Carnaval Virtual 2023 – “Talvez eu vá te encontrar, ou ouvir os seus escândalos por aí”, é o enredo da Talvez eu Vá para o Carnaval Virtual de 2023

Com os pés no chão, mas acreditando em seu potencia para brigar pelo título, a Talvez eu Vá, vem com o enredo “Talvez eu vá te encontrar, ou ouvir os seus escândalos por aí”, criado por Rodrigo Barboza que também será o carnavalesco responsável pelo desenvolvimento.

Confira a entrevista concedida pelo presidente, Gabriel Nunes:

1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?

Conheci através do Iuri santos que hoje é presidente de hora e diretor geral da escola, ele participava de alguns concursos de samba na liga.

2- Qual a história da sua escola, como e onde foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolo e nome?

Criamos a escola pela afinidade com o carnaval, colocar um enredo com o seu nome na avenida, mesmo sendo virtual não tem preço, escolher entre diversos bons sambas é uma sensação única, Adotamos as cores Preto e Branco pois os fundadores ( Gabriel Nunes e Iuri Santos ) São Botafoguense e Vascaíno, O símbolo é um surdo que é a marcação, o coração da escola a pulsão maior, fizemos um reformulação no nosso pavilhão original e adicionamos tonalidades que representam o fogo da Fênix, além de escolhê-la como símbolo central foi inserido tambem a espada que representa nosso santo padroeiro, São Jorge.

O nome foi uma homenagem a um amigo que por sinal gosta muito de samba falava bastante “Talvez eu vá” para responder uma pergunta.

3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?

Tudo se início com à comunidade da escola sentado junto com o padroeiro na praça do subúrbio, para contar a história do Cuíca de Santo Amaro, o trovador e cordelista da Bahia de todos os Santos.

O enredo será divido em 3 setores com 3 carros, a quantidade de elemento é fantasias vocês irão descobrir só no dia do desfile.

4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?

Tive o cuidado de escolher pessoas comprometidas com a escola, para o carnaval 2023 estamos com 1 carnavalesco que é Rodrigo Barboza a quem dei total liberdade para idealizar o enredo, construir a sinopse e produzir os desenhos. Além dele estamos com o Iuri Santos como presidente de honra e diretor geral, Abraão Santos como vice presidente e Gabriel Nunes presidente e nosso interprete estamos conversando com um, acredito que vai se identificar muito com a escola.

5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc?

Pelo primeiro ano vamos fazer encomenda para o conhecido escritório do samba da LIESV

6 – O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2023, tanto de vocês quanto das coirmãs?

Esperamos grandes apresentações e consequentemente uma grande disputa. Quanto mais as escolas elevarem o nível dos desfiles melhor será pra todos. A LIESV só tem a ganhar.

A Talvez eu vá para 2023 vem adotando a premissa de que menos e mais, desejamos muito brigar pelo título, sabemos a dificuldade que e estamos com os pés no chão. Nossa equipe é extremamente qualificada e todos possuem o mesmo objetivo.

Confira abaixo a sinopse do enredo da Talvez eu Vá para o Carnaval Virtual 2023:

Sinopse

Abre os caminhos para um herói sem caráter, possuído pela ética da
malandragem. Arquétipo de Exu. Acenda uma vela para deus e outra para o
diabo. Extra extra ,Leiam e releiam,apenas dois cruzeiros. Minha querida
comunidade, convoco a todos e todas para esse escândalo imaginário. Logo
na manha já convoco o povão, a cambada que desce a ladeira de salvador .O
sol baiano já fazia a queima do chão de pedra batida. Terra que queima e
arde igual pimenta. Eu que sou ferreiro padroeiro que tão novo cresci,e
criado por dois amigos sentado na praça, escuto a sua voz passear.

Enladeiradas ruas e vielas da velha e confusa Cidade de São Salvador, ele
estava presente. Gritou logo em voz alta, chamou a porta bandeira e mestre
sala para dançar naquela manhã de sol. Era ali que tudo se juntou para
fazer o solo, o chão do trovador. Chão de Cuíca de Santo Amaro. Como numa
Grande Viela e rua, o povo passeava, se misturou fofoca de cidade com
história. Cordelista.

A notícia que só sai com o cheiro de Cuíca nos folhetos. Cuica veio à terra no dia 19 de março de 1907, recebeu em homenagem ao santo São José o nome de José Gomes. Filho de Maria e Emídio Tibúrcio Gomes, foi criado pelos lados da Castanheda, um subúrbio da cidade de Salvador. Ainda menino , foi entregue aos cuidados de sua madrinha, Viola.

Há quem diga, que porque tocava muito violão pelo interior
do Estado e andava de caminhão, recebeu esse nome “Cuica” pelos
caminhoneiros da estrada que passavam por ali. Carcaça. Boca de inferno,
ganhou esse nome por ser o oposto do contemporâneo, Rodolfo Coelho
Cavalcante, na qual tinha o mesmo apelido. Ainda jovem teve suas mãos
guiadas no trabalho braçal. Forjado um Guerreiro igual Ogum. Foi operário
do trapiche de fumo e cobrador de bondes na Companhia Linha Circular de
Carris da Bahia.

Continuo aqui sentado na praça Cairu. O povo entornava abaixo da Feira de
Água de Meninos. O som da poesia delirante de Cuíca ecoava pelos céus em
meio a prédios, ladeiras, bares, comícios, frutas, verduras botecos e brigas.
Veio de lá montado na garupa de São Jorge ,padroeiro da escola: talvez eu
vá te encontrar por lá também.

O suor escorria no chapéu de coro. Negro cordelista, negro de tantas raízes de um imaginário delirante. No mercado de Santa Bárbara foi onde fincou sua trajetória, o maior shopping da época.

Lavadeiras, pescadores, bunjigueiros e até mesmo o povo da classe média
sabia das notícias que Cuica recitava nas ruas a céu aberto. Ele estava
presente nas rodas de conversas eruditas e populares, nos bares, casas,
tabernas, nos burburinhos das baianas na janela. Era o cronista da cidade, o
narrador dos “causos”, o provocador dos costumes, o atrapalhador da
ordem dos bem comportados. De pés peregrino descemos de casco e
sapato. Avistei seu povo,e vimos Cuica .Ouvir seu nome era sinal de temor
para muita gente, afinal ninguém sabia o que estava por vir quando Cuíca
de Santo Amaro desfilava pelas principais ruas de Salvador.

“A primeira lembrança que tenho de Cuíca … Ele me assustava. Era uma
pessoa que se vestia de modo diferente, usava um paletó velho. Ele fazia
uma composição bem diferenciada, de um poeta iconoclasta. Cuíca entrava
nos bondes, nos trens, no Elevador Lacerda e as mães cobriam o rosto dos
filhos para que não vissem Cuíca de Santo Amaro porque ele era um ser
meio maldito pelas coisas que dizia. A mãe escondia o olho e a gente atenta
os ouvidos para ficar percebendo o que é que ele dizia, qual a malícia que
vinha da boca de Cuíca de Santo Amaro.”

Ieda de Castro: “Me causou uma impressão horrível. Ele parecia aqueles
bruxos daqueles contos de fadas aterrorizantes que eu não gostava…Ele
falava de um motel … Bem ninguém falava motel naquela época. Era um
hotel que havia em Itapoan, Hotel Europa, que ainda hoje existe. E ele fez
um cordel dedicado a esse hotel Europa, no qual falava que as senhoras
casadas que queriam trair o marido vinham fazer programa neste motel.”
De pegadas encarnadas, trazia debaixo do braço um apoiado de cordel
imprimido em máquina,com mais uma edição de suas revistas de cordel, e
gritava com voz rouquenha, o último escândalo ocorrido na chamada
sociedade, para o delírio da platéia. Era muita gente,muita gente querendo
saber ,saber quem é o homem que virou esqueleto de tanto esperar o ruído
do telefone, ou querer ouvir também o relato da vingança do homem de
Brota: meu amigo se eu te contar que até Hitler caiu nessa, ele foi pego por
lá, na quebrada do bendito fogaréu, na entrada do inferno onde o diabo
queimava com ele igual papel. A chegada da algazarra atravessava céus e
terras baianas até se misturarem aos pés do Mercado Modelo. Peguei
carona com povão que chegava pra saber da notícia da vez .O Rei das ruas
de salvador o popular artista que viveu numa Bahia que estava
mudando.

Logo vi ele chegando e se apoiando nos cordel perto de um dos
poste de luz que ali ficava, toda aquela gente que passava ouvia Cuica
noticiando a notícia da manhã. Até o Sambista Walmir Junior sussurrou em
meio ouvido, dizia ele que chamava-o de Zeca:tomava uma cachacinha ,e
não era brincadeira! Tudo se juntou naquela manhã, malandros e boêmios.
Não existe início, e muito menos meio e fim, para ver Cuica desfilar no chão
graúdo .O cordel virou história, a festa virou notícia,e no samba enredo sua
história foi contada. Cuica,sua voz a de arder nos ouvidos do povo que
andava nos bonde da região acunhado naquela estação.Fez das ruas sua
casa,o seu ganha pão. De cada conversa sussurrada um cordel, em cada rua
um mutuário de notícia , em cada canto um escândalo. Carnaval, Terezinha!
Disseram que até o consagrado Chacrinha ou vise e versa era protótipo de
Cuíca.O Pagador de Promessas. Lá se misturava as folias de blocos/festa,
batucou também com mestre bimba e Joãozinho da Goméia,saudou e viveu
as pinturas e os orixás de Carybé. Esse cordel de encruzilhadas que eu vejo,
fez história pra povo sussurrar. Hoje me vejo feliz lendo cada cordel de sua
história escancarado no meu samba .

Talvez eu Vá pegar minha fantasia, chamar São Jorge pra descer a cavalgada na passarela e ajudar meu povo a levar o nome de Cuica ao pódio. Sem saber onde ele vive hoje, se é no inferno ou no céu, nós dizemos que ele está entre nós. Ainda vejo seu nome exposto em uma faixa amarela, certeza que já deve ter anunciado aos anjos ou aos diabos que ele virou samba de enredo na multidão indo para a passarela.

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