
Nome da Escola: | Ases Imperial |
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Data de Fundação: | 07/09/2017 |
Cidade/Estado: | Franca, São Paulo |
Símbolo da Escola: | Coroa, Dois Tigres, Ases do Baralho e Coringa |
Cores da Escola: | Azul, Vermelho e Branco |
Instagram da Escola: | @asesimperial |
Nome do Presidente: | André Luis Rangel |
Nome do Carnavalesco: | Vinny Machado |
Intérprete: | RixXxa |
Outros Integrantes: | Vice Presidente: Cuca Peretto Diretor de Carnaval: Carlos Dantas Diretor Musical: Marcus Lopes |
Enredo: | Coacy Beija-Flor: Uma História de Amor Materno |
Autor do Enredo: | Thiago Tártaro |

Histórias compartilhadas. Caminhos cruzados. Semânticas aproximadas. Os povos originários de Pindorama, em suas constantes trocas, aglutinaram narrativas, crenças e as incorporaram aos seus fazeres. A pesquisa sobre essas sociedades mostra confluências. No desfile de hoje, a Ases Imperial falará de uma história presente no arcabouço religioso de Maraguás, Tucanos e Waimiri Atroari, que vivem no interior do atual Amazonas. Graças ao grande escritor maraguá chamado Yaguaré Yamã chegou a nós o mito da criação do beija-flor. Para respeitar as origens da narrativa que Yamã nos traz, pedimos que observem esses povos e suas origens: Monan, Kaaporanga, Mirakawera e Waruã são Maraguá; Iky, Wehmiri e o macaco-mão-de-ouro são Waimiri Atroari; a grande serpente e os tucanos aves são dos indígenas Tucano. Nestes contextos diferentes, uma união: Coacy beija-flor, a indígena que, com o máximo amor materno, salvou sua filha.
Contam os indígenas que uma mulher chamada Coacy e sua filha Guanambi viviam felizes em sua imemorial aldeia, no coração da floresta. Certo dia, por ocasião de conflitos intertribais, Coacy morre. O luto foi grande. Choro e desespero tomaram conta da mata. Os animais se compadeceram e ressentiram. Naquele tempo, por magia dos deuses ancestrais, mães que faleciam e deixavam seus filhos órfãos transformavam-se em borboletas. Assim, a alma de Coacy se transforma pela primeira vez e surge, portanto, Coacy borboleta.
A tristeza de Guanambi se expandia ao infinito e reverberava de uma forma tão misteriosa, que em dado momento a garota, então ajoelhada às margens do rio denominado Abacaxi, se transforma em uma flor bela e lamuriosa. Surge Guanambi flor. Depois de algum tempo, Coacy em sobrevoo pela mata ouve o choro de sua filha. Ela segue o som do pranto até que encontra a menina encantada. Confrontam-se mãe borboleta e filha flor em mágicas metamorfoses. Guanambi diz a Coacy que poderia ser resgatada caso sua alma fosse tirada da forma flor e levada aos deuses ancestrais. Porém, o corpo sensível de Coacy não tinha força o suficiente para extrair a alma de Guanambi dali.
A mãe, cheia de amor e ímpeto, decide por um apelo ecumênico. Coacy voa ao transcendente e encontra Monan, a grande deusa da criação Maraguá, e Tupã, o poderoso deus do relâmpago, cultuado em tantas e tantas gentes de Pindorama. Coacy pede aos deuses que sua leve forma de borboleta seja fortalecida o suficiente para conseguir tirar a alma da filha de dentro da flor. Compadecidos e tomados pelo amor materno daquela mulher, Monan e Tupã usam sua magia divina para transformar Coacy em um animal ainda pequeno e voador, porém mais robusto e forte, dotado de longo bico. Os deuses originários acabam de, com isso, criar um animal até então novo. Nasceu Coacy beija flor.
Assim, Coacy retorna a Guanambi, enfia seu forte bico até o âmago da flor e consegue sugar a alma da filha. Coacy e Guanambi vão juntas ao infinito e vivem sua relação familiar felizes para sempre. Até hoje, dizem os indígenas, quando um beija-flor beija a flor, temos uma mãe salvando a alma de uma filha.
O amor de Coacy se transformou em paradigma e se espalhou por todas as sociedades posteriores. Temos vários exemplos de mães fortes que deram a vida pelos filhos. As mães yanomami de Haximu clamam pelas vidas dos filhos, covardemente tiradas pelo garimpo ilegal. Na vizinha Argentina, as Mães da Praça de Maio buscam pelos filhos desaparecidos na ditadura até hoje. Da mesma forma, Zuzu Angel lutou contra a ditadura brasileira pela memória de seu filho, que foi morar na imensidão do mar. Neide Senna, para se autoconsolar pela morte do filho Ayrton, amado por ela e por todo país, inaugura uma ONG, ganhando assim várias crianças carentes como filhos. E, claro, Ciata, nossa mãe. A matriarca mor do carnaval e dos sambistas. Samba que na noite de hoje declara seu amor a todas as mães, especialmente na pessoa da nossa protagonista: a divina Coacy- Beija-Flor.
Regras do Concurso: | Reedição do samba de 2018 da própria escola |
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