribeirinhos que entrelaçam estandartes, verdadeiros ex-votos que dão alma à fé e a religiosidade dos pagadores de promessas.

Todo mês de Junho fiés seguem em romaria fluvial pelo Rio Negro, levando a imagem de São Pedro, padroreiro dos pescadores, pedindo para não faltar fartura na pesca e conseguir o alimento de cada dia na mesa. Quando chega o mês de Julho é vez dos ribeirinhos da Ilha de Parintins festejarem Nossa Senhora do Carmo, naquele que é considerado o maior evento religioso do Baixo Amazonas. Padroeira da ilha Tupinambarana, Nossa Senhora do Carmo recebe as homenagens de seus devotos, que percorrem o Amazonas com seus barcos festejando a santa.

Quando chega o mês de Outubro, em Belém do Pará é hora de celebrar o Círio de Nazaré, uma das maiores festas religiosas do mundo. Gente de todo canto se reúne para celebrar Nossa Senhora de Nazaré. Na véspera do Círio, se realiza a procissão fluvial, que percorre as águas da baía de Guajará, com muitas embarcações rumo ao cais do porto, em Belém do Pará. Embarcações de todos os tipo e tamanhos se enfeitam para acompanhar a imagem da Virgem de Nazaré, que segue em procissão fluvial para festejo dos devotos, em direção a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, morada da santa, onde todos irão receber a imagem com muita oração e festa, unidos pelo sentimento de fé e esperança. Morada que guarda em seus mistérios, no fundo das águas a grande cobra de nome Boiúna.

Quarto Setor: A Chegada do Invasor e a ameaça a biodiversidade das águas 

O rio que faz emergir os mais diversos seres e lendas também trouxe a ambição e a ganância de um povo que só pensou na exploração. Navegavam por essa águas, durante muito tempo, corsários, aventureiros, exploradores e piratas buscando encontrar riquezas e invadir essas regiões. Assim, os rios foram sofrendo influência da ação do homem, que deixavam suas marcas de exploração por onde passavam. A Biodiversidade das águas começou a ficar ameaçada e Pirarucus, Curimbatás e Matrinxãs, que serviam de sustento e alimento para muitas famílias ribeirinhas deixaram de existir.

Quinto Setor: Reexistência Ribeirinha e Indígena – A luta pela preservação dos rios da Amazônia

O tempo passou e os exploradores de outrora se reverberaram no século atual. Trajados com novas vestimentas, utensílios e armas, garimpeiros, empresários e falsos messias irão proclamar a destruição dos rios da Amazônia. Agora, além da biodiversidade, todos aqueles que buscam sua preservação também são atacados. Das águas fazem emergir hidrelétricas, verdadeiros monstros marinhos que exploram, sugam e colocam fim à biodiversidade local.

Já na terra, em solo batido avermelhado o garimpo ilegal que se explora contamina e faz nascer um rio de sangue.

Contudo, é tempo também de reexistência e de luta. É tempo de preservação. É preciso endossar a voz das comunidades indígenas por demarcação, pela preservação dos nossos rios e de toda a sua biodiversidade. É preciso lutar em comunhão com lavadeiras, caboclos e ribeirinhos para que seus espaços sagrados de morada e sustento não mais lhe faltem. É preciso escutar a sabedoria dos povos milenares em prol da preservação. É preciso Reexistir e dar um basta à exploração pra que as águas sigam seu fluxo de existência.

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