Mantendo sua proposta de irreverência, de fazer um carnaval para brincar, divertir o espectador e fazer galhofa, a Vagalume Sossegado está devidamente inscrita para o Carnaval Virtual 2021, mantendo a base de 2020, mas com algumas novidades. No microfone oficial da agremiação, presidida por João Marcello, teremos Cuca Peretto e André Rangel. Extremamente adianta, a escola já gravou seu samba para 2021 no Estúdio O Balanço em São Paulo.
Confira a entrevista cedida pelo presidente, João Marcello:
1- Como conheceu a LIESV e por que a escolheu?
Conheci a LIESV quando estava no Facebook e vi na página da SASP uma live, que estava rolando eliminatória de samba.
2- Qual a história da sua escola, como foi fundada, qual o motivo, quais as cores, símbolos nome?
Quando cheguei na liga sempre pensei em criar uma escola, tive ideias diferentes, mas nunca saíram do papel, por pouco uma ideia não saiu do papel, até que me juntei com o André e criei a escola. As cores são azul e turquesa, símbolo é um Vagalume e o nome da escola é Vagalume Sossegado.
3- Qual será o enredo da sua escola e como ele será contado na passarela virtual (quantas alas, alegorias e demais elementos)?
“O Trono nosso de cada dia” vamos contar a história do banheiro ao longo dos tempos, maiores informações durante o desfile…
4- Como a equipe da sua escola foi montada e quem faz parte dela?
Eu Joao Marcello, presidente, André Rangel carnavalesco, Bruno Pontes Enredista e André rangel e Cuca Peretto interpretes.
5- E o samba enredo, vai fazer eliminatórias de samba ou vai encomendar? Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc
Se for eliminatórias, quais as regras da disputa, pra onde os compositores devem mandar os sambas e etc?
Vamos encomendar, já está pronto logo, logo, poderão ouvir.
6- O que você e sua escola esperam do Carnaval Virtual 2021, tanto de vocês quanto das coirmãs?
Espero um grande espetáculo das escolas, pois aqui temos grandes artistas.
Confira abaixo a logo e a sinopse do enredo da Vagalume Sossegado para o Carnaval Virtual 2021:
“O trono nosso de cada dia”
INTRODUÇÃO
Oi, tudo bem? Vagalume falando… Eu estou fazendo aquela pausa no banheiro e decidi compartilhar uma história com vocês.
Antes de tudo, um pequeno aviso. Não leia este texto antes ou logo após de almoçar pois não nos responsabilizamos por danos colaterais.
Então vamos lá, número 1: Por um acaso você sabe o que é um vanitas?
Vanitas era um símbolo usado por pintores para lembrar que todos vamos para o mesmo lugar. No caso dos quadros era uma caveira, mas se pararmos pra pensar, podia ser também um vaso sanitário. É como dizia a música “seja rico ou seja pobre, todo mundo vai pro vaso”… ou não era bem assim? Bom, vamos pular isso e ir direto pro numero 2:
SINOPSE
Parando pra pensar, como eram os banheiros nas antigas civilizações que não tinham vasos e nem papel higiênico? Ou como isso acontece lá no Espaço? Poisé, vamos fundo agora para descobrir, descendo bem rápido até a pré história, em 2013 foi encontrado o possível banheiro mais antigo do mundo (incríveis 220 milhões de anos), usado por dinossauros, que assim como os homens das cavernas também escolhiam determinados lugares para depositar suas fezes. Esse estudo de bosta (ou melhor, da bosta) nos permite identificar possíveis hábitos ou doenças desses animais antigos (Dinossauros: comiam salada ou carne? Preferiam Toddy ou Nescau? Nesta Sexta no Globo Repórter!).
Mas avançando na história da humanidade, remontamos a 5 mil anos atrás na Índia (onde se preocupar com o número 2 fez deles o número 1). Os primeiros a se preocupar com essa tarefa, perceberam que seria melhor se os excrementos pudessem ser retirados dali mais rápido e então criaram um tipo de encanamento de terracota (Um tipo de barro, feito para levar o barro pra longe) e despejavam num rio próximo.
Se o destino do tolete não era uma preocupação pros indianos, no antigo Egito, a uns 3.200 A.C. a grande preocupação era a água, a sua fonte de vida. Então decidiram usar o que tinham em maior abundância para assentar a bunda (as areias do deserto). Os banheiros eram parecidos com cadeiras só que com um buraco no meio, só que tudo que as pessoas faziam caiam direto em outro buraco no meio da areia (pior seria se eles também limpassem com a areia, porque aí…). Mas não, na verdade isso tem explicação.
Em certas civilizações era uma ofensa cumprimentar as pessoas com a sua mão dominante. Em alguns lugares era comum usar plantas (de preferência as mais macias) para se limpar, mas em determinados lugares não haviam vegetações desse tipo e o jeito era usar a mão mesmo. Por isso não se cumprimentava com a mão dominante, essa aí era a mão da limpeza.
Meio nojento eu sei, mas é tudo pela informação e pela arte (o incrível é que agora você deve pensar se cumprimenta as pessoas ou é cumprimentado com a mão certa).Desculpa, mas o destino desse enredo é descer ladeira abaixo, então só vai piorando.
Na China, segunda economia do mundo, país de cultura muito antiga, dela veio a primeira ideia de fazer xixi num vaso, mas não um vaso sanitário, só um vaso… Um vaso de porcelana, para você decantar os seus fluidos. Também deles veio a ideia de construir uma casinha com janelas em volta para evacuar melhor o cheiro, mas tinha um detalhe, no mínimo perturbador.
Aviso novamente, se você for rebelde e estiver comendo ou próximo do almoço ou janta enquanto lê, faz um favor. Faz uma pausa, deixa o prato de lado ou adia a hora da comida porque talvez seja melhor pro seu bem estar. (espero que estejam preparados)
Digamos que eles usaram aquela ideia do “Ciclo da vida” (aquela de “Rei Leão”) porque lá na casinha eles não colocaram só um buraco no chão, eles colocavam porcos e enquanto você estava lá no seu momento de reflexão (vocês sabem que porcos comem de tudo né?), então era como se você passasse o fax e o porco recebesse (só que nesse caso os porcos comiam o fax). Apesar de nojenta, é uma ideia bonita de reaproveitamento de um ciclo natural.
Seguindo a história, chegamos aos clássicos de Grécia e Roma, onde havia banheiros comunitários, onde as pessoas entendiam que era normal fazer umas cagadas às vezes. Haviam vários buracos em uma pedra, onde as pessoas podiam confraternizar esse momento, um “Cocoletivo”. Tinham apresentações artísticas, discursos políticos (pra você ver como isso não cheirava bem desde o início), as pessoas comiam e bebiam, enfim tinha de tudo (era como se fosse mexer no celular no banheiro, só que em Live action). Com a diferença que como os romanos eram bem inteligentes, eles usavam os aquedutos e por trás do troninho passava uma água ali pra levar o amiguinho embora pro rio mais próximo. O único problema eram pequenos incidentes que aconteciam, como incêndios por causa da presença de gás metano e como alguns ratos que passavam a frequentar esse “Cocoletivo” e mordiam a poupança das pessoas por ali (foi a primeira vez que o rato viu a lua ali e pensou, “será que é de queijo?”, e mordeu).
Mas parece que na idade média muita coisa regrediu, né? porque as pessoas quase não tomavam banho (de 1 em 1 mês ou às vezes 2 meses), e por vezes nem chegavam a lavar todas as peças de roupa (aquelas roupas de cebola), normalmente só lavavam as roupas de baixo e as de cima ficavam por aí…(então dá pra imaginar como ir no banheiro não era lá uma coisa muito bem pensada). Bom tinham aqueles penicos, que ficavam embaixo da cama e neles as pessoas faziam de tudo, até que chegava a noite e as pessoas simplesmente jogavam o que tinha dentro pela janela. (Ou seja, não era muito bom andar à noite pela rua, imagina você andando, passa por uma janela e do nada, “weeee”).
E isso não era só para os pobres, na verdade os ricos tinham um banquinho com um buraco e um empregado (o garoto do rei) que lhe oferecia o troninho o tempo todo. Além disso, ele tinha a função de limpar a traseira real (tipo criança quando fala assim “Mãeee acabeeeei”). A vantagem era que esses empregados eram íntimos da realeza e quando cresciam se tornavam membros de confiança do rei capazes até de dar pitaco nas decisões reais (da merda ao luxo, afinal era uma relação de confiança porque literalmente “o do rei” estava na reta).
Com o passar do tempo as coisas foram evoluindo e no Séc. XVI foi criado o primeiro protótipo daquilo que viria a ser o vaso de hoje, por um parente próximo da rainha Elizabeth I (que não é a atual rainha não, apesar dela parecer ter essa idade, na verdade foi a sua antecessora, ela até já existia, mas ainda não era rainha). Como era um projeto caro, só a realeza usava e apenas no século seguinte isso foi melhorando.
No séc. XVIII um acontecimento conhecido como “o grande fedor” mudou completamente as noções de higiene da época. Na Inglaterra, tudo que era descartado ia parar no rio Tamisa, dejetos do banheiro, restos de animais abatidos, tudo. Um determinado período fez tanto calor que o rio secou e fez surgir tudo que estava no leito, junto disso subiu aquela marola que bateu forte na cidade. Junto desse grande fedor, muita gente começou a ficar doente e pensaram que era por causa do cheiro (inclusive a rainha quando andava na rua usava uns ramalhetes de flor para afastar o fedor, por medo de se contaminar), mas não era nada disso. Um tempo depois descobriram que era o consumo de água do rio, as pessoas estavam morrendo de Cólera (não, não era a do dragão).
Mas o banheiro como a gente conhece só foi concebido depois com o vendedor John Creeper (que por acaso já tinha nome de cagão), “Creeper’s” assim ficou conhecido o modelo de descarga com aquela cordinha que todo mundo já viu e (já precisou puxar mais de uma vez porque o menino lá não queria descer).
Agora imagina se não tiver pra onde descer, se não tiver gravidade (imagina a água voltando com tudo, flutuando ali, ia ser triste), então como os astronautas fazem?
Normalmente o número 1 é sugado por um cano a vácuo e lançado no espaço, já o número 2 fica armazenado num recipiente que só é descarregado quando voltam para Terra. Em casos extremos que a galera é eficiente e consegue preencher todo o espaço de armazenamento. Nesse caso o recipiente é desacoplado e lançado de volta para a Terra (e nesse caso, você aqui embaixo pensa que se trata de um meteoro, mas pode ficar sossegado que o estrago mesmo já foi feito lá em cima).
Aqui embaixo, é só esperar terminar, que muita sujeira já rolou e parece que ainda vai rolar (o último a sair da avenida, por favor dê descarga!).
Autor do enredo: Bruno Pontes