Campeoníssima de 2020, Floripa do Samba cantará “Fafá – de Belém “Pará” o Mundo.” no Carnaval Virtual 2021

Depois de bater na trave em 2018 e 2019, a Floripa do Samba consagrou-se Campeã do Carnaval Virtual de 2020. A atual campeã trará para 2021 “Fafá de Belém Pará o mundo”. Irá contar a história de Fafá de Belém, perpassando pelo regionalismo amazônico, suas relações com a região norte do Brasil, suas atuações como atriz e participações em novelas e filmes, sua religiosidade e suas lutas e conquistas. A equipe campeoníssima de 2020 está mantida para 2021, afinal, time que está ganhando não se mexe. Composta pelo presidente Christian Fonseca, carnavalesco Fernando Constâncio e intérprete Leonardo Bessa, a tricolor de Florianópolis vai firme e forte em busca do bi-campeonato.

Confira a entrevista cedida pelo presidente, Christian Fonseca:

1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?

A paixão pelo carnaval me levou, em 2009, a pesquisar no antigo Orkut, páginas sobre Carnaval. Entre pesquisas, encontrei a LIESV e me interessei pelo projeto. Inscrevi minha escola no final do mesmo ano, estreando em 2010. Desde lá “continuo participando”.

2- Qual a história da sua escola, como foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolos nome?

Interessante isso, pois como gostava muito de carnaval, a ideia era ser diversas cores, para representar todas as escolas do Rio e Floripa. Até que em 2010, após nosso enredo sobre a União da Ilha do Governador, optou-se por manter suas cores, Vermelho, azul e branco, a homenageando definitivamente.
O símbolo se originou após eu, criança, assistir um desfile da Unidos da Tijuca (2008) sobre coleção, e me encantar com o pavão dourado do abre-alas. Essa referência me marcou e o escolhi para estampar o pavilhão.
Após alguns anos, entre meados de 2015 e 2016, surgiu um design do Caio, adicionando a ponte Hercilio Luz no pavilhão da escola. A brincadeira virou realidade, e optamos por incrementar oficialmente junto ao pavão na nova versão da bandeira, em 2021.

3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?

O enredo que a Floripa do Samba irá levar para a passarela virtual será “Fafá de Belém Pará o mundo”. Iremos contar a história de Fafá de Belém, perpassando pelo regionalismo amazônico, suas relações com a região norte do Brasil, suas atuações como atriz e participações em novelas e filmes, sua religiosidade e suas lutas e conquistas. Até o momento, o enredo será contado através de 24 alas, 02 casais de mestre sala e porta bandeira, 05 tripés e 05 carros alegóricos.

4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?

Neste ano a escola é composta pelo presidente Christian Fonseca, que sempre esteve à frente da escola; o carnavalesco Fernando Constâncio, que está na agremiação desde o ano de 2017 e o intérprete Leonardo Bessa.

5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc

Regras do Concurso:

O concurso se samba se dará entre as datas 20/03/2021 até 25/04/2021. (Tal prazo pode ser prorrogável dependendo da quantidade de sambas inscritos, não podendo exceder 31/04/2021).
Caso ultrapasse a data limite (31/04/2021) sem contar com nenhum samba, vamos optar pelo encomenda do mesmo;
Cada compositor pode inscrever quantos sambas-enredos quiser;
Os sambas devem ser encaminhados para o email: gresvfloripadosamba@gmail.com ou pelo whatsapp do presidente Christian Fonseca, (48) 9 9819 5145.
Os sambas encaminhados devem estar em formato Mp3 acompanhados da letra do samba-enredo.
Caso o concurso receba sambas até a data limite, o resultado sairá no dia 01/05/2021 (Dia do Trabalhador);

6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2021, tanto de vocês quanto das coirmãs?

Esperamos novamente um grande espetáculo de todas as escolas, reafirmando a importância e seriedade da LIESV enquanto liga virtual. Em relação a Floripa do Samba estamos preparando um carnaval maior que o ano anterior, com o compromisso de melhorar aquilo que já foi apresentado pela escola nos anos anteriores, buscando um compromisso com a própria história da escola

Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Floripa do Samba para o Carnaval Virtual 2021:

“Fafá – de Belém “Pará” o Mundo.

Justificativa Geral do Enredo:

O enredo Fafá – de Belém “Pará” o Mundo, que será apresentado pela Floripa do Samba no Carnaval Virtual de 2021, segue a linha de narrativas culturais e que buscam apresentar e evidenciar o povo brasileiro, seus costumes, crenças, lutas e conquistas. O enredo não se propõe apresentar a história da cantora, atriz e intérprete de forma somente biográfica ou cronológica. Optamos por apresentar Fafá de Belém através de suas conexões com a região onde nasceu e que buscou e busca ser voz em suas canções, diálogos e discursos. Assim, o enredo está voltado e pensado em trazer, de forma inicial, o regionalismo amazônico a partir dos dois primeiros discos da cantora “Tamba-Tajá” e “Água”; em seguida trazemos as festas e ritmos de caráter folclórico e popular da região Norte; para depois abordar a religiosidade de Fafá de Belém e sua devoção e participação na festa do Círio de Nazaré; culminando em suas atuações para além de cantora, apresentando Fafá em cena no Theatro da Paz, na televisão e no cinema; e, por fim, as lutas, conquistas e reconhecimentos da nossa homenageada que completará 65 anos no ano de 2021.

Sinopse:

Introdução: O nascimento de Maria de Fátima

“Acreditar na superação é sinônimo de Fé”
(Fafá de Belém em entrevista a Tv Cultura)

Maria de Fátima é fruto de um milagre, nasceu na superação de um pagador de promessas. Seu pai ao adoecer pediu saúde a Nossa Senhora de Fátima e que conseguisse superar suas dores. Em pedido proferiu que em homenagem a Nossa Senhora daria o nome da Santa a sua primeira filha mulher. Assim nasce Maria de Fátima, sob as bênçãos de Nossa Senhora de Fátima, no dia 09 de Agosto, dia Internacional dos Povos Indígenas. Fafá de Belém é símbolo do Pará, é a mistura dos povos da Amazônia, é sinônimo da cultura nortista. É a força da fé que guia um povo e supera as dificuldades da vida, é o cantar do regionalismo amazônico que se mistura ao colorido da cultura popular local. É assim que se apresenta para todo o Brasil e para o mundo: com a sua fé, com as cores, ritmos, sabores e a força da estrela do norte.

Setor 01: Raízes de Tamba-Tajá – O Regionalismo Amazônico

“Nós temos uma região chamada Amazônia. Somos um povo especial, generoso como nossos rios, de emoções caudalosas como eles, aprendemos a tomar banho de igarapé (…) a dançar descalços ao som do tambor que faz o chão tremer.”

Fafá de Belém – Introdução da música Vermelho, apresentação no Theatro Da Paz.

Iniciamos essa história na Amazônia brasileira, na região Norte do Brasil. Terra de riquezas naturais e ecológicas, rodeada de rios que se encontram e de barcos que flutuam sob suas águas tranquilas. Repouso e subsistência dos ribeirinhos e dos povos originários deste solo. Fafá emerge no cenário nacional mostrando seu povo, sua gente e suas histórias – repleta de mitos, contos, lendas e de muita cultura. Terra de Tamba-Tajá, de Indauê Tupã, de Pauapixuna, do cantar dos Uirapurus e também do silêncio das matas e da correnteza dos rios que vão de encontro com o Canto das Águas que percorrem caminhos como uma rua, revelando os povos ribeirinhos que navegam com suas canoas indo de proa e encontrando-se com botos e com a cobra grande, protetora dos rios amazônicos.
Amazônia, terra de histórias e paixões extraordinárias que resistiram a enfermidades em nome da chama do amor fazendo brotar uma linda flor à beira do igarapé após o passar de nove luas. Seu nome, símbolo da união entre o jovem casal Macuxi ficou conhecido como Tamba-Tajá, servindo de amuleto vivo de proteção por toda a Amazônia, entoados aos quatro cantos do Brasil em Fá maior.
Fafá de Belém é a personificação do canto das águas, do símbolo protetor da Amazônia Tamba-Tajá através de seu regionalismo; é o cantar tal qual o Uirapuru, a sentinela da Amazônia, que rodeado de admiradores, ao cantar, todos os outros em sua volta se silenciam para ouvir a beleza em seus acordes musicais.

Setor 02: Cores, ritmos e sabores do Norte cantados por Fafá de Belém

Belém, minha terra, meu rio, meu chão
Meu sol de janeiro a janeiro, a suar
Me beija, me abraça que eu
Quero matar a imensa saudade
Que quer me acabar
(Letra Música Bom dia, Belém)

Belém do Pará, a estrela do Norte do Brasil é terra de ritmos, cores e sabores. Fafá, através de suas músicas, foi porta-voz de manifestações culturais desta região para todo o país. Cantou os sabores do cajá e das mangueiras presentes na alimentação cotidiana das populações locais de Belém, vendidas e negociadas no mercado municipal da cidade, o Ver-o-Peso, onde encontram-se tantas outras frutas e produtos nortistas conhecidos no mundo inteiro. Através dos ritmos emergiu sua marca no som e no colorido do girar das saias floridas do carimbó e do siriá, sob o batuque do ritmo intenso das marcações da marujada com seus fitilhos e rosas vermelhas que ornamentam as vestimentas para saudar as comemorações de São Benedito. Batuques que fazem ressoar na Ilha da Magia, Parintins, a voz do caboclo sonhador, viajando no olhar do espelho das águas e admirando o azul do firmamento, da cor do céu e de sua paixão – voando como um pássaro sonhador ou fazendo ressoar a cor de um batuque vermelho que percorre o mundo inteiro, garantindo que tudo irá vermelhar na poética amazônica do Festival Folclórico de Parintins.

Setor 03: Romarias do Círio

Quem sabe assim
Verá que a corda entrelaça todos nós
Sem diferenças, costurados num só nó
Amarra feita pelas mãos da Mãe de Deus
(…)
É fato que a palavra não alcança
Não cabe perguntar o que ele é
O Círio ao coração do Paraense
É coisa que não eu não sei dizer
Deixa pra lá…
(Letra Músicas: Círio de Nazaré e Eu sou de Lá, Fafá de Belém)

Belém do Pará é terra de romarias, procissões e fé que fizeram emergir nas margens do igarapé Murucutu, no início do século XVIII, a estátua de Nossa Senhora de Nazaré. Conta o imaginário local, que após muitas tentativas, a imagem retornou inexplicavelmente ao lugar onde fora encontrada, até que entendendo este como um sinal dos céus, ergue-se uma capela no local. Assim, essa história ficou conhecida e atraiu a visitação dos habitantes da cidade de Belém do Pará que passaram a homenagear Nossa Senhora de Nazaré, fazendo peregrinação todos os anos, acendendo velas para a santa e deixando seus ex-votos.

Após diversos milagres concedidos, a fé e devoção dedicados a Nazinha, como popularmente ficou conhecida aos seus devotos, iniciou-se às comemorações e procissões em sua homenagem. Todos os anos, desde meados de 1700, ribeirinhos em seus barcos seguem em procissão pela Baía do Guajará, que circunda a cidade de Belém, enfeitados com fitas, bandeiras e flores até o cais do porto da cidade, sendo recebida por uma multidão de pessoas numa intensa romaria seguindo em procissão com a imagem da Mãe da Amazônia. Na procissão os devotos e romeiros carregados de fé caminham pelas ruas de Belém seguindo a imagem na berlinda segurando a corda entrelaçados pelo manto de Nossa Senhora de Nazaré, pagando suas promessas, carregando velas, os barquinhos de miriti e seus ex votos juntos em um só propósito. Nazaré é uma resistência de amor de Mãe e de inclusão pois no manto Dela todos cabem. Gente de todos os cantos, cores, lugares e crenças se encontram no Círio de Nazaré. Ao final dos festejos os romeiros, turistas e devotos voltam para suas casas para adorar Nossa Senhora de Nazaré durante todo o ano em seus altares, para que no próximo ano se comemore o Círio outra vez.

Setor 04: Fafá em Cena

Filho da Bahia
Se você não vem…
Não lhe faço dengo
Não vou lhe ninar
Viver não é fácil, não
Pergunte pra meu coração
Sei perder na valentia
Sei amar o meu amor
Ah, moreno
(Letra Filho da Bahia, Fafá de Belém)

Belém do Theatro da Paz, da luz da ribalta, de dramas, comédias, orquestras, shows e musicais. Arte que encena a vida nos palcos, nas trilhas sonoras da televisão, na lente da câmera fotográfica e nas telas do cinema. Palcos que deram vida a sátiras do cenário político sombrio em tempos de ditadura colocando muita goma no tacacá; telas que encenaram a ópera da vida do Alabê de Jerusalém, levando ao mundo a mensagem de tolerância religiosa e de respeito a todas as culturas; Trilhas sonoras que acompanharam e deram musicalidade aos filhos da Bahia na trama de Gabriela, mostrando o cotidiano de Ilhéus e a migração forçada devido a severa seca que castigará o nordeste brasileiro, inspirados na obra de Jorge Amado; ou os dramas e amores que moveram com a Força do Querer, acompanhados da musicalidade e do folclore nortista para elucidar a história da sereia filha de boto e de seus cânticos do Pará.

Cenas do cotidiano brasileiro, de suas histórias, dramas e culturas cantados, narrados e encenados por Fafá de Belém durante sua trajetória, que hoje emergem no símbolo da vida encenada de Belém do Pará: O Teatro da Paz – As cortinas se abrem para receber Tacacás, Alabês, Gabrielas, Botos e Sereias ao som da musicalidade e da teatralidade de Fafá de Belém.

Setor 05: Lutas, Glórias e Conquistas da Estrela do Norte para o mundo

A luta por justiça social
Por amor e igualdade entre nós
Nas Diretas a liberdade é uma só voz
(…)
Canta, Canta, Fafá
Em Fá maior
Mostrando ao mundo quem tu és

Fafá dos movimentos de lutas, conquistas e glórias. Fafá de Belém do Pará para o mundo todo ouvir-te cantar e sonhar. Fafá do movimento das Diretas Já, na busca por um país democrático e contra o fim do regime ditatorial que se instalou no país em tempos onde o direito ao voto fora conquistado ao som de um viajante e Menestrel de Alagoas, que falou a língua do povo espalhando esperanças para todo o Brasil. Fafá de Mulheres, de descobrimentos e de reescritas do papel feminino na sociedade através da música ao lado de grandes nomes populares como Bethânia, Zezé Motta, Elis Regina e Rita Lee. Fafá do Nordeste Já, das campanhas contra as severas enchentes que devastaram a região na década de 1980. Fafá de carnavais, de interpretações e homenagens. De sonhos cabanos rebelados que fizeram rufar os tambores do Acadêmicos da Pedreira na Aldeia Amazônica afirmando que o paraense vai à luta pois não tem medo de nenhum senhor. Fafá em Fá maior, do rancho que não se entristece e não se amofina e conquista o carnaval de Belém. Fafá de Belém para o mundo, para Portugal e para o Benfica, fazendo o estádio ecoar ao som de nossa cor, ao som do vermelho encarnado e garantindo mais uma vitória. A cantora brasileira mais portuguesa do Brasil de méritos, medalhas e canções que cantam sua segunda terra, Sua Saudade de Portugal.

Hoje te coroamos a Rainha da Amazônia e engrandecemos suas lutas, conquistas e glórias. Enaltecemos e mostramos, através de seu canto, seu povo e sua gente. A Floripa do Samba se veste com teu manto, endossa sua voz e suas canções para mostrar uma região do nosso Brasil múltipla, plural e diversa. O pavão de nossa escola encontra o Uirapuru da Amazônia e celebra seus 65 anos de conquistas no carnaval virtual de 2021.

Texto e Sinopse: Fernando Constâncio

Autor do enredo: Fernando Constâncio

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