Mocidade Unida da Mooca falará sobre os “Direitos da Terra” no Carnaval Virtual de 2024

Nome da Escola:G.R.E.S.V Mocidade Unida da Mooca
Data de Fundação:23/04/2020
Cidade/Estado:São Paulo / SP
Símbolo da Escola:Coroa
Cores da Escola:Vermelho, Verde e Branco
Instagram da Escola:@mocidadeunidadamooca
Nome do Presidente:Beto Monteiro
Nome do Carnavalesco:Brunin e Thiago Tartaro
Intérprete:Emerson Dias e Gui Cruz
Outros Integrantes:Não se aplica.
Enredo:Direitos da Terra
Autor do Enredo:Thiago Tartaro

Terceira colocada no Carnaval Virtual de 2023, a ‘MUM’ traz pra esse ano o enredo “Direitos da Terra”, de autoria de Thiago Tartaro. Confira a sinopse:

A elite brasileira apenas parece boba, mas de boba ela nunca teve nada. Nos idos do século
XIX, percebendo que a pressão internacional pelo fim da escravidão se intensificava, ela
precisava preparar uma forma segura de retroagir nessa atrocidade que fazia com as
populações de África já há mais de 300 anos. As terras agricultáveis, até então, eram
outorgas do governo a famílias específicas e eram chamadas de sesmarias. No ano de
1850, o Império cria então a Lei de Terras para defender quem sempre teve direitos à
terra. Dizia a lei que para se ter um quinhão, o proprietário precisaria dispor de muito
dinheiro para pagar pelo espaço ocupado. No contexto do Brasil Colônia, na prática, a lei
descrevia um branco, afinal as populações em diáspora foram sequestradas e privadas de
quaisquer formas de renda. Assim, o Brasil continuou fazendo o que sempre fez:
favorecer os amigos do rei em detrimento do povo. Famílias tradicionais, como os Souza
Leão, se regozijaram.


E assim a terra continuou segura com a branquitude abastada. Vieram a pseudoabolição
e a República. E durante esse tempo, o povo que já morava aqui não teve seus direitos à
terra. Precisaram se submeter a um regime semifeudal, pagando com trabalho por
temporada para ter menos que o mínimo. Negros e caboclos do campo iam com suas
famílias de fazenda em fazenda, trocando suor e calos nas mãos por comida, em
negociações desiguais com os avós dos latifundiários de hoje. Ao mesmo tempo, no
centro-sul, o governo, para tentar branquear a sociedade, trazia alemães, italianos e
japoneses para o Brasil lhes dando justamente terras. Quem tem terra tem poder, tanto
que na época ficamos conhecidos como República Café com Leite, afinal os presidentes
eram ora de São Paulo, ora de Minas Gerais, estados conhecidos pela produção agrícola
dos referidos produtos.


O povo em desalento não tinha nada a perder a não ser seus grilhões. Com essa ideia em
mente, nascem as lutas no campo, nas primeiras décadas do séc XX. Vem de Pernambuco
o sol dessa esperança. Os trabalhadores organizados procuram o advogado Francisco
Julião, que ajuda a dar metodologia às reivindicações. O nome dos grupos rebeldes foi
dado pelos usineiros que queriam criminalizá-los: Ligas Camponesas. Era pra ser
deboche, virou luta. A Galileia não era mais bíblica, mas agora um espaço que produz
com lógica trabalhadora e ciência do povo. Das lutas saiu um grande slogan: “reforma
agrária na lei ou na marra.” A repressão veio grande até que mais um corpo preto no chão,
morto pelo Estado, fez pipocar a mobilização país afora: salve a memória de João Pedro
Teixeira. As Ligas Camponesas tiveram vitórias, como a conquista de assentamentos e
uma nova lei de ocupação de terras.


Porém, como em toda luta, sofremos revezes. As Ligas Camponesas foram extintas pela
ditadura civil militar, na década de 1960. O desejo dos ditadores era a continuação da
concentração de terras e a colocação do Brasil não como um produtor de alimentos para
o seu povo, mas seu estabelecimento como uma grande plantation, na realidade, coisa
que nunca deixamos de ser. A diferença é que seriam agora empoderados. Passaram-se
décadas e muito foi aprovado para os gigantes do interior: Lei Candir, Plano Safra,
acordos com a Monsanto, Lei do Veneno. Eles tiveram muitas vitórias. Os donos das
sesmarias modernas produzem soja e envenenam a terra para alimentar porcos da China
e da Europa. O agro faz muita propaganda, mas não nos engana: o agro não é pop.
Não recuaremos. Os sonhos não morrem. Além da organização do trabalho pela Reforma
Agrária, temos uma vantagem até hoje: muitos que resistiram fizeram nascer no Brasil
alguns avanços. Temos a agricultura familiar de pequena e média propriedade, que produz
a maioria do que vai na nossa mesa. Nossa luta hoje é pela agrofloresta, pelo
fortalecimento dos pequenos produtores, pelo alimento livre de veneno, pelo
barateamento dos preços para o mercado interno, por uma merenda escolar saudável e
comprada regionalmente, enfim, pelo sonho dos povos em diáspora e das Ligas
Camponesas: Direitos da Terra!

Regras do Concurso:Encomenda
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