Carnaval Virtual 2023 – Estreando no Grupo Especial, a Mocidade Independente homenageará a escola de Padre Miguel, com o enredo “Salve a Mocidade”

Após o título do Grupo de Acesso no carnaval virtual passado, a Mocidade Independente fará sua estréia no Grupo Especial, e homenageará a escola que é sua madrinha no carnaval real, a Mocidade Independente de Padre Miguel, com o enredo “Salve a Mocidade”, que será desenvolvido pelo presidente e carnavalesco Giovani Leal.

Confira a entrevista concedida pelo presidente, Giovani Leal:

1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?

Acompanhamos a Liesv a muitos anos. No início da nossa história como escolas tivemos contato com outra liga, porém é o nosso segundo ano aqui e estamos muito satisfeitos por todo trabalho feito aqui.

2- Qual a história da sua escola, como e onde foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolo e nome?

Temos 6 anos de fundação, estamos indo pro nosso sétimo desfile, aqui o segundo. Sede no Rio de Janeiro, cidade de nosso presidente e fundador. Nossas cores (Verde e Branco), símbolo (Estrela) e nome são claramente em homenagem a Mocidade Independente de Padre Miguel.

3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?

Enredo – Salve a Mocidade, em homenagem a história da Mocidade Independente de Padre Miguel. Nossa quantidade de elementos só será definida por concreto ao longo do processo. Mas por característica, gostamos de explorar o máximo que podemos de elementos.

4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?

Nossa equipe é composta basicamente pela mesma equipe. Basicamente amigos apaixonados pelo carnaval e pela Mocidade.

5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc?

Será encomenda. Buscamos nesse ano especialmente que será de fato em homenagem a Mocidade compositores da própria escola pra elaboração do samba.

6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2023, tanto de vocês quanto das coirmãs?

Esperamos fazer um ótimo trabalho, principalmente nesse enredo tão especial pra nós. Vamos nos doar e trabalhar o máximo possível pro melhor resultado. Esperamos também uma grande festa com lindos projetos apresentados pela co-irmas engrandecendo nosso Carnaval Virtual.

Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Mocidade Independente para o Carnaval Virtual 2023:

Introdução
Tenho 67 anos, muitas histórias, muitos amores, mas me
considero no auge de minha “mocidade”. Sou irreverente, inovadora e
na minha bandeira brilha uma estrela permanentemente revolucionária.
Possuo 6 títulos na elite do carnaval carioca. Prazer,sou a Mocidade
Independente de Padre Miguel. Meu pavilhão carrega as cores verde e
branca, e ao centro meu maior símbolo: uma estrela de 5 pontos. Já
nasci uma estrela!
Eu nasci no bairro de Padre Miguel, na comunidade de Vila Vintém.
A mais famosa estrela da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Meu nascimento
deve-se a várias pessoas, algumas vivas, outras que são eternamente
lembradas na constelação de minhas memórias. Não diz o dito popular
que as boas pessoas viram estrelas, eternamente a brilhar? O que dizer
de quem já nasceu estrela, como eu?
Hoje, em homenagem a mim, a agremiação que leva milhões de
pessoas mundo a fora o sentido da cultura do carnaval, sua beleza,
leveza e alegria, bem como, em homenagem a todos os que fizeram e
fazem parte da construção de sua história vitoriosa, a minha mais nova
amada, Mocidade Independente Virtual, se faz poeta para cantar na
avenida virtual, a minha história, carregando consigo a juventude de
uma Mocidade e a ousadia de um Independente nas terras de Padre
Miguel. Eu que sou carregada de ousadia, pioneira por essência agora
invado o mundo digital. Eu que já estive no Espaço Sideral, estou no
espaço digital. 67 anos e com a alma jovem!
Sinopse
Padre Miguel 1953…
Antes de nascer, eu estive nos pés, corações e mentes de meus
idealizadores. Nasci no futebol. Meus pais estavam sempre alegres,
celebrando a vida, entre uma partida de futebol e outra,
campeonatos,encontrando-se e circulando nos trens que ligam os
subúrbios dessa cidade ao seu Centro. Meus pais fundaram o
Independente Futebol Clube e se reuniam para falar de pelota, das
dores, felicidades e dificuldades da vida nos bares do Ponto Chic. Logo
esses encontros virariam rodas de samba. Que som melhor para
representar a alma e malandragens cariocas, nos anos 1950, que o
samba? Assim, em meio a batucadas eu surgi enquanto Bloco
Carnavalesco Mocidade do Independente, junto ao nome, carreguei as
cores e a competitividade do clube de futebol.
Nessa época, eu disputava o título de melhor bloco da região contra o
Bloco Unidos de Padre Miguel. Com minha comunidade fiel, “crias” da
Vila Vintém, em meu primeiro desfile como Bloco Mocidade do
Independente defendi o meu chão, em uma homenagem ao bairro de
Padre Miguel.
Nos anos seguintes, seguia alegre e festeira como bom bloco que
era, até que, da indecisão de Waldemar Vianna de Carvalho, político da
época, em anunciar o bloco vencedor de 1955, restou ao Unidos de
Padre Miguel, meu maior rival,como melhor Bloco Carnavalesco, e, a
mim, o Mocidade do Independente como melhor Escola de Samba.
Assim, me tornei Escola de Samba, tendo herdado as cores verde e
branca, fiz brilhar em meu pavilhão, de recortes de pipas a mais bela
estrela no céu de Padre Miguel, estrela esta, com um destino certo – o de
ser pioneira e brilhar no carnaval. Como Escola de Samba, parti de
Padre Miguel, num trem lotado de foliões, rumo à Praça Onze. E pra
consagrar minha existência, fui batizada pela Beija Flor de Nilópolis, em


  1. Iniciei minha trajetória ao som de “O Baile das Rosas”. Cantando a
    “Apoteose ao Samba”, fiz ao samba uma cerimônia de divinização, e ao
    tornar o samba sagrado, sagrei-me também dentre os deuses do
    carnaval. Curioso, lembrar, que no início de minha história no carnaval,
    eu era tida como uma escola que possuía apenas bateria, fama esta
    dada em virtude de Mestre André, que ao deixar sua baqueta cair fez da
    bateria minha maior referência. Afinal, naquele momento, ao deixar o
    comando para recuperar a baqueta perdida, todos os meus ritmistas
    pararam de batucar, e ao recuperá-la, dada a ordem de batucar
    novamente, o povo foi ao delírio com sua famosa a paradinha. Eu sou a
    paradinha em todo coração do sambista!
    Em meus primeiros carnavais cantei “O Cacho da Banana”, “A Festa
    do Divino”, com “Mãe Menininha do Gantois”, me tornei uma potência e
    disputei o título com a minha madrinha, a Beija Flor de Nilópolis. Com“O
    Descobrimento do Brasil” me tornei campeã! Nas mãos de Arlindo,minha
    brasilidade era arte em movimento, das formas em acetato às fitas
    metalóides, da plástica do meu primeiro grande mestre rompi barreiras
    e me coloquei entre as grandes competidoras. Tia Nilda, pé quente, em
    seu primeiro desfile na verde e branco pode gritar “é campeã” ao som
    de:
    “Brasil, Brasil, avante meu Brasil
    Vem participar do festival
    Que a Mocidade Independente
    Apresenta neste Carnaval.”
    Meu grande poeta, que me cantou e cantou meus enredos, em
    sambas inesquecíveis foi “Seu” Toco. Nosso maior menestrel, nosso
    lendário compositor.
    Como esquecer Castor Gonçalves de Andrade e Silva? Ele nutriu um
    amor imenso por mim. Depois da Estrela, meu outro maior símbolo é um
    gracioso castorzinho. Castor me acompanhou e me acompanhará
    eternamente por minhas histórias de luta, e afirmação no carnaval.
    Viajando em minhas memórias, vejo a passagem do barroco de
    Arlindo, a Fernando Pinto, com sua antropofagia tupiniquim, fazendo
    valer meu pioneirismo junto a ideia de devorar a cultura brasileira. Na
    avenida, por todos anos 1980, eu me apresentei como uma escola
    colorida, pulsante e já com ares futuristas, por entre abacaxis, milhos e
    bananas. Que tropicália Maravilha! Inovador e irreverente, Pinto, deu-me
    uma roupagem vanguardista. Deu-se início a era da expansão das
    alegorias e tal qual as aves que as davam vida, tomaram juntos seu vôo
    rumo ao sucesso.
    Trouxe temáticas indígenas “Como era Verde meu Xingu, Mamãe
    quero Manaus “, abordando os povos originários, exaltando nossa fauna
    e flora e alertando sobre questões ambientais já nessa época, nesses
    carnavais enfeitei a avenida com “palmeiras, carnaúbas seringais,
    cerrados, florestas e Matagais”. Fui campeã com “um carnaval nas
    estrelas”, contei a história das mulambas, delirei tal qual os delírios dos
    grandes pensantes das artes nos anos 1980. Fiz um Ziriguidum 2001! Fui
    a pioneira em pensar como seria nossos horizontes. O que nos
    aguardava no futuro? Eu o pensei, tendo como base o povo original
    dessas terras, os indígenas. Criei a cidade do futuro: Tupinicópolis!
    Levei índios ao Espaço Sideral. Finquei minha bandeira em outras
    galáxias, planetas, levando o samba para além do planeta Terra. Ousei,
    revirei o mundo do samba. Por essas e outras “modernidades” me
    consideram a mais ousada, a mais revolucionária, a mais irreverente, a
    eterna moça independente, dentre as coirmãs. E por fim… ao se
    despedir com um “Beijim, Beijim”, o artista do tropicalismo disse “bye
    bye Brasil.”
    Com a inesperada morte de Fernando Pinto surgiu, para mim, o
    desafio de encontrar no carnaval uma mente genial tal qual a do
    tropicalista. Assim, na virada da década, como quem vem para fazer
    história, Renato Lage emplacou em seus primeiros anos dois títulos e um
    vice-campeonato. Buscando um carnaval mais moderno e futurista,
    ganhei com ele a fama de High Tech. Nos anos que seguiam, vivi a mais
    sólida e vitoriosa década, ao todo foram três carnavais vitoriosos e
    muitos outros aclamados pelo povo. Das formas e texturas “clean” ao
    uso de cores em neon, sua arte marcou gerações lançando aos olhos e
    ouvidos dos foliões espetáculos singulares como em “Vira Virou”,
    “ChuêChuá”, “Sonhar Não Custa Nada”, “Criador e Criatura” e “Villa-Lobos”, onde com fervor o povo cantava aos gritos:
    “Vila Lobos, é prova de brasilidade
    Sua obra altaneira
    Vem na voz da Mocidade
    Cantando a apoteose brasileira.”
    E sob um céu de lona, risos e euforia, o show estava completo. Com
    “O Grande Circo Místico”, encerrei mais um ciclo de minha grandiosa
    história, abrindo caminho para uma nova época, para um novo momento.
    O ano era 2003 e com ele iniciava-se um novo tempo em verde e
    branco, surgiu um carnaval de esperança, de amor e doação. O que
    parecia ser o início de um novo ciclo na vanguarda, com enredos
    educativos, não se concretizou, e eu teria a minha frente grandes
    desafios. Dos carnavais seguintes, em sua maioria definiam-se pela
    palavra resistência. Vestindo o verde e branco, músicos, artistas
    plásticos, dançarinos e toda a comunidade, ano após ano reviviam
    momentos de desilusão, que se aquietavam perante o amor ao seu
    pavilhão. Neste período celebrei meus 50 anos de história, na qual
    aguerrida minha comunidade me defendia cantando:
    “A vida que pedi a Deus
    A Mocidade me proporcionou
    São 50 anos de história
    Uma linda trajetória
    Lembranças que o tempo não levou,”
    Lembrei do “Quinto Império”, exibi as telas de “Portinari” e fiz uma
    viajem espacial para homenagear Fernando Pinto em
    “Pernambucópolis”, este por sua vez contei com a força da comunidade,
    que por suas mão permitiu que o desfile chegasse a avenida. Tive
    novamente o apoio da família Andrade, ao contar “As mil e uma noites
    de uma ‘Mocidade’ pra lá de Marrakesh”, sagrei-me campeã e desde
    então reencontrei meu lugar no carnaval. Em uma justa homenagem
    cantei Elza Soares, cria, comunidade, diva, Deusa, mulher
    independente, baluarte da mocidade.
    Eu, Mocidade, sou um lugar de memória, amparo e referência, para
    meus torcedores. Sou a identidade de inúmeras pessoas. Elas me
    carregam como seus “sobrenomes”. Minha Velha Guarda é a minha
    memória viva, minha ancestralidade, meus elos com esse e outros
    mundos. Minha porta bandeira, carrega meu símbolo maior, minhas
    aspirações, o que sou e o que quero ser. Meu mestre sala me protege
    com seu bailar. Se minha estrela não estiver representada em meu
    desfile, meus componentes reclamam. Minhas baianas adoecem sem
    mim, vide a pandemia que enfrentamos a pouco, que nos afastou por um
    tempo. Sou o amor maior de meus componentes, desde crianças,
    minhas “estrelinhas” aprendem a me amar. Para essas pessoas sou
    fonte, alegria, remédio e energia vital em suas vidas. Minha certidão de
    Nascimento está na casa de um dos meus pais, Vô Macumba, aquele
    futebolista que encantava com sua habilidade, ao ponto de acharem que
    sua arte futebolística era coisa de “macumba”, guarda e preserva minha
    história na sua casa. Eu cresci muito, mas não seria tão grandiosa sem
    essas pessoas de carne e osso que vivem por mim e me fazem viver.
    Com meu padroeiro São Sebastião sigo com fé, tenho Oxóssi como meu
    protetor e meus tambores batem por ele. Minha bateria nasceu assim,
    diferente, continua até hoje, e permanecerá pela eternidade.
    Nós independentes somos detentores de uma alma despojada e
    aventureira, somos modernos, futuristas, desbravadores. Por nossos
    devaneios nos tornamos únicos, a Mocidade, escola vanguardista,
    pioneira no carnaval. Somos loucos, delirantes, viajantes pelo tempo,
    vamos ao passado, futuro, retornamos, entramos por um lado e saímos
    por outro. O carnaval nos permite esses delírios. Com a arte de estar
    sempre a frente do tempo, das limitações deste mundo, seguimos
    fincando nossas raízes, nosso lugar. Buscamos um futuro brilhante, tal
    qual as estrelas e os astros que iluminam o espaço, avivam e instigam o
    nosso querer independente, que finca estaca e ergue a bandeira, de
    forma pioneira, em qualquer lugar onde quer que vamos, plantando
    nossas raízes, fincando nosso lugar. Sejamos ousados, delirantes,
    revolucionários, mas sempre orgulhosos de nosso passado, da raiz forte
    que plantamos para que os galhos cresçam com independência e
    altivez! Queremos ver, no céu, nossa estrela brilhar… Numa nave
    espacial levar nossos símbolos para iluminar esse e outros (multi)versos.
    “Avançar no tempo
    E nas estrelas fazer meu ziriguidum
    Nos meus devaneios quero viajar
    Sou a Mocidade
    Sou Independente
    Vou a qualquer lugar.

Referências Bibliográficas:

PEREIRA, Bárbara. Estrela que me faz sonhar: Histórias da Mocidade. Rio de Janeiro: Verso Brasil Editora, 2013.

SIMAS, Luiz Antônio. Almanaque de brasilidades: um inventário do Brasil popular. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2018.

ANTAN, Leonardo. Minha Identidade: A Vanguarda Independente, um raio-x da Mocidade. Carnavalize, 2018. Disponível em: http://www.carnavalize.com/2018/01/minha-identidade-vanguarda-independente.html

Primeiro Livro Ata, GRES Mocidade Independente de Padre Miguel.

BAIANAS, Ala. Entrevista concedida a Mauricio Vianna e Giovani Leal. Rio de Janeiro. 02 out. 2022. Acervo Audiovisual.

TRINDADE, Waldyr. Entrevista concedida a Giovani Leal. Rio de Janeiro. 08 e 18 out. 2022. Acervo Audiovisual.

VELHA GUARDA, Ala. Entrevista concedida a Giovani Leal. Rio de Janeiro. 08 out. 2022. Acervo Audiovisual.

GONÇALVES, Bruna. Entrevista concedida a Giovani Leal. Rio de Janeiro. 08 out. 2022. Acervo Audiovisual.

DIOGO, Jesus. Entrevista concedida a Giovani Leal. Rio de Janeiro. 08 out. 2022. Acervo Audiovisual.

DA COMUNIDADE, Membros. Entrevista concedida a Giovani Leal. Rio de Janeiro. 09 out. 2022. Acervo Audiovisual.

LOUZADA, Jorge. Entrevista concedida a Giovani Leal. Rio de Janeiro. 10 out. 2022. Acervo Audiovisual.

PASSISTAS, Ala. Entrevista concedida a Giovani Leal. Rio de Janeiro. 10 out. 2022. Acervo Audiovisual.

DAS GRAÇAS, Maria. Entrevista concedida a Giovani Leal. Rio de Janeiro. 15 out. 2022. Acervo Audiovisual.

DA SILVA, Nilda. Entrevista concedida a Giovani Leal. Rio de Janeiro. 16 out. 2022. Acero Audiovisual.

Departamento Cultural. Material concedido a Giovani Leal. Rio de Janeiro. 13 mar. 2023. Acervo Audiovisual.

Autores do enredo: André Dubóois, Maurício Vianna e Giovani Leal

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