Em 2024, o Paraíso da Folia contará sobre a “Ferrovia do Diabo”

Nome da Escola:Paraíso da Folia
Data de Fundação:01/11/2009
Cidade/Estado:João Pessoa – PB
Símbolo da Escola:Coroa
Cores da Escola:Azul, Dourado e Branco
Nome do Presidente:João Salles Neto
WhatsApp para Contato:83987066836
Nome do Carnavalesco:Sérgio Razera Júnior
Intérprete:Indefinido
Outros Integrantes:Thiago Tártaro e Tio Hélio – Enredistas
Enredo:Ferrovia do Diabo – A praga branca em um Brasil Caboclo
Autores do Enredo:Thiago Tártaro e Tio Hélio

Eu dormia. E em meu sonho, finalmente meu trabalho seria bem pago e reconhecido. Em meu sonho, trabalhava na empresa que construía uma ferrovia com o nome de Madeira-Mamoré. Nela correria um trem no meio da floresta amazônica. Riqueza, dinheiro, satisfação. Seria esse o Eldorado a mim prometido? Aquela tal de bela epoche dos doutores de Manaus finalmente chegaria pra mim, trabalhador do interior? Tenho certeza que sim. Se não fosse assim, não teria inglês botando grana nisso. Né? Só pode ser. É meu sonho de trabalhador. Não iriam estragar meu sonho de trabalhador… Iriam?

Sim, iriam! Corria o ano de 1912 no estado de Rondônia. Cheguei pro campo de trabalho e o que vi era um inferno verde. Até pra mim, que já morava na Amazônia, o ambiente era caótico. No canteiro da obra da ferrovia, lama. Uma lama que se revirasse, saia até parte de corpo humano de dentro. A noite, minha companheira de sono nas noites caboclas, virava uma ameaça. Os índios, que na redondeza da minha vila eram amigos, aqui armavam tocaia, nos atiravam borduna e flecha. E pra chegarem novos companheiros, tinha que se navegar por um rio cheio de curva brava. As águas dele alagavam a terra, desfaziam o nosso trabalho. Os animais, amigos dos caboclos como eu, aqui são ameaça. Tudo é perigo. Eu acordei do sonho. Mas acordei pra viver o pesadelo.

Achei que meu trabalho me libertaria, mas ele me prendeu. Eu já ouvi falar da tal da Torre de Babel. A Madeira-Mamoré era a Ferrovia de Babel. No sonho da liberdade vieram os alemães, os espanhóis, os chineses, os bolivianos e os barbadianos (se eu entendi bem quando me falaram o nome desse povo que louva uma serpente colorida). Todos enganados, praticamente escravizados, sujos, sem comida, sem pagamento, sofrendo como eu. Os chineses e bolivianos cortavam o mato, os alemães deixavam a terra reta, os espanhóis, barbadianos e nós brasileiros colocavam os trilhos. Era quase uma dança. O baile da morte, regido por sons de música clássica, metal pesado dos trilhos, tiros e zumbidos de mosquito.

E por falar em zumbido, quantas doenças pegamos… Escorpiões envenenavam mais e mais companheiros a cada dia. Sofremos com a água suja de cólera. O trabalho embaixo do sol amazônico queimava a pele dos europeus até assar e não deixar eles se mexerem. Quando se divertiam com “primas”, nasciam perebas pelo corpo, a tal de sífilis. Mas acima de tudo, morriam de malária, a doença de mosquito assassino, zumbidor maldito. Na enfermaria, os médicos falavam um nome estranho: “anófeles”. Se o bicho era anófeles, era um anófeles letal. Estando nas últimas, as vítimas dele deliravam como se estivessem bêbadas. Eram amarradas e enroladas em panos, pra depois morrerem penduradas, como carne no açougue.

E tudo pra satisfazer os doutores da capital Rio de Janeiro. Quem ganhou grana com isso nem sabe apontar a Amazônia no mapa. Um tal de Quá-quá? Farquar? Algo assim, um gringo rico safado. Comprou político, soltou grana e ganhou mais ainda. E o presidente? Parte do esquema. O sonho de ouro, no fim, era deles, não meu.

Pra mim restaram a morte e o tombo, tanto meu quanto da Mad Maria, que é como apelidaram a louca empresa. O sonho dos corruptos da capital foi meu pesadelo caboclo. Alguns foram enterrados na Candelária. Eu e outros tantos fomos enterrados ao lado dos trilhos, que então eram construídos e hoje estão abandonados, enferrujados, cultivando o tétano do nosso fracasso. Meu pesadelo acabou. Sobrou pra mim vagar como alma errante pelos restos da ferrovia da morte. Louca. Louca. Mad Maria.

Regras do Concurso:O G.R.E.S.V. Paraíso da Folia SEMPRE irá investir e acreditar nos talentos da LIESV. Sendo assim, mais uma vez abriremos concurso de samba enredo:
REGRAS PARA CONCURSO DE SAMBA ENREDO DA GRESV PARAÍSO DA FOLIA – LIESV CARNAVAL VIRTUAL 2024
– Data limite para entrega dos sambas: 12/05/2024
– Divulgação do Samba Campeão: 19/05/2024
– Poderá ser feito solo ou em parceria de compositores? SIM
– É necessário envio do áudio com no mínimo uma passada do samba, acompanhado ou não, de instrumentos? SIM
– Cada compositor ou parceria poderá colocar em disputa quantos sambas quiser? SIM
– Todos podem participar? SIM
– Os sambas inscritos só poderão ser divulgados após o fim do prazo de inscrição? SIM
– Enviar o áudio do samba concorrente em formato “.mp3”; acompanhado da letra do samba e nome dos compositores para o Whatsapp 83 98706-6836 (João Salles)
– Sugestão: Compor em primeira pessoa o samba com o trabalhador da ferrovia como protagonista e conter o termo “anófeles letal”.
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