Santa Cruz Imperial homenageia o povo de Tenetehara no Carnaval Virtual 2024

Nome da Escola:GRESV SANTA CRUZ IMPERIAL
Data de Fundação:26/03/2020
Cidade/Estado:RIO DE JANEIRO – RJ
Símbolo da Escola:TARTARUGA IMPERIAL
Cores da Escola:ROXO E AMARELO
Instagram da Escola:@SANTACRUZIMPERIAL
Nome do Presidente:THIAGO HENRIQUE FERNANDES LAVOURAS
Nome do Carnavalesco:FERNANDO NUNES SILVA
Intérprete:RAFAEL FAUSTINO
Enredo:TENETEHARA – A FORÇA ANCESTRAL DA CRIAÇÃO DE UM POVO GUERREIRO!
Autor do Enredo:FERNANDO NUNES SILVA

TENETEHARA A FORÇA ANCESTRAL DA CRIAÇÃO DE UM POVO GUERREIRO!

A verdade brilha no olhar de quem luta em aguydjeweté (resistir)!

Maíra, o grande pajé, criou os tenetehara. O poder revela o desejo do amor, e da árvore transformada em mulher gera o destino da doença. O canapum alimenta o povo, mas não cura o enfermo. Um ser supremo que ninguém via leva até Maíra a farinha feita da mandiocaba… Seria Tupã a cuidar da saúde de Maíra? Então, este ser ensina o povo a plantar maniva e milho e transforma o canapuzal em roça.

O homem disse a Maíra: “Plante hoje e arranque amanhã!” E assim Maíra cumpriu; porém, a teimosia gerou a discussão: Maíra deixou sozinha aquela que se negou a arrancar a mandiocaba, e depois de 15 dias encontrou o alimento tufado. Maíra a deixou para ir em busca de Karuwara (lugar de paz) e no ventre da cunhã já havia a semente que viria florescer: era Maíra-ira. Pelo poder místico, o curumim ainda no ventre da mãe, convenceu-a procurar o pai pela floresta; no caminho, a mãe pegava uma flor a pedido do filho e o destino levou a ser ferroada por marimbondos. Consumida pela raiva, perguntou ao filho qual caminho seguir, Maíra-ira calou-se em seu ventre, e ela perdeu-se na mata.

Caminhos cruzados… A Mucura encontra a mãe de Maíra-ira e usou de suas artimanhas para convencê-la a ficar em sua casa de palha. Então, a Mucura copulou com a mulher! Maíra-ira nada gostou de dividir o ventre com Mucura-ira e houve a separação.

Sem rumo certo, a mulher chegou na casa de umas pessoas que comiam gente: as onças!

Mesmo no ventre, Maíra-ira mostrou seu poder ancestral: transformou a mãe em casa de cupim, logo após em veado mateiro, mas novamente o destino levou a morte; os cães perseguindo o animal, fizeram com que as onças comessem sua mãe.

Do parto forçado, os filhotes saíram do ventre da mãe. Uma velha onça pediu para criar os filhotes… Seria o poder amor ou a artimanha da esperteza e da maldade? O instinto busca a sobrevivência: a velha onça tentou assá-los, socá-los no pilão, cortá-los para assar no espeto, porém o poder de Maíra-ira impediu sua própria morte e a de seu irmão.

Além disso, a velha onça viu o grandioso poder da transmutação: os filhotes viraram papagaios, quatis, paquinhas e por fim crianças. Então, a velha desistiu de matá-los e assim criou Maíra-ira e Mucura-ira.

O tempo passa e a vida de Maíra-ira e Mucura-ira é se aventurar na floresta. No instinto de criar, os gêmeos criavam animais e desafiavam as onças por serem bem mais conhecedores da floresta. Ao sentir tamanha sabedoria, a velha onça alertou aos dois que não fossem tão longe temendo encontrarem o Jacu, “o pau que fala”. Mais uma vez o destino levou a verdade dolorida: o Jacu contou a Maíra-ira e Mucura-ira que a velha onça havia comido a própria mãe; a tristeza consumiu os dois e as lágrimas desceram de seus olhos com um igarapé que enche em época de chuva.

A dor provoca o sentimento de vingança… Na floresta, Maíra-ira e Mucura-ira tramaram uma emboscada: fizeram um riacho e um cocal cheio de frutas: anajá, buriti, babaçu, juçara… Fizeram muitos abanos que quando foram atirados na água transformaram em piranhas. Levaram as frutas para onças, que admiradas ensinaram a fazer o suco de cada uma delas.

A sobrevivência desperta no guerreiro o que há no íntimo de cada um. Maíra-ira criou uma ponte a ponto de caber todas as onças, e ao sinalizar para Mucura-ira, a ponte virou e as onças foram

devoradas pelas piranhas. O grande pajé-onça roncava no fundo do rio, então Maíra-ira guardou seu espírito em uma pequena taquara. Assim, cumpriu-se a vingança!

Juntos, os irmãos seguiram a caminho de encontrar Maíra-pai. É o elo da sabedoria ancestral ao novo amanhã que cresce com o instinto de aguydjeweté. Ma-ira-pai ao deparar-se com os dois filhos não acreditou em suas palavras, e pôs a prova daquilo havia sido afirmado: encontrar seus perseguidores! No cumprimento da missão, Maíra-pai transformou todos os arcos construídos para atacá-lo em cobras.

Maíra-pai deu a Maíra-ira e Mucura-ira outra missão: encontrar no rio um velho pescando. Lá a rebeldia e a vaidade fazem com que novamente o destino dê a sentença cruel a um deles. Maíra- ira mergulhou no rio e começou a brincar com velho pescador puxando o anzol imitando um peixe. Mucura-ira também quis fazer parte da brincadeira, porém o irmão alertou para que não colocasse o anzol na boca, mas sem sucesso. O Velho pescador conseguiu fisgar um grande peixe e logo fez o fogo para assar. Aflito, Maíra-ira transformou-se em Tucandira (a grande formiga) e juntou os ossos do irmão, mas faltava a cabeça. Então, Maíra-ira tomou a forma humana para a conquista da cabeça, e assim foi feito: Juntou os ossos à cabeça, enrolou-os na folha de bananeira e soprou! Mucura-ira voltou a vida!

Diante a tantas provações feitas por Maíra-pai, foi a vez de Maíra-ira desafiar o pai. Maíra-ira pediu para dar o pai dar um flechada na pedra. Para mostrar tamanho poder, Maíra-ira conseguiu o feito, ao contrário de Mucura-ira; então, Maíra-ira soprou a ponta da flecha e o irmão conseguiu o feito.

Maíra-pai, já em sua velhice não conseguia fincar a pedra na flecha. Era o fim de Maíra-ira? Que bicho fez com que o grande criador dos Tenetehara se perdesse? O futuro dependia de Maíra-ira e Mucura-ira! Maíra-pai, pela sentença do tempo, foi esquecido e condenado a viver junto ao Jurupari.

O retorno aonde tudo começou fez com que Maíra-ira e Mucura-ira fossem eternizados como símbolo de aguydjeweté!

O povo Tenetehara é símbolo de luta! Mesmo com a invasão de suas terras pelos Karaiw (não- indígena), descendo ou subindo o alto rio Pindaré, não se deixou escravizar! Com bravura resistiram a catequização, porém a opressão mesmo que velada fizeram com que a relação não fosse de igual para igual.

Assim, para sobreviver a grande nação Tenetehara se dividiu: seja tembés-teneteharas ou guajajaras-teneteharas, os poderes e protagonismo não são adquiridos, mas constituem a natureza transcendental do próprio ser!

E a luta continua… Os karaiw envolvidos pela ganância que cega a luz de suas próprias almas invadem a terra dos Tenetehara, e mesmo sendo alvejados pelas motoserras dos madeireiros, pelas armas dos grileiros continuam a transmitir bravura, resistência e ancestralidade.

Em busca da terra sem males, Lúcio Tembé (Pará) e Sônia Guajajara (Maranhão) são o símbolo da nova luta do povo Tenetehara para nunca esquecer a bravura de seus ancestrais construindo um futuro de união, conquistas e paz!

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