As Vozes da Sapucaí, Essências do Samba
ABERTURA
“Posso ouvi-lo clamar
Entendo suas dores e lamentos
Mas isso há de acabar”
É como um reflexo do tempo.
No Rio de janeiro logo se ouvia um cantar sobre uma terra onde todos eram livres e felizes. E com o sopro de IFÁ as correntes de dor se quebram e viram pó de esperança e felicidade. Ali estava enraizada a pequena África no Brasil. E foi nessa pequena África que uma voz vinda lá da sagrada Bahia encantou a todos e fez as tias baianas girarem. E “Pelo Telefone” Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata D’oxum, lá da Pedra do Sal, mandou avisar…
“O chefe da polícia pelo telefone mandou avisar Que na carioca tem uma roleta para se jogar”
(Pelo telefone – Donga)
SETOR 1 – Salve o samba!
“Eu sou o samba A voz do morro sou eu mesmo sim senhor Quero mostrar ao mundo que tenho valor Eu sou o rei do terreiro Eu sou o samba Sou natural daqui do Rio de Janeiro Sou eu quem levo a alegria Para milhões de corações brasileiros”
(Demônios da garoa – Eu sou o Samba)
Eu sou o samba
Que veio de Angola
Raiz africana que o povo não deixa apagar
O samba cantado na Praça XI
Que consagrou tantos poetas
E que te fez cantar, e cantar, e cantar
Salve o Samba!
Do malandro e da mulata
Que contagia e que passa
Fazendo o povo sambar
Aquele samba
Do Pierrot e Colombina
Do confete e da serpentina
Dos blocos e cordões
Que há cem anos arrastam multidões
Sou eu,
que fui como pude para as ruas e avenidas
Decoradas por Pamplona, a cada ano evoluindo
E ainda hoje estou por ai
Alegrando suas vidas
Por todo lado vejo gente sorrindo
Com muito orgulho ganho lar
E hoje sambo na Sapucaí
SETOR 2 – Deixa falar, aqui é Dominguinhos do Estácio!
““Do terreiro grande, a doce voz Que emociona a todos nós “Teu menino desceu o São Carlos” Brota “melodia” desse chão “Eu vi, ai meu deus eu vi” A minha escola levantar a multidão E “quero a arte pro meu povo Ser feliz de novo”, meu leão””
(ESTÁCIO 2010)
Deixei falar muitas vezes
Revelei grandes poetas e cantores
Dominguinhos do Estácio é um deles
Símbolo máximo de uma trajetória
Repleta de títulos e de gloria
Pois fez a liberdade abrir suas assas
Com a coroa de ramos estampada em seu peito
Mostrou tanta arte e cultura do seu jeito
Fez uma festa que até hoje falam tanto
A Paulicéia Desvairada estampada em vermelho e branco
Em Niterói toda cidade sorriu
Por fim a redenção acontecia
“Com hinos de lutas e cantos de paz”
Fez a noite virar dia
“Coisa igual nunca se viu”
Novamente o verde e branco retorna a sua vida
Lá de Ramos, outra escola querida
E viu o brilhar do muiraquitã
A cultura paraense tomada na raiz
E mostrou a todos ser “o talismã do meu país”
Mas a saudade apertou e ele voltou
Para ficar ao teu lado, oh berço do samba
Pois se queres “matar-me de amor que seja aqui”
São Carlos abraça esse bamba
Essa voz de ouro na Sapucaí
“Mas corre nas veias Esse sangue vermelho Que me faz explodir (que me faz, que me faz) Seu branco é encanto (bis) Eu visto esse manto E vou por aí (a Estácio é isso aí). A esperança continua Amor, amor, amor Sou seu poeta pelas ruas O meu coração se abriu em flor (bis) Tu és o pavilhão do amor!” (Estácio de Sá – Pavilhão do Amor)
SETOR 3 – O beijo na flor, de Neguinho!
“Oh pai, olhai por nós, ouvi a voz desse missioneiro, o vento cortando os pampas, bordando a esperança, nesse rincão brasileiro”
(Beija-flor 2005)
Mas agora meus senhores
Conto a vocês em meus versos
Dentre os sonhadores
A voz que expressa o que sente
Quem por mim dedicou a vida
Foi neguinho da beija flor
Seu canto faz tremer a avenida
“Olha a beija flor ai gente”
E o povo cantou…
Lá das “províncias do Sudão”
Reclamou a verdadeira liberdade
Liberdade raiou, mas igualdade não
E o negro bradou…
“Enfrentou a realidade”
Com garra e coragem “revestiu-se de emoção”
Do luxo ao lixo foi uma grande confusão
Um momento a ser lembrado
Um hino a ser cantado
Com muito orgulho entoado por sua voz
Entre ratos e urubus eternizou-se João
O trinta imortalizado pela vida
Deixou sua marca na avenida
“Mesmo proibido olhai por nós”
Em sua ida a terra da garoa
Fez toda a mocidade mais alegre
E com mulheres ousadas sorriu a toa
Em um ano mais de emoção
Na morada do samba permaneceu
E com muita vibração
Mostrou que “Na Bahia tem, tem magia, tem devoção”
Voltando a Beija-flor cantou a Olodumarê
Mostrando a cultura nagô
Com a forca da sua comunidade
A todos encantou com a sua fé
Justiça feita aos olhos de Xangô
“Já raiou o sol da liberdade”
Um casamento quem diria
Na avenida aconteceu
Dos males a cura
Um milagre se fazia
Foi um banho de alegria
Que a beija flor me deu
Seja de gato, sol ou lua
“Quem banha o corpo lava a alma na folia”
“É que eu vi um lindo negro anjo, Anjo negro, lindo anjo, Negra Ângela”
(Negra Ângela – Neguinho do Beija-flor)
SETOR 4 – “Eu sou cantor, eu sou cantor”
“Mangueira teu cenário é uma beleza que a natureza criou”
(Mangueira – Samba exaltação)
Quanto a ti oh meu cantor
Nem sei o que falar
A tua historia na mangueira
Nunca há de se apagar
Cantou o século do samba, em cada linha
Cumpriu seu papel, pois veja
“Ecoa no céu mangueira
traz todo o samba pra estação primeira”
Mostrou a nação do sertão, o povo de fé
Que em romaria vai a pé
De olhos fechados a pedir
Oh padim Ciço mande chuva a noite inteira
Pra essa gente tão guerreira
Que sonha e sofre, mas não para de sorrir
Feliz no velho Chico a navegar
Não ha quem possa duvidar
Teu canto faz pulsar mais forte o coração
Porque o samba é tua oração
Mestre Jamelão…
Receba esse companheiro
Que no samba foi verdadeiro
E honrou teu nome por toda vida
Celebração…
Hoje tem festa lá no céu
Pra esse guerreiro que cumpriu seu papel
E em dueto cantam aquela canção…
“Meu coração é verde e rosa Descendo o morro eu vou A musica, alegria do povo Chegou, a mangueira chegou” (mangueira – 2010)
ENCERRAMENTO
No carnaval
São todos a garra e a emoção
Com orgulho defenderam cada pavilhão
Que fariam Tia Ciata se orgulhar
São a arte cantada a plenos pulmões
Entoando o ritmo de nossos corações
Fazendo o nosso corpo arrepiar
Mas se a lagrima rolar
Não será de tristeza
Pois a cada ano tenho mais certeza
Em vocês que são as vozes da Sapucaí
E voam por ai
Como poesia solta pelo ar
Que se espalham no infinito
E nos faz querer sambar
E até eu
O ritmo mais brasileiro
Mesmo lembrado pelo mundo inteiro
Digo a todos esses bambas
Que com vocês sou mais feliz
Pois vós sois a Essência Do Samba
Orgulho e patrimônio do país.
FIM.
Algumas informações:
A data limite para a entrega das obras é dia 17/03/2016.
Gostaríamos de lembrar a todos os compositores que o samba deve ser enviado para o e-mail da escola.
>>> essenciadosambaa@outlook.com
Além disso, é expressamente recomendável entrar em contato com os carnavalescos para maiores esclarecimentos sobre o enredo, sobre o samba e etc.
Esse enredo não é só uma homenagem aos intérpretes (Dominguinhos do Estácio, Neguinho da Beija-flor e Jamelão). Em 2016 comemoramos o centenário do samba, e a partir disso decidimos que , nesse enredo, o samba contaria a sua própria história através da carreira desses três gigantes do samba.
