“O Mais Belo dos Belos” – Lagarto Feroz homenageia o Ilê Aiyê no Carnaval Virtual 2025

Nome da Escola:Lagarto Feroz
Data de Fundação:03/03/2017
Cidade/Estado:Rio de Janeiro – RJ
Símbolo da Escola:Lagarto
Cores da Escola:Vermelho, Preto e Branco
Instagram da Escola:@lagartoferoz
Nome do Presidente:Erick de Lima da Silva
WhatsApp para Contato:21980535580
Nome do Carnavalesco:Lucas Martins
Intérprete:Antônia do Brasil
Outros Integrantes:Erick Araújo – Vice-presidente
Humberto Mansur – Enredista
Enredo:O Mais Belo dos Belos
Autor do Enredo:Humberto Mansur

Não é fácil falar do Ilê Aiyê. Como eles próprios dizem, “50 anos de glória não são 50 dias”. São décadas desse “canto sideral, oriundo da força e da formosura dessa raça viril e colossal.” É uma massa de pessoas que transforma a resistência negra em festa, em alegria. É gente que destrói os horrores do passado sem deixar de lembrá-los, e que crava seu lugar na sociedade todo ano. Quando o padê é arriado para Exu, as oferendas são feitas no Jitolu e a Deusa de Ébano surge, a cidade de Salvador faz emergir, uma vez mais, toda a história da negritude que morou por lá por mais de 500 anos. Uma história de começo longínquo, meio presente e um fim que jamais existirá.

Salvador não existiria sem o povo negro. Arrastados para cá pelos escravizadores, os africanos fizeram sua já conhecida resistência deixar sua marca na terra nova em que eles chegaram. As elites não ficaram felizes e tentaram, por sucessivas vezes, se afastar dos povos que eles consideravam inferiores. Quando a Cidade Baixa se tornou lugar de preto, eles foram para a Cidade Alta. Quando a Cidade Alta se tornou lugar de preto também, eles fugiram mais ainda pro interior. O Candomblé da Barroquinha nasceu, terreiros foram abertos, axé foi plantado em cada canto dessa terra. A musicalidade da cidade tem melanina em seus versos, a culinária baiana tem os traços de suas jornadas, e até os lugares que foram de tristeza no passado se tornaram templos da negritude. Não existe Salvador sem a pele preta, e ao existir, a capital baiana se torna, cada vez mais, a Roma Negra no toque de seus atabaques.

Com a história, levanta-se também o medo da elite branca. Os opressores nunca aceitariam a superioridade de outra raça, e quando têm os meios de violência, fazem o que podem para suprimi-la. Mas quem veio para cá lutando não se entrega facilmente. Enquanto a ditadura destruía todo o Brasil, os oprimidos negros aprendiam a assustar os militares com aquilo que eles mais odiavam: a liberdade. Levantes, protestos e ídolos inspiravam a luta negra no mundo inteiro, e não adiantava derramar o sangue heroico deles sob o solo – para cada um que caía, mais dez se levantavam. A negritude não é só a cor da pele, mas também a genialidade daqueles que, perante os piores momentos de sua história, debochavam sem pudor do medo que os brancos tinham deles.

E, quem sabe, se os militares tivessem tomado um banho de piche pra ficarem negões também, eles teriam percebido o quão irascíveis eles eram (e ainda são).

Foi no meio do caldeirão militar que surgiu o Ilê. Nascido do chão do terreiro do Jitolu, com o axé de Mãe Hilda, o novo bloco serviria como uma demonstração real da negritude baiana. O branco não pode desfilar no Ilê, pois lá não é o seu lugar. E desde o começo, eles nunca gostaram de ter sido barrados. Desde o começo chamando o bloco de racista, impedindo que ele se chamasse Poder Negro e muito mais. Ora, os brancos não aguentam um milionésimo de tudo que eles fizeram com os pretos? Eles são negões, sim, são crioulos, sim, e são tão subversivos quanto deveriam ser. O Ilê nasceu para que o preto não tivesse vergonha de si, para que ele pudesse ocupar o seu espaço.

E aqueles que levantam a bandeira do Ilê são toda uma linhagem própria de baluartes e bastiões da cultura popular. Mãe Hilda, que abriu os caminhos para toda esta jornada, e Mãe Hildelice, que dá continuidade a seu legado. Antônio Carlos Vovô e Popó, que fundaram o Ilê com a proposta de levantar a bandeira negra no carnaval de Salvador. Jota Cunha, que deu ao bloco o seu Perfil Azeviche. Guiguio Shewell, que emprestou sua voz a uma miríade de clássicos do bloco. Todos os compositores do bloco, desde que Paulinho Camafeu compôs a música que seria o cartão de visitas do bloco até hoje. E todos os cantores negros, de todos os gêneros musicais e gerações, que se juntaram ao cortejo em prol de um real Mundo Negro.

Porque ser Ilê não é apenas dançar carnaval. É perceber que a raça negra tem valor. É dar aos pequenos negros tudo que a sociedade lhes nega, como a mera educação escolar. É mostrar que a luta negra não deixa de estar viva, que a África vai muito além de um território de miseráveis e que suas culturas distintas contam histórias diferentes, mas que se entrelaçam na valentia e na resistência. É tornar-se o manancial para a retomada negra do carnaval, inspirando a criação de outros blocos lendários, como o Olodum e o Ara Ketu.

E por último, mas não menos importante, é quebrar o conceito de beleza branca que o mundo forçou em todos como uma praga. É mostrar que a beleza negra também existe, e que apenas um bloco negro, com toda a coragem, malandragem e virtude da negritude, pode gritar, sem medo de ser retrucado, que é “O Mais Belo dos Belos”.

Regras do Concurso:– O compositor pode enviar quantos sambas quiser
– Os sambas podem ser enviados em solo ou em parceria
– Áudio do Samba: Não é necessário enviar duas passadas do samba
– Formato de recebimento dos sambas: Os sambas (letra e áudio) devem ser enviados via e-mail (lagartoferoz2017@gmail.com) ou Whatsapp (21980535580)
– Prazo final para recebimento dos sambas: 23/03/2025
– Qualquer dúvida podem entrar em contato conosco via e-mail, Whatsapp ou através do nosso Instagram (@lagartoferoz)
– Sejam criativos compondo e divirtam-se!
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