No detalhe. A Rosa Vermelha fez um grandioso Carnaval Virtual em 2020 e não subiu para o Grupo Especial no detalhe. Ficou apenas 3 décimos da tão sonhada vaga no principal grupo. Para 2021, a escola aposta na renovação da equipe que deu muito certo em 2020 e corrigirá esses detalhes que a separou da subida de grupo. Trazendo uma homenagem ao samba paulista, a alvirrubra espera um carnaval bastante equilibrado, visto q o nível da LIESV tem crescido nos últimos anos.
Confira a entrevista cedida pelo presidente, Mateus da Rosa:
1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?
Conhecemos a Liesv atraves de pesquisas na internet, pois tinhamos vontade de criar algo relacionado ao Carnaval e a Liesv apareceu como alternativa
2- Qual a história da sua escola, como foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolos nome?
Foi fundada em 9 de Maio de 2013 por 3 amigos apaixonados pelo Carnaval. O nome Rosa Vermelha vem de uma homenagem a…(completa). As cores são Vermelho, Branco e Dourado e o símbolo é uma Rosa Vermelha
3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?
Nosso enredo é “Tum – Bum Skitum Tum – Bum – Batucada na terra da garoa” uma homenagem ao samba paulista contada em 4 alegorias e aproximadamente 18 alas.
4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?
A equipe da escola se mantém a mesma dos ultimos anos com Mateus da Rosa, ex diretor de Carnaval assumindo a Presidencia e Alexandre Garcia ex presidente assumindo a direção de Carnaval, completam a equipe Victor Farias como Carnavalesco e Claudio Bardelli Jr como Intérprete
5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc
Envie seu samba em MP3, com letra e nome de todos os compositores para os contatos:
051997032789-Mateus
011972178119-Alexandre
Pode enviar quantos sambas quiser, individual ou em parceria
Entregas até o dia: 15/06
Resultado dia: 20/06
6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2021, tanto de vocês quanto das coirmãs?
Um carnaval bastante equilibrado, visto q o nível da Liesv tem crescido nos ultimos anos.
Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Rosa Vermelha para o Carnaval Virtual 2021:
“TUM-BUM SKITUM TUM-BUM – A BATUCADA NA TERRA DA GAROA”
PROPOSTA
O dia 02 de Março de 1962 foi marcado pela publicação, na Folha de São Paulo, do curioso artigo: “Chocalho Sputinik vai estrear no carnaval. No Rio, o bumbo faz “tum-bum”; paulista trabalha mais: “tum-bum skitum tum-bum” tratando justamente da afirmação identitaria do samba paulista. A onomatopeia, aparentemente jocosa, nos mostra a marca principal do entrelace entre a manifestação popular e o meio sócio regional a qual está inserida.
[…] O samba é um dos principais gêneros da música brasileira. Ao longo da história, ele se mostrou extremamente dinâmico, assim como o carnaval, relacionando-se diretamente com as transformações dessa festa. O samba sempre se adaptou a novos cenários sociais e políticos, incorporando novos instrumentos e novas linguagens. […] (SANTANA, 2010).
O samba da terra da garoa carrega em si o gene do próprio espaço em que nasce e vive; uma trajetória rica e extensa com inúmeros valores e significados próprios. Personagens, vivências e resistências que estão enraizadas em cada tom e em cada acorde. São valores ancestrais passados de geração em geração. Um cilo permanente da manutenção identitária de um povo.
[…]
São Paulo de Anchieta
E de João Ramalho
Onde estão teus boêmios,
A sua garoa, cadê seu orvalho?
[…]
(FILME, 1960).
O sambista tem o dever de não deixar o samba morrer; e exaltar o próprio ritmo é perpetuar as sementes plantadas no passado. Contar a história da batucada na terra da garoa e homenagear aos seus imortais é a proposta da Roseira para o carnaval virtual de 2021. Levar para a avenida “Liesviana” um carnaval consistente e rico de valores sentimentais, que nos dará a oportunidade de cantar uma parte da luta histórica de uma gente.
SINOPSE
O canto dos pássaros no arrebol é o coro do cântico negro escravizado na lavoura. O som do coração é a batida da mão no couro do tambor profano, no sagrado calundu. A senzala é terra da saudade, onde a arte de resistir, marcada no tom da pele, marca o tom do batuque. O som da brasilidade mistura marcas de sobrevivência nos cafezais e lembranças dos tempos mátrios no seio africano.
A lida diária nas plantações ou na casa grande criou a base da identidade local misturando muitos mais que o gene físico, mas também os ritos, crenças e costumes. O negro africano ou brasileiro mantinha em volta de si uma visão onde tambores e ostensórios dialogavam entre si, numa dança antropológica cheia de recortes sincréticos.
[…] À noite a igreja não chega para conter as pessoas que acorrem a fim de ouvir a predica. Às nove horas as portas se cerram. As luzes da fachada se apagam. Todavia, há para além muita luz e muito barulho: são os negros a sambarem no barracão ou os “fusos” puxados a sanfona que começam a animar-se. É a festa profana que deve durar até alta madrugada […] (CUNHA, 1937).
Em um período de intensas mudanças politicas e econômicas o ex escravo interiorano passa a recriar os seus calundus de forma folclórica, com muita música, comida, dança e a indispensável manifestação religiosa fervorosamente sincrética. Congadas, Folias de Reis, Moçambiques e Festas do Divino reúnem nas paróquias e matrizes gente de toda parte para os festejos católicos.
As grandes procissões e festejos aconteciam por dias e até semanas; foram então se criado barracões de romeiros, viajantes e sertanejos ex escravos. Formavam como uma espécie de acampamento onde todas aquelas manifestações folclóricas se encontravam e ali entendiam que o batuque do tambor era além de comum a todas, era um traço de sua identidade social e econômica.
Essas grandes festas paroquianas foram um solo fértil para esse encontro e principalmente para a disseminação do, até então, discreto samba rural interiorano paulistano que, através dos romeiros populares e viajantes, ruma para outros lugares.
[…] Os Batuques de Terreiro hoje dançados por todo o Brasil têm suas raízes nos eventos com dança e música que promoviam os escravos fixados na zona rural principalmente – fazendas, engenhos, garimpos – mas também em algumas áreas urbanas, realizadas nos poucos momentos de lazer de que dispunham. […] Com a vinda das populações negras para as cidades, essas danças ancestrais passaram da roça às periferias urbanas […] (DIAS, 1999).
Era um samba rural com características únicas, herdadas dos batuques negros e das manifestações populares que enriqueciam as festividades nas pequenas cidades de interior, que mantinham um ritmo de vida singelo no campo. O êxodo do povo do campo indo para a cidade e o lido com a sociedade nas feiras ou pequenas festas suburbanas, levava o samba mais longe; e passa então residir em núcleos que margeavam a urbe de São Paulo. Aquilombamentos que abrigavam gente de todas as partes, mas que uniam-se para batucar e cantar a vida.
[…] O samba paulista é diferente do samba baiano que se instalou no Rio de Janeiro a partir da casa das “tias”. O samba paulista é mais puxado ao batuque, ao samba de trabalho. Do toco, durão. O samba paulista vem das fazendas de café. O crioulo vindo do interior ia se instalando perto dos locais de trabalho: Jardim da Luz, Barra Funda, Largo da Banana, Praça Marechal, Alameda Glete, Bexiga, Rua Direita, Praça da Sé. […] (MARCOS, 1977).
Com o passar dos tempos e as politicas modernizadoras a cidade de São Paulo começou a se expandir, sufocando as comunidades tradicionais de terreiro e de samba, mas apesar da difícil condição social essas comunidades resistem, se adaptam e continuam fazendo da lida o seu canto. O ritmo urbano, impulsionado também pelos motores industriais cria o novo ambiante para mais uma transformação importante no samba paulista. Que toma um andamento ainda mais rápido e se populariza agora entre a classe operária e suburbana ganhando a sua principal marca moderna.
[…] Os elementos musicais característicos eram a batucada, responsável pela manutenção do ritmo do desfile por meio da execução de instrumentos de percussão e sopro, com destaque para o bumbo, e o chamado choro, grupo responsável pelo acompanhamento melódico e harmônico, com instrumentos de corda, cavaquinho e violão, e também de sopro, como trompete, trombone e saxofone. O ritmo interpretado pelos cordões era a chamada marcha sambada, que mesclava elementos dos sambas rurais paulistas e da marcha”. […] (SANTANA, 2010).
A popularização do rádio e das estações famosas por transmissões de música popular ampliou o gosto paulistano pelo samba e pelas marchas, principalmente em épocas de carnaval. O carnaval das ruas paulistas era marcado por ranchos clássicos, mas que foram perdendo espaço com o surgimento dos primeiros blocos e cordões. Se os ranchos tinham a elite como protagonistas, nos blocos e cordões quem brilhava era o operário, o suburbano, gente que levava o samba para tomar as ruas da cidade. Blocos majoritariamente de negros e pobres passaram a tomar corpo e fama, transformando completamente o ritmo do carnaval no centro da cidade.
Destes blocos começam a crescer as rivalidades e disputas gerando então as primeiras escolas de samba da cidade de São Paulo. Escolas com muita força popular nas camadas mais suburbanas. Grêmios com grande apelo que já faziam carnavais memoráveis e já demonstravam outra grande mudança na folia da terra da garoa.
[…] No fim de 1967, alguns líderes carnavalescos paulistanos, com apoio do radialista Moraes Sarmento, conseguiram que o então prefeito paulistano Faria Lima oficializasse o carnaval de São Paulo. O desfile realizado no Vale do Anhangabaú passou a ter arquibancadas e iluminação adequadas à festa e o concurso entre os grupos deixaria a partir de então de ser organizado por jornais e estabelecimentos comerciais, passando a ser também responsabilidade do poder público. […] (SANTANA, 2010).
As escolas tomam mais força, passam a se organizar e competir. O crescimento das escolas proporciona ao publico grandes desfiles, cheios de emoções e samba; que agora, toma contornos modernos, com inclusão de novos instrumentos e mudanças estruturais. As escolas saem da rua, à beira da informalidade, e ganham seu palco na avenida, um grande passo para a tão sonhada profissionalização. Por este palco, chamado de Grande Otelo, passaram grandes carnavais com sambas memoráveis e disputas acirradas. Passaram sonhos que foram transformados em realidades e que brilharam na passarela, graças a luta de tanta gente.
Tantas batalhas de sambistas imortais que muito lutaram por seus pavilhões e hoje batucam seus sambas em outro plano. O samba em sua origem também é saudosista e exalta aos seus para não degenerar. Engrandecer aqueles que construíram o ontem e o hoje é homenagear a própria essência do ser sambista.
O batuque no céu deve estar bom, de primeira qualidade. O “tum-bum skitum tum-bum” com certeza está sendo tocado com sorrisos largos entre anjos e querubins para nos mostrar que a saudade deve ser transformada em samba, nem que seja virtualmente…
Autor do enredo: Victor Farias