Após abrir o Grupo Especial de 2021 e conquistar um 5º lugar ficando a apenas 1 décimo do título, a Castelo apostará em 2022 na manutenção de sua equipe e num enredo em homenagem à Beija Flor de Nilópolis. Com “Reluziu o festival de prata em plena pista. A Castelo hoje canta Beija Flor” a agremiação vai em busca de realizar o maior carnaval de sua história e conquistar o tão sonhado título do Grupo Especial.
Confira a entrevista cedida pelo presidente, Danilo Santiago:
1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?
Conheci a liesv através do André Rangel. Gostei primeiramente do formato do projeto que era apresentado aqui. Sempre busquei algo assim, mas nunca tinha ouvido falar antes do Carnaval Virtual.
2- Qual a história da sua escola, como foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolos nome?
A escola foi fundada em 04.03.2018. Leva o nome de Castelo em homenagem a escola real de Batatais. As cores são o Rosa e Branco. Como símbolo tem a roseira em homenagem a rosas de ouro e o Beija Flor uma alusão a Colibris da Liesv e a própria Beija flor de nilopolis.
3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?
A Castelo contará a História da Beija Flor de Nilopolis. O enredo se chama Reluziu o festival de prata em plena pista. A Castelo hoje canta Beija flor.
Ainda não sabemos as informações de quantidades de alas .. alegorias…
4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?
A equipe este ano é composta pelo presidente e carnavalesco Danilo Santiago. Vice presidente Miguel Lemos. Diretor de Som Gabriel Nunes. E comissão de carnaval e compositores. Além do Bessa apoiando nosso carro de som no esquenta e o samba interpretado pelo grandioso Pixule.
5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc
Esse ano pela primeira vez optamos por encomendar o samba com o pessoal do escritório Liesv. Composto por Abraao do vai vai. Marcus Lopes e cia.
6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2022, tanto de vocês quanto das coirmãs?
Nosso primeiro setor já está todo pronto. E a Castelo sem dúvidas fará seu melhor Carnaval. Fica até repetitivo lembrarmos que todo ano a gente vem se surpreendendo no barracao com as evoluções. E esse ano não será diferente. Vocês verão uma Castelo plasticamente diferente de 2020 e 2021. E mais próxima ao que foi plásticamente 2019. Mas podem esperar um ótimo Carnaval. Esperamos que nossas co irmas façam lindos carnavais como foi 2021 bem competitivo.
Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Castelo para o Carnaval Virtual 2022:
“Reluziu o festival de prata em plena pista. A Castelo hoje canta Beija Flor”
APRESENTAÇÃO:
Como é lindo o bailar do voo de um pequeno Colibri, e a sutileza de seu bater de asas.
Em 2022 trazemos o encontro de dois Beija-Flores, o que veste o manto rosa e representa o peso das 20 estrelas da comunidade do bairro do Castelo na cidade de Batatais – interior de SP, e o que veste o manto Azul – adornado com 14 estrelas. Criado por um povo de sangue-azul nilopolitano, e juntos, hoje celebraremos a Negritude, em uma festa extremamente Azul e Branca.
Afinal a Deusa da passarela é ela!
Que os Beija-flores grandemente expressem a força de uma comunidade que luta e vive grandes sonhos, grandiosamente sonhados por muitos que entalham seu esforço e suor, e vivem de um trabalho cultural que é o berço do samba brasileiro, que vai além do carnaval. São inúmeras Marias, Neguinhos, Laílas, Soninhas, Pinahs, e Joões… É cultura, é raça, é força, é fé.
Vai reluzir em plena pista… O festival de Prata para saudar a Campeoníssima Beija-Flor de Nilopólis.
SINOPSE
Um grande encontro é o festival de prata em plena pista.
O Beija-Flor de cá baila e se encontra com o de lá, para celebrarem a negritude, em uma festa completamente Nilopolitana.
A força do manto azul e branco se mistura ao Magenta da nossa alma para pintar na passarela o tom celeste do campeão.
No soar dos tambores vai ecoar a voz de resistência de um Beija-Flor.
Vem aprender a história da Deusa da Passarela…É muito mais do que um conto, é carnaval, é alma, é cultura, é raça, é fé, é a resistência de vários povos que já sangraram pela história, exaltados por ela.
É a força da comunidade da cidade de Nilopólis que a faz brilhar para ser a Campeoníssima Beija-Flor de Nilopólis.
Em fevereiro ou Abril, ou, seja lá qual mês for o carnaval, esquece-se o ano inteiro as dores, as dificuldades, a desigualdade, brota uma força e um amor que vem do âmago no peito.
Fundada em 25 de dezembro de 1948, no cidade de Nilopólis, o bloco de samba foi batizado por Dona Eulália com o nome Beija-Flor, referencia ao velho rancho Beija-Flor, a mesma se tornou fundadora do bloco por ter escolhido seu nome, e a única mulher entre os fundadores.
Duas versões dividem a escolha das cores azul e branca de seu pavilhão, em uma delas seria por causa da emancipação da comunidade de Nilopólis, e a segunda que seria a forma mais próxima da bandeira de Israel – Símbolo da Dinástia da família Beija-Flor.
O Beija-Flor foi adotado como mascote símbolo da escola que antes bloco já carregava este nome e ao virar escola recebe o apadrinhamento da grandiosa escola de samba da Portela e o acolhimento da cidade de Nilopólis, passando a ser conhecida como a Beija-Flor de Nilopólis.
Como protetor tem o Santo padroeiro São Jorge – o Guerreiro, no sincretismo religioso é Ogun na Umbanda e no candomblé.
Como dizia o samba de 2007 onde se destacou a marca da Beija-Flor, “A Soberana do meu carnaval, na princesa nilopolitana”. A escola se destaca e fica conhecida como “Deusa da passarela” e “Maravilhosa e Soberana”, destaque também para sua bateria conhecida como a Soberana, fazendo destes títulos sua marca em vários sambas enredos.
E é no embalo do samba de 2007 – Áfricas: Do Berço Real à Corte Brasiliana – que convocamos todos os ancestrais e espíritos – Deuses Orixás para derramar suas bênçãos na Soberana Deusa Nilopolitana. Hoje saudando a trajetória de uma comunidade que luta pela igualdade e resistência.
Para o carnaval 2022 a Beija-flor contará o enredo: Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-flor. A sinopse tem a proposta de enaltecer as glórias e as histórias do povo negro, e abordar a luta contra o racismo.
No altar do nosso samba a gira vai girar para te abençoar, um griô vem contar a sua história.
Que Olorum transcenda a luz da fé Nâgo Yorubá, ilumindo a passarela, e Obatalá já anunciou… já raio o Sol da liberdade! E que Olodumaré o Deus maior nos guie.
Ora ye ye Oh, Mamãe Oxum, a nossa Senhora soberana e protetora derrame em nós o teu axé e quando ao vê-la dançar Ogun se curve de joelhos, para que juntos eles representem a força de nossas comunidades – Castelo e Beija-flor de Nilopólis.
As majestades negras tão saudadas pela Beija-flor hoje estão reunidas no seu altar para abençoa-la, Oxalá, Xango, Exú, Oxóssi, Oyá, Yemanjá, todos reluzem o brilho do seu exaltar.
Sangue negro que corre em tuas veias, são frutos de uma África de glórias que se dissipa em multidões, afinal somos todos quilombolas, salve a Bahia e o axé que tem magia.
A Princesa Deusa Soberana exaltou a Negritude, em várias facetas, exaltando a força de um povo de luta e de histórias, sangue de Reis, negros na raça, no sangue e na cor! Guerreiros Beija-flores.
Exaltou em seus sambas: lugares, personalidades, e as três raças – o Branco, o índio e principalmente o povo Negro.
Ainda bloco foi tri-campeã do carnaval em 1953, com raízes de imigrante judeus, principalmente sírio-libaneses, que se fixaram na cidade de Nilopólis, dentre eles, os patriarcas das famílias Sessim e Abraão David, que se estabeleceram como comerciantes locais e tiveram ascensão no jogo do bicho, se engajando na vida política, vindo a presidir a escola de Nilopólis, tornando-a essa grande Dinastia do samba, desde então as suas famílias estão a frente da administração da escola.
O Compositor Anísio Cabana foi o responsável por engajar o bloco de Nilopólis a entrar na Confederação Brasileira de Escolas de Samba para participar dos desfiles do segundo grupo carioca. Ficou conhecido por seu Samba Ilú Ayê e foi o ponta pé inicial para lançar uma das principais escolas do grupo especial do Rio de Janeiro e do carnaval na história do samba.
Existem dois períodos que marcam a história da escola, o antes e o depois da entrada de Laíla e Joaozinho Trinta na escola.
Joãozinho Trinta trouxe força e renovação à escola e ao carnaval do Rio de Janeiro, com muito luxo e glamour marcando décadas, e se tornando um dos principais nomes carnavalescos da história do carnaval, sendo consagrado campeão na escola nos anos 1976, 1977, 1978, 1980, 1983 e carregando seis vice-campeonatos. E tendo um destaque ainda maior com o enredo de 1989 Ratos e Urubus larguem minha fantasia, onde o Cristo redentor foi censurado pela igreja católica.
A era de Joãozinho e Laíla trouxe a base de construção da Beija-flor para sua ascensão – Laíla fez parte da comissão de carnaval da Beija-Flor sendo uma das figuras mais importantes da escola de Nilopólis, entre várias indas e vindas Laíla percorreu a comissão de carnaval da Beija-Flor de 1975 a 2018, estando ausente em alguns deles, onde engajava trabalhos em outras agremiações.
A Beija-flor sempre trouxe grandes nomes à frente de seu carnaval, carnavalescos como: Rosa Magalhães, Maria Augusta, Milton Cunha entre outros.
Mas foi com a formação da Comissão de Carnaval criada em 1998 que a Beija-Flor se edificou se tornando Soberana e conquistando vários títulos. A comissão formada pelos principais nomes como: Laíla, Cid Carvalho, Fran Sérgio, Victor Santos, Shangai, Ubiratan Silva, André Cezari, Bianca Behrends, Adriane Lins, Cláudio Russo, Cristiano Bara, Rodrigo Pacheco, Wladimir Morellembaum, Brendo Vieira, Gabriel Mello, Marcelo Misailidis, Léo Mídia, Valber Frutoso e Alexandre Louzada – tem dado grande resultados a escola, foram 9 campeonatos e 6 vice-campeonatos.
Grandes personalidades destacaram-se na Deusa, como o Interprete Neguinho da Vala que se tornou Neguinho da Beija-Flor, Eloína Leopardo – primeira rainha de bateria trans da história do carnaval, a porta bandeira Selminha Sorriso, O mestre-sala Claudinho, Soninha Capeta – passista e rainha de bateria, Pinah – destaque, Raissa de Oliveira –Rainha de bateria entre outros mil amantes e sambistas que compõem essa comunidade guerreira.
A memória de um grio já encantou outras realezas, nesse país tropical, e essas suas histórias e africanidades, fizeram da Beija-Flor a maior campeã da era Marquês de Sapucaí com quatorze títulos ocupando a 3ª posição de campeonatos no ranking do carnaval do Rio de Janeiro, atrás apenas da Portela e da Mangueira.
A escola possuí o maior número de vice-campeonatos da história – são 12.
Formosa e Soberana… são suas quatorze estrelas que brilham no teu pavilhão e reluz a força da tua comunidade.
E hoje um griô vem contar a tua história, é hora de convidar todo povo quilombola para o grande festival de prata que em plena pista te exaltará.
“Canta Beija Flor! Meu lugar de fala
Chega de aceitar o argumento
Sem senhor e nem senzala, vive um povo soberano
De sangue azul nilopolitano
Mocambo de crioulo: Sou eu! Sou eu!
Tenho a raça que a mordaça não calou
Ergui o meu Castelo dos pilares de Cabana
Dinastia Beija Flor!”
E no embalo desses versos do samba-enredo da homenageada para o carnaval 2022 que fica nossa reflexão, e toda nossa gratidão a essa Deusa da passarela.
A Castelo te convida a conhecer e viajar nessa história de resistência e sucesso da escola Beija-Flor de Nilopólis.
Autor do enredo: Danilo Santiago